A Convoluta e Perversa Farsa da Vida Acadêmica

March 3rd, 2009 by Sergio de Biasi

Falemos agora de uma das grandes farsas em nossa sociedade : o sistema acadêmico.

Em quase todