Comments on: Aborto Livre, Sim, Por Favor .././ Porque só o indivíduo tem consciência Sat, 06 Aug 2011 02:00:55 +0000 hourly 1 http://wordpress.org/?v=3.1.3 By: Sergio de Biasi .././comment-page-1/#comment-1342 Sergio de Biasi Sun, 25 Oct 2009 01:28:06 +0000 http://oindividuo.com/?p=623#comment-1342 Oi Luiza, Um aborto já é algo suficientemente traumatizante em si mesmo para que ainda por cima se queira torná-lo ilegal. Punir a mãe então como querem alguns beira a insanidade. Talvez um feto de meses já tenha consciência suficiente para pensar algo não igual a isso aí que você escreveu, mas "algo". Agora, um óvulo recém fecundado certamente não tem. O fato de que o aborto tem um profundíssimo significado psicológico NÃO o torna automaticamente uma agressão a outro ser humano, ESPECIALMENTE logo após a concepção. A grande discussão em torno do aborto é precisamente devida ao fato de que um aglomerado de células NÃO pensa as coisas que você descreveu; se pensasse, poucos discutiriam se aborto deve ou não ser crime. Aliás, embora eu seja contra a criminalização do aborto, eu não sou e não conheço ninguém que seja "a favor" do aborto, no sentido de achar que aborto é bom mesmo, tem mais é que ser feito e não apresenta problema algum. Eu acho que existem circunstâncias em que ele faz sentido, assim como existem circunstâncias em que faz sentido dar um tiro num ladrão que invade sua casa, ou circunstâncias em que faz sentido amputar uma perna. E não, é claro que eu não estou dizendo que um feto é igual a um ladrão ou a uma perna com gangrena. Estou apenas apontando que algo ser indesejável e ruim tomado isoladamente não se torna por isso automaticamente condenável num contexto maior ou, pior ainda, assunto para legislação criminal. Saudações, Sergio Oi Luiza,

Um aborto já é algo suficientemente traumatizante em si mesmo para que ainda por cima se queira torná-lo ilegal. Punir a mãe então como querem alguns beira a insanidade. Talvez um feto de meses já tenha consciência suficiente para pensar algo não igual a isso aí que você escreveu, mas “algo”. Agora, um óvulo recém fecundado certamente não tem. O fato de que o aborto tem um profundíssimo significado psicológico NÃO o torna automaticamente uma agressão a outro ser humano, ESPECIALMENTE logo após a concepção. A grande discussão em torno do aborto é precisamente devida ao fato de que um aglomerado de células NÃO pensa as coisas que você descreveu; se pensasse, poucos discutiriam se aborto deve ou não ser crime. Aliás, embora eu seja contra a criminalização do aborto, eu não sou e não conheço ninguém que seja “a favor” do aborto, no sentido de achar que aborto é bom mesmo, tem mais é que ser feito e não apresenta problema algum. Eu acho que existem circunstâncias em que ele faz sentido, assim como existem circunstâncias em que faz sentido dar um tiro num ladrão que invade sua casa, ou circunstâncias em que faz sentido amputar uma perna. E não, é claro que eu não estou dizendo que um feto é igual a um ladrão ou a uma perna com gangrena. Estou apenas apontando que algo ser indesejável e ruim tomado isoladamente não se torna por isso automaticamente condenável num contexto maior ou, pior ainda, assunto para legislação criminal.

Saudações,
Sergio

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By: luiza .././comment-page-1/#comment-1337 luiza Fri, 23 Oct 2009 17:42:57 +0000 http://oindividuo.com/?p=623#comment-1337 Carta de um Bebê Oi mamãe, tudo bom? Eu estou bem, graças a Deus faz apenas alguns dias que você me concebeu em sua barriguinha. Na verdade, não posso explicar como estou feliz em saber que você será minha mamãe, outra coisa que me enche de orgulho é ver o amor com que fui concebido. Tudo parece indicar que eu serei a criança mais feliz do mundo !!!!!! Mamãe, já passou um mês desde que fui concebido, e já começo a ver como o meu corpinho começa a se formar, quer dizer, não estou tão lindo como você, mas me dê uma oportunidade !!!!!! Estou muito feliz!!!!!! Mas tem algo que me deixa preocupado... Ultimamente me dei conta de que há algo na sua cabeça que não me deixa dormir, mas tudo bem, isso vai passar, não se desespere. Mamãe, já passaram dois meses e meio, estou muito feliz com minhas novas mãos e tenho vontade de usá-las para brincar... Mamãezinha me diga o que foi? Por que você chora tanto todas as noites?? Porque quando você e o papai se encontram, gritam tanto um com o outro? Vocês não me querem mais ou o que? Vou fazer o possível para que me queiram... Já passaram 3 meses, mamãe, te noto muito deprimida, não entendo o que está acontecendo, estou muito confuso. Hoje de manhã fomos ao médico e ele marcou uma visita amanhã. Não entendo, eu me sinto muito bem.... por acaso você se sente mal mamãe? Mamãe, já é dia, onde vamos? O que está acontecendo mamãe?? Porque choras?? Não chore, não vai acontecer nada... Mamãe, não se deite, ainda são 2 horas da tarde, não tenho sono, quero continuar brincando com minhas mãozinhas. Ei !!!!!! O que esse tubinho está fazendo na minha casinha?? É um brinquedo novo?? Olha !!!!!! Ei, porque estão sugando minha casa?? Mamãe !!!! Espere, essa é a minha mãozinha!!!! Moço, porque a arrancou?? Não vê que me machuca?? Mamãe, me defenda !!!!!! Mamãe, me ajude !!!!!!!! Não vê que ainda sou muito pequeno para me defender sozinho?? Mãe, a minha perninha, estão arrancando. Diga para eles pararem, juro a você que vou me comportar bem e que não vou mais te chutar. Como é possível que um ser humano possa fazer isso comigo? Ele vai ver só quando eu for grande e forte..... ai..... mamãe, já não consigo mais... ai... mamãe, mamãe, me ajude... Mamãe, já se passaram 17 anos desde aquele dia, e eu daqui de cima observo como ainda te machuca ter tomado aquela decisão. Por favor, não chore, lembre-se que te amo muito e que estarei aqui te esperando com muitos abraços e beijos. Te amo muito Seu bebê. QUE DEUS TENHA PENA DE NOSSAS ALMAS! Tenhamos consciência. Carta de um Bebê
Oi mamãe, tudo bom?
Eu estou bem, graças a Deus faz apenas alguns dias que você me concebeu em sua barriguinha.
Na verdade, não posso explicar como estou feliz em saber que você será minha mamãe, outra coisa que me enche de orgulho é ver o amor com que fui concebido.
Tudo parece indicar que eu serei a criança
mais feliz do mundo !!!!!!
Mamãe, já passou um mês desde que fui concebido,
e já começo a ver como o
meu corpinho começa a se formar, quer dizer,
não estou tão lindo como você,
mas me dê uma oportunidade !!!!!!
Estou muito feliz!!!!!!
Mas tem algo que me deixa preocupado…
Ultimamente me dei conta de que há algo na sua
cabeça que não me deixa dormir, mas tudo bem,
isso vai passar, não se desespere.
Mamãe, já passaram dois meses e meio, estou muito feliz com
minhas novas mãos e tenho vontade de usá-las para brincar…
Mamãezinha me diga o que foi?
Por que você chora tanto todas as noites??
Porque quando você e o papai se encontram,
gritam tanto um com o outro?
Vocês não me querem mais ou o que?
Vou fazer o possível para que me queiram…
Já passaram 3 meses, mamãe,
te noto muito deprimida, não entendo
o que está acontecendo, estou muito confuso.
Hoje de manhã fomos ao médico e ele marcou
uma visita amanhã.
Não entendo, eu me sinto muito bem….
por acaso você se sente mal mamãe?
Mamãe, já é dia, onde vamos?
O que está acontecendo mamãe??
Porque choras??
Não chore, não vai acontecer nada…
Mamãe, não se deite, ainda são 2 horas da tarde,
não tenho sono, quero continuar brincando
com minhas mãozinhas.
Ei !!!!!! O que esse tubinho
está fazendo na minha casinha??
É um brinquedo novo??
Olha !!!!!! Ei, porque estão sugando minha casa??
Mamãe !!!!
Espere, essa é a minha mãozinha!!!!
Moço, porque a arrancou??
Não vê que me machuca??
Mamãe, me defenda !!!!!!
Mamãe, me ajude !!!!!!!!
Não vê que ainda sou muito pequeno
para me defender sozinho??
Mãe, a minha perninha, estão arrancando.
Diga para eles pararem, juro a você que vou me comportar bem e que não vou mais te chutar.
Como é possível que um ser humano possa fazer isso comigo? Ele vai ver só quando eu for grande e forte…..
ai…..
mamãe, já não consigo mais…
ai…
mamãe, mamãe, me ajude…
Mamãe, já se passaram 17 anos desde aquele dia,
e eu daqui de cima observo como ainda te machuca
ter tomado aquela decisão.
Por favor, não chore, lembre-se
que te amo muito e que estarei aqui te esperando
com muitos abraços e beijos.
Te amo muito
Seu bebê.
QUE DEUS TENHA PENA DE NOSSAS ALMAS!
Tenhamos consciência.

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By: Sergio de Biasi .././comment-page-1/#comment-189 Sergio de Biasi Tue, 25 Aug 2009 08:25:29 +0000 http://oindividuo.com/?p=623#comment-189 Eu fico recorrentemente surpreso em constatar o quanto a solidariedade e empatia a um aglomerado de células pode ser tão inversamente proporcional àquela demonstrada por multidões de pessoas reais e concretas. Mas enfim, ainda bem que tal distorção ética não é universal e torço que caia na obsolescência juntamente com a idéia de que haja algo errado em sexo antes do casamento, ou em transar com alguém do mesmo sexo, ou em usar métodos anticoncepcionais, etc. Aliás, a quantidade de preceitos de comportamento relacionados com sexo pregados pela maior parte das religiões revela muito sobre quão elevadas, espirituais e transcendentes realmente são as preocupações em questão. Eu fico recorrentemente surpreso em constatar o quanto a solidariedade e empatia a um aglomerado de células pode ser tão inversamente proporcional àquela demonstrada por multidões de pessoas reais e concretas.

Mas enfim, ainda bem que tal distorção ética não é universal e torço que caia na obsolescência juntamente com a idéia de que haja algo errado em sexo antes do casamento, ou em transar com alguém do mesmo sexo, ou em usar métodos anticoncepcionais, etc.

Aliás, a quantidade de preceitos de comportamento relacionados com sexo pregados pela maior parte das religiões revela muito sobre quão elevadas, espirituais e transcendentes realmente são as preocupações em questão.

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By: João .././comment-page-1/#comment-188 João Thu, 18 Jun 2009 22:29:14 +0000 http://oindividuo.com/?p=623#comment-188 Aborto? Já ouvi muitos argumentos a favor, mas a minha opinião não muda, independentemente de ser já legal em muitos países: aborto não é apenas um crime, é um crime HEDIONDO, do pior nível possível que conheço por ter sido um acto praticado pela própria mãe! É uma grande monstruosidade, e quem a pratica devia era ser linchado, varrido deste planeta: mulheres, médicos, enfim todos os envolvidos! Não é assim que gostam de criticar os assassinos, ou quem faz mal a crianças indefesas? Pois então tomo a liberdade de resumir a minha opinião: ABORTO É TUDO ISSO JUNTO!!!! Aborto? Já ouvi muitos argumentos a favor, mas a minha opinião não muda, independentemente de ser já legal em muitos países: aborto não é apenas um crime, é um crime HEDIONDO, do pior nível possível que conheço por ter sido um acto praticado pela própria mãe! É uma grande monstruosidade, e quem a pratica devia era ser linchado, varrido deste planeta: mulheres, médicos, enfim todos os envolvidos! Não é assim que gostam de criticar os assassinos, ou quem faz mal a crianças indefesas? Pois então tomo a liberdade de resumir a minha opinião: ABORTO É TUDO ISSO JUNTO!!!!

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By: Sergio de Biasi .././comment-page-1/#comment-187 Sergio de Biasi Fri, 24 Apr 2009 07:05:31 +0000 http://oindividuo.com/?p=623#comment-187 <a href="http://angelodacia.blogspot.com/2008/05/aborto-no-indivduo.html" rel="nofollow">http://angelodacia.blogspot.com/2008/05/aborto-no-indivduo.html</a> http://angelodacia.blogspot.com/2008/05/aborto-no-indivduo.html

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By: K. - Incompletudes .././comment-page-1/#comment-166 K. - Incompletudes Fri, 01 Aug 2008 17:51:10 +0000 http://oindividuo.com/?p=623#comment-166 Não conhecia o blog de vocês, mas, gostei muito! sobre esse assunto, concordo plenamenteo. Não só como mulher, mas como cidadã. O póprio ministério da saúde diz que mais de um milhão de abortos são feitos por ano, e cerca de 70 mil mulheres morrem no mundo, por ano, por consequência de procedimentos mal feitos. No SUS, por exemplo, só no ano passado mais de R$ 33 milhões foram aplicados para o tratamento de complicações. Esse dinheiro poderia ser utilizado, por exemplo, para melhorar a saúde pública e investir na saúde neonatal, que é extremamente precária. As pessoas confundem religião com saúde pública. Vivemos num país realmente laico? Graças a mudança de comportamento do Juduciário, alguns avanços têm acontecido. Como a aprovação das pesquisas com células-tronco embrionárias. Novamente, a igreja tentou "meter" o dedo ali... E, não conseguiu... Vamos torcer para que a questão do aborto vá para o mesmo caminho... e até mesmo em outros aspectos como a eutanásia, que também sou favorável. De quem é o corpo afinal? Do Estado? ou Nosso? Eu sou favorável em todos os âmbitos ao aborto. Se faria ou não, é uma decisão pessoal, mas, deve ser legalizado. :) beijo pra vcs. Não conhecia o blog de vocês, mas, gostei muito!

sobre esse assunto, concordo plenamenteo. Não só como mulher, mas como cidadã. O póprio ministério da saúde diz que mais de um milhão de abortos são feitos por ano, e cerca de 70 mil mulheres morrem no mundo, por ano, por consequência de procedimentos mal feitos. No SUS, por exemplo, só no ano passado mais de R$ 33 milhões foram aplicados para o tratamento de complicações. Esse dinheiro poderia ser utilizado, por exemplo, para melhorar a saúde pública e investir na saúde neonatal, que é extremamente precária.

As pessoas confundem religião com saúde pública. Vivemos num país realmente laico?

Graças a mudança de comportamento do Juduciário, alguns avanços têm acontecido. Como a aprovação das pesquisas com células-tronco embrionárias. Novamente, a igreja tentou “meter” o dedo ali… E, não conseguiu… Vamos torcer para que a questão do aborto vá para o mesmo caminho… e até mesmo em outros aspectos como a eutanásia, que também sou favorável. De quem é o corpo afinal? Do Estado? ou Nosso?

Eu sou favorável em todos os âmbitos ao aborto. Se faria ou não, é uma decisão pessoal, mas, deve ser legalizado.

:)

beijo pra vcs.

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By: Fobofobias e outros neologismos retóricos — O Indivíduo .././comment-page-1/#comment-186 Fobofobias e outros neologismos retóricos — O Indivíduo Sun, 01 Jun 2008 02:20:34 +0000 http://oindividuo.com/?p=623#comment-186 [...] grande parte dos abortofóbicos), Pedro faz alguns comentários e então procede a desconstruir meu texto sobre aborto (tenho uma amiga que diz que sente vontade de fisicamente desconstruir quem começa a falar em [...] [...] grande parte dos abortofóbicos), Pedro faz alguns comentários e então procede a desconstruir meu texto sobre aborto (tenho uma amiga que diz que sente vontade de fisicamente desconstruir quem começa a falar em [...]

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By: Corra que o aborto vem aí — O Indivíduo .././comment-page-1/#comment-185 Corra que o aborto vem aí — O Indivíduo Thu, 29 May 2008 04:03:29 +0000 http://oindividuo.com/?p=623#comment-185 [...] Adaptando uma das conversas que nós, do OrdemLivre.org, tivemos com o Tom Palmer, a primeira coisa que pensei ao ler o Sergio falar em “abortofobia” foi no seguinte diálogo: [...] [...] Adaptando uma das conversas que nós, do OrdemLivre.org, tivemos com o Tom Palmer, a primeira coisa que pensei ao ler o Sergio falar em “abortofobia” foi no seguinte diálogo: [...]

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By: Sergio .././comment-page-1/#comment-184 Sergio Wed, 28 May 2008 14:26:49 +0000 http://oindividuo.com/?p=623#comment-184 Complementando o Lauro acima : E mesmo no caso de pessoas absolutamente responsáveis e cuidadosas, que de fato param pra pensar em gravidez sempre que fazem sexo, como bem observado, no mundo real não temos controle absoluto da situação - métodos anticoncepcionais de fato por vezes falham. É completamente absurda a insinuação (altamente comum e abusada) de que todo aborto seja resultado de irresponsabilidade ou promiscuidade. Complementando o Lauro acima :

E mesmo no caso de pessoas absolutamente responsáveis e cuidadosas, que de fato param pra pensar em gravidez sempre que fazem sexo, como bem observado, no mundo real não temos controle absoluto da situação – métodos anticoncepcionais de fato por vezes falham. É completamente absurda a insinuação (altamente comum e abusada) de que todo aborto seja resultado de irresponsabilidade ou promiscuidade.

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By: Sergio .././comment-page-1/#comment-183 Sergio Wed, 28 May 2008 14:21:29 +0000 http://oindividuo.com/?p=623#comment-183 Comentando o Paulo acima : Essa é uma questão que é complexa. Supondo que o aborto seja permitido, será que o pai precisa aprová-lo? Parece razoável querer pensar que o pai também deveria ter alguma voz no assunto, mas por outro lado supondo que a mãe queira abortar e o pai não, cai-se novamente na posição meio indefensável de coagir a mãe a levar a gravidez adiante. Agora, de fato toda a questão de direitos de paternidade é atualmente muito falha. Muito poucos dispositivos existem em todos os passos do processo para proteger os legítimos direitos e interesses dos pais. Existe toda uma celeuma em torno de o pai ser forçado a assumir a paternidade e a responsabilidade civil por seus filhos, porém quase nenhuma atenção para o caso contrário - de pais que *querem* assumir tal responsabilidade e são impedidos pelas mães. Nos EUA, por exemplo, em grande parte dos lugares nem sequer é uma exigência legal que a mãe informe ao pai que ficou grávida ou que teve um filho dele! Existem histórias terríveis (não incomuns!) de mães que não querem cuidar de seus filhos mas decidem não abortar, então os colocam para adoção, o que em si eu já acho meio trágico, provavelmente mais trágico do que um aborto, mas a parte terrível vem a seguir : ao saber da situação, com freqüência é o caso de que o pai *quer* cuidar do próprio filho (um instinto muito natural, compreensível e nobre). Só que a mãe recusa-se a registrá-lo como pai ou a reverter sua decisão, então o pai tem que assistir desesperado ver seu filho ser entregue a estranhos para adoção. Os procedimentos legais para impedir que isso aconteça são convolutos ou inexistentes; a mãe tem basicamente poder absoluto sobre o assunto e uma vez oficializada a adoção (o que se dá rapidamente no caso de um recém-nascido) revertê-la fica quase impossível. Isso para mim é um buraco do tamanho de um trem na legislação. Existem outros, inclusive mais discutidos (envolvendo por exemplo custódia e sustento em caso de disputa), mas acho que esses exemplos já ilustram bem o ponto de que os direitos de paternidade estão de fato muito mal resolvidos. Comentando o Paulo acima :

Essa é uma questão que é complexa. Supondo que o aborto seja permitido, será que o pai precisa aprová-lo? Parece razoável querer pensar que o pai também deveria ter alguma voz no assunto, mas por outro lado supondo que a mãe queira abortar e o pai não, cai-se novamente na posição meio indefensável de coagir a mãe a levar a gravidez adiante.

Agora, de fato toda a questão de direitos de paternidade é atualmente muito falha. Muito poucos dispositivos existem em todos os passos do processo para proteger os legítimos direitos e interesses dos pais. Existe toda uma celeuma em torno de o pai ser forçado a assumir a paternidade e a responsabilidade civil por seus filhos, porém quase nenhuma atenção para o caso contrário – de pais que *querem* assumir tal responsabilidade e são impedidos pelas mães. Nos EUA, por exemplo, em grande parte dos lugares nem sequer é uma exigência legal que a mãe informe ao pai que ficou grávida ou que teve um filho dele!

Existem histórias terríveis (não incomuns!) de mães que não querem cuidar de seus filhos mas decidem não abortar, então os colocam para adoção, o que em si eu já acho meio trágico, provavelmente mais trágico do que um aborto, mas a parte terrível vem a seguir : ao saber da situação, com freqüência é o caso de que o pai *quer* cuidar do próprio filho (um instinto muito natural, compreensível e nobre). Só que a mãe recusa-se a registrá-lo como pai ou a reverter sua decisão, então o pai tem que assistir desesperado ver seu filho ser entregue a estranhos para adoção. Os procedimentos legais para impedir que isso aconteça são convolutos ou inexistentes; a mãe tem basicamente poder absoluto sobre o assunto e uma vez oficializada a adoção (o que se dá rapidamente no caso de um recém-nascido) revertê-la fica quase impossível. Isso para mim é um buraco do tamanho de um trem na legislação.

Existem outros, inclusive mais discutidos (envolvendo por exemplo custódia e sustento em caso de disputa), mas acho que esses exemplos já ilustram bem o ponto de que os direitos de paternidade estão de fato muito mal resolvidos.

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By: Welberson .././comment-page-1/#comment-180 Welberson Wed, 28 May 2008 12:04:51 +0000 http://oindividuo.com/?p=623#comment-180 3) A posição religiosa é a mesma em relação a óvulos fecundados in vitro, caso em que não há a realização do ato sexual. Neste caso, então, os religiosos têm que necessariamente ser contra a fertilização in vitro, já que para que um único bebê nasça por este processo, uma dezena de embriões é "fabricada" e depois descartada. Ou então, obrigatoriamente TODOS os embriões teriam que ser implantados e todos obrigatoriamente com sucesso, caso contrário a mãe teria que levar a termo uma gravidez de um bebê mostruoso ou ter um natimorto, apenas porque os embriões excessivos jamais poderiam ser descartados em hipótese alguma, já que são um ser humano a partir do primeiro minuto de fertilização. Sou contra o aborto, porque sou contra o sexo desprotegido, mas e quanto a esses embriões que não são fruto de irresponsabilidade? E quanto a essas células congeladas que ainda não são feto, são apenas um aglomerado de células menor que uma unha cortada, e mesmo assim querem fazer parecer que são gente e estão sendo injustiçados e maltratados dentro do vidrinho? E o aborto terapêutico é, a meu ver, uma necessidade. Mulher nenhuma deveria ser coagida a suportar uma gravidez de um feto defeituoso só porque alguém que ela nem conhece acha que ela tem que fazê-lo. Ele vai criar a criança defeituosa? Ele vai apoiar essa mãe quando o menino morrer, algumas horas depois do parto? Mas abortar fetos saudáveis só pelo direito à "privacidade" ou porque se esqueceu de usar camisinha, é ultrapassar os limites da responsabilidade. 3) A posição religiosa é a mesma em relação a óvulos fecundados in vitro, caso em que não há a realização do ato sexual.

Neste caso, então, os religiosos têm que necessariamente ser contra a fertilização in vitro, já que para que um único bebê nasça por este processo, uma dezena de embriões é “fabricada” e depois descartada.
Ou então, obrigatoriamente TODOS os embriões teriam que ser implantados e todos obrigatoriamente com sucesso, caso contrário a mãe teria que levar a termo uma gravidez de um bebê mostruoso ou ter um natimorto, apenas porque os embriões excessivos jamais poderiam ser descartados em hipótese alguma, já que são um ser humano a partir do primeiro minuto de fertilização.
Sou contra o aborto, porque sou contra o sexo desprotegido, mas e quanto a esses embriões que não são fruto de irresponsabilidade? E quanto a essas células congeladas que ainda não são feto, são apenas um aglomerado de células menor que uma unha cortada, e mesmo assim querem fazer parecer que são gente e estão sendo injustiçados e maltratados dentro do vidrinho?
E o aborto terapêutico é, a meu ver, uma necessidade. Mulher nenhuma deveria ser coagida a suportar uma gravidez de um feto defeituoso só porque alguém que ela nem conhece acha que ela tem que fazê-lo. Ele vai criar a criança defeituosa? Ele vai apoiar essa mãe quando o menino morrer, algumas horas depois do parto?
Mas abortar fetos saudáveis só pelo direito à “privacidade” ou porque se esqueceu de usar camisinha, é ultrapassar os limites da responsabilidade.

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By: Lauro .././comment-page-1/#comment-182 Lauro Wed, 28 May 2008 05:08:44 +0000 http://oindividuo.com/?p=623#comment-182 Quanto ao surrado argumento de "para evitar o aborto, não abra as pernas": Sr. Daher, o senhor vive no mundo real? No mundo regido pelas leis da física, sobre o qual o senhor NÃO TEM nenhum poder? Porque é neste o mundo no qual homens e mulheres sexualmente ativos vivem. Para evitar um roubo, não tenha dinheiro. Ah, mas você quer ter dinheiro, não quer? A pessoa que engravida sem querer, seja ela a mulher casada e religiosa ou a mulher não-casada e não-religiosa não tem NENHUM CONTROLE ABSOLUTO sobre sua concepção. Por mais que exista a lógica relação causal entre sexo e procriação, todos sabemos (imagino que o senhor saiba, já que vive no mundo real) que essa relação causal NÃO PASSA PELA CABEÇA das pessoas que fazem sexo NO MOMENTO EM QUE ELAS FAZEM SEXO - não estamos falando especificamente dos casais que fazem sexo com o objetivo primordial de ter um filho, estamos falando da humanidade em geral. Se o senhor pretende que as pessoas sempre pensem no fator "gravidez" sempre que forem fazer sexo... boa sorte na empreitada. Aconselho esperar sentado. Quanto ao surrado argumento de “para evitar o aborto, não abra as pernas”: Sr. Daher, o senhor vive no mundo real? No mundo regido pelas leis da física, sobre o qual o senhor NÃO TEM nenhum poder? Porque é neste o mundo no qual homens e mulheres sexualmente ativos vivem.

Para evitar um roubo, não tenha dinheiro. Ah, mas você quer ter dinheiro, não quer? A pessoa que engravida sem querer, seja ela a mulher casada e religiosa ou a mulher não-casada e não-religiosa não tem NENHUM CONTROLE ABSOLUTO sobre sua concepção. Por mais que exista a lógica relação causal entre sexo e procriação, todos sabemos (imagino que o senhor saiba, já que vive no mundo real) que essa relação causal NÃO PASSA PELA CABEÇA das pessoas que fazem sexo NO MOMENTO EM QUE ELAS FAZEM SEXO – não estamos falando especificamente dos casais que fazem sexo com o objetivo primordial de ter um filho, estamos falando da humanidade em geral.

Se o senhor pretende que as pessoas sempre pensem no fator “gravidez” sempre que forem fazer sexo… boa sorte na empreitada. Aconselho esperar sentado.

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By: Paulo .././comment-page-1/#comment-181 Paulo Wed, 28 May 2008 04:53:31 +0000 http://oindividuo.com/?p=623#comment-181 Há três interesses em jogo. O da mãe abortista, o do feto que deseja nascer, e o do pai que normalmente é solenemente esquecido. Não vejo como seja possível deferir unicamente à mãe o direito de dizer quem tem e quem não tem o direito de viver. Que abuso. Enquanto é feto, e um prolongamento do corpo da mãe; depois que nasce, vira prolongamento do bolso do pai. Nunca vi nenhuma mulher querer abortar um filho do Ronaldinho ou do Mick Jagger... Há três interesses em jogo. O da mãe abortista, o do feto que deseja nascer, e o do pai que normalmente é solenemente esquecido. Não vejo como seja possível deferir unicamente à mãe o direito de dizer quem tem e quem não tem o direito de viver. Que abuso. Enquanto é feto, e um prolongamento do corpo da mãe; depois que nasce, vira prolongamento do bolso do pai. Nunca vi nenhuma mulher querer abortar um filho do Ronaldinho ou do Mick Jagger…

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By: Sergio .././comment-page-1/#comment-179 Sergio Wed, 28 May 2008 02:31:40 +0000 http://oindividuo.com/?p=623#comment-179 Respondendo ao Fernando acima : 1) Eu não concordo com essa afirmativa; certamente é algum tipo de vida, mas discordo que digamos com uma semana de gestação já mereça os mesmo direitos e privilégios de um ser humano pleno. Existem argumentos decentes tanto contra como a favor mas a meu ver os argumentos contra são mais fortes. 2) Um ato ser violento ou mesmo grotesco não é argumento para torná-lo ilegal. Isso é um apelo à irracionalidade. Uma amputação de um membro ou uma operação de apendicite também são atos grotescos e profundamente violentos e poucos duvidam de que possam ser justificados. (Porém interessantemente até mesmo nesses casos esses poucos existem, alegando a inviolabilidade do corpo humano por quaisquer motivos que sejam.) O argumento de "isso é grotesco" é portanto para mim fraco. O argumento realmente importante continua sendo, a meu ver, defender que ali está uma pessoa - seria um ponto muito forte e relevante, mas eu não concordo que seja o caso. Ser esteticamente desagradável, por outro lado, seria irrelevante caso ali não estivesse uma pessoa. Se fosse assim teríamos por exemplo que fechar também todos os abatedouros (e mais uma vez também existem aqueles que defendem exatamente isso...) 3) Bem observado, mas continuo defendendo que a motivação mais profunda para se criar tanta comoção em torno de algomerados de células tem muito mais a ver com teologia e controle psicológico do que com proteger "bebês" reais. Naturalmente que existem pessoas bem intencionadas e generosas no meio disso tudo, mas elas provavelmente gastam seu tempo tentando dar apoio a mães solteiras que resolver não abortar ao invés de perseguindo as que resolvem. (Não estou afirmando que você pertença especificamente a nenhum dos dois grupos, não tenho como saber.) Respondendo ao Fernando acima :

1) Eu não concordo com essa afirmativa; certamente é algum tipo de vida, mas discordo que digamos com uma semana de gestação já mereça os mesmo direitos e privilégios de um ser humano pleno. Existem argumentos decentes tanto contra como a favor mas a meu ver os argumentos contra são mais fortes.

2) Um ato ser violento ou mesmo grotesco não é argumento para torná-lo ilegal. Isso é um apelo à irracionalidade. Uma amputação de um membro ou uma operação de apendicite também são atos grotescos e profundamente violentos e poucos duvidam de que possam ser justificados. (Porém interessantemente até mesmo nesses casos esses poucos existem, alegando a inviolabilidade do corpo humano por quaisquer motivos que sejam.) O argumento de “isso é grotesco” é portanto para mim fraco. O argumento realmente importante continua sendo, a meu ver, defender que ali está uma pessoa – seria um ponto muito forte e relevante, mas eu não concordo que seja o caso. Ser esteticamente desagradável, por outro lado, seria irrelevante caso ali não estivesse uma pessoa. Se fosse assim teríamos por exemplo que fechar também todos os abatedouros (e mais uma vez também existem aqueles que defendem exatamente isso…)

3) Bem observado, mas continuo defendendo que a motivação mais profunda para se criar tanta comoção em torno de algomerados de células tem muito mais a ver com teologia e controle psicológico do que com proteger “bebês” reais. Naturalmente que existem pessoas bem intencionadas e generosas no meio disso tudo, mas elas provavelmente gastam seu tempo tentando dar apoio a mães solteiras que resolver não abortar ao invés de perseguindo as que resolvem. (Não estou afirmando que você pertença especificamente a nenhum dos dois grupos, não tenho como saber.)

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By: Fernando Carneiro .././comment-page-1/#comment-178 Fernando Carneiro Wed, 28 May 2008 00:03:24 +0000 http://oindividuo.com/?p=623#comment-178 1) Um feto não é vida em potencial, nem ser humano em potencial; é vida humana em ato, e um adulto em potencial. 2) O aborto é um ato bastante violento, veja fotos ou videos de abortos realizados. Você me parece bastante sensível às violências contra as mulheres impedidas de abortar - impedimento legal - e contra você - comentários incivilizados, mas bastante insensível à violência de um aborto. 3) A posição religiosa é a mesma em relação a óvulos fecundados in vitro, caso em que não há a realização do ato sexual. Civilizadamente, Fernando 1) Um feto não é vida em potencial, nem ser humano em potencial; é vida humana em ato, e um adulto em potencial.

2) O aborto é um ato bastante violento, veja fotos ou videos de abortos realizados. Você me parece bastante sensível às violências contra as mulheres impedidas de abortar – impedimento legal – e contra você – comentários incivilizados, mas bastante insensível à violência de um aborto.

3) A posição religiosa é a mesma em relação a óvulos fecundados in vitro, caso em que não há a realização do ato sexual.

Civilizadamente,

Fernando

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By: Sergio .././comment-page-1/#comment-177 Sergio Tue, 27 May 2008 21:39:37 +0000 http://oindividuo.com/?p=623#comment-177 Para alívio cômico, reproduzo acima o comentário seguinte do sujeito que acha que a solução para a questão do aborto é "não abrir as pernas". Certo... provavelmente deve ser também a favor de legislação obrigando todas as moças em idade fértil a usarem cinto de castidade com chave depositada numa repartição pública e só liberada com exibição da certidão de casamento - e mesmo assim só para o marido. Segundo ele, a reação apropriada a opiniões das quais discorda é uma "surra de gato morto". (Não dá pra não rir, pelo menos a criatividade está sendo estimulada.) Quem foi que disse certa vez que para determinar se um grupo é radical / fanático / perigoso ou não, olhar para seu grau de truculência é em geral bem mais informativo do que olhar para suas lindas idéias? É altamente irônico (e patético) que com freqüência os heróicos defensores de glóbulos de células humanas indefesas não demonstrem um décimo da civilidade ao lidarem com pessoas reais. Para alívio cômico, reproduzo acima o comentário seguinte do sujeito que acha que a solução para a questão do aborto é “não abrir as pernas”. Certo… provavelmente deve ser também a favor de legislação obrigando todas as moças em idade fértil a usarem cinto de castidade com chave depositada numa repartição pública e só liberada com exibição da certidão de casamento – e mesmo assim só para o marido.

Segundo ele, a reação apropriada a opiniões das quais discorda é uma “surra de gato morto”. (Não dá pra não rir, pelo menos a criatividade está sendo estimulada.)

Quem foi que disse certa vez que para determinar se um grupo é radical / fanático / perigoso ou não, olhar para seu grau de truculência é em geral bem mais informativo do que olhar para suas lindas idéias? É altamente irônico (e patético) que com freqüência os heróicos defensores de glóbulos de células humanas indefesas não demonstrem um décimo da civilidade ao lidarem com pessoas reais.

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By: Rafael Daher .././comment-page-1/#comment-176 Rafael Daher Tue, 27 May 2008 20:48:45 +0000 http://oindividuo.com/?p=623#comment-176 "Não concordo com quase nada do que é dito no texto linkado, mas pelo menos se trata de uma contra-argumentação civilizada." Não, isso não merece contra-argumentação. No máximo, um bom chiste ou uma surra de gato morto, interrompida apenas no primeiro miado do gato. “Não concordo com quase nada do que é dito no texto linkado, mas pelo menos se trata de uma contra-argumentação civilizada.”

Não, isso não merece contra-argumentação. No máximo, um bom chiste ou uma surra de gato morto, interrompida apenas no primeiro miado do gato.

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By: Sergio .././comment-page-1/#comment-175 Sergio Tue, 27 May 2008 19:13:28 +0000 http://oindividuo.com/?p=623#comment-175 Sobre o link fornecido pelo Christian, acima : Não concordo com quase nada do que é dito no texto linkado, mas pelo menos se trata de uma contra-argumentação civilizada. Alguns argumentos, porém, são para mim muito fracos, como por exemplo, discutir se alguém que seja contra o aborto ser ilegal comeria ou não um feto. Isso não prova nada; eu também não comeria um cachorro e não acho que por isso então a vida de um cachorro seja tão valiosa quanto a de um ser humano. Mas a afirmação que eu mais considero importante questionar é que "o principal argumento" dos que defendem a legalidade do aborto seja o direito de controle da mãe sobre seu corpo. A forma como o aborto foi legalizado nos EUA foi completamente tortuosa, apelando para argumentos que concordo serem completamente falaciosos, como "o direito à privacidade". Para mim, a legalidade do aborto não tem nada a ver com a privacidade. Para mim, a questão principal na discussão da legalidade do aborto - e eu coloco essa posição claramente em meu artigo - é decidir se um feto deve ou não ser considerado um ser humano para efeitos legais, e no caso afirmativo, a partir de quando. Ressalto mais uma vez que para mim essa não é uma questão científica, pois "humanidade" não é algo que se possa medir com um termômetro. Outra observação que eu gostaria de fazer é que são duas coisas completamente diferentes defender a legalidade de realizar abortos versus defender abortos. Isso deveria ser absolutamente claro e óbvio, e de fato não é difícil encontrar mulheres que *jamais* fariam um aborto mas que enxergam isso como uma decisão pessoal que não têm o direito de impor a mais ninguém. Contudo, assim como no questão de legalização das drogas, qualquer um que levante essa bandeira motivado por questões de princípio, empatia ou respeito à liberdade alheia é imediatamente confundido (inconscientemente ou como dispositivo retórico) com defensor incondicional e entusiástico da atividade em si. Como se quem acha que adultério não deva mesmo ser crime se tornasse então automaticamente entusiasta da infidelidade conjugal. Essas tentativas de impor uma visão particular de moral a força a toda uma sociedade são perniciosas e totalitárias. O poder de coação do governo é extremamente perigoso e não deve ser usado levianamente para proibir tudo aquilo de que não gostamos e muito menos ainda para forçar as pessoas a serem boazinhas segundo nossos critérios. Sobre o link fornecido pelo Christian, acima :

Não concordo com quase nada do que é dito no texto linkado, mas pelo menos se trata de uma contra-argumentação civilizada.

Alguns argumentos, porém, são para mim muito fracos, como por exemplo, discutir se alguém que seja contra o aborto ser ilegal comeria ou não um feto. Isso não prova nada; eu também não comeria um cachorro e não acho que por isso então a vida de um cachorro seja tão valiosa quanto a de um ser humano.

Mas a afirmação que eu mais considero importante questionar é que “o principal argumento” dos que defendem a legalidade do aborto seja o direito de controle da mãe sobre seu corpo. A forma como o aborto foi legalizado nos EUA foi completamente tortuosa, apelando para argumentos que concordo serem completamente falaciosos, como “o direito à privacidade”. Para mim, a legalidade do aborto não tem nada a ver com a privacidade. Para mim, a questão principal na discussão da legalidade do aborto – e eu coloco essa posição claramente em meu artigo – é decidir se um feto deve ou não ser considerado um ser humano para efeitos legais, e no caso afirmativo, a partir de quando. Ressalto mais uma vez que para mim essa não é uma questão científica, pois “humanidade” não é algo que se possa medir com um termômetro.

Outra observação que eu gostaria de fazer é que são duas coisas completamente diferentes defender a legalidade de realizar abortos versus defender abortos. Isso deveria ser absolutamente claro e óbvio, e de fato não é difícil encontrar mulheres que *jamais* fariam um aborto mas que enxergam isso como uma decisão pessoal que não têm o direito de impor a mais ninguém.

Contudo, assim como no questão de legalização das drogas, qualquer um que levante essa bandeira motivado por questões de princípio, empatia ou respeito à liberdade alheia é imediatamente confundido (inconscientemente ou como dispositivo retórico) com defensor incondicional e entusiástico da atividade em si. Como se quem acha que adultério não deva mesmo ser crime se tornasse então automaticamente entusiasta da infidelidade conjugal.

Essas tentativas de impor uma visão particular de moral a força a toda uma sociedade são perniciosas e totalitárias. O poder de coação do governo é extremamente perigoso e não deve ser usado levianamente para proibir tudo aquilo de que não gostamos e muito menos ainda para forçar as pessoas a serem boazinhas segundo nossos critérios.

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By: Mauro .././comment-page-1/#comment-174 Mauro Tue, 27 May 2008 18:56:58 +0000 http://oindividuo.com/?p=623#comment-174 Acho que minha contribuição não vale 5 centavos, mas cá está ela: http://eradogelo.blogspot.com/2008/05/aborto.html Acho que minha contribuição não vale 5 centavos, mas cá está ela:
http://eradogelo.blogspot.com/2008/05/aborto.html

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By: Christian Rocha .././comment-page-1/#comment-173 Christian Rocha Tue, 27 May 2008 18:11:00 +0000 http://oindividuo.com/?p=623#comment-173 Meus cinco centavos para o debate: http://gropius.org/2007/05/16/refutando-o-abortismo/ Meus cinco centavos para o debate: http://gropius.org/2007/05/16/refutando-o-abortismo/

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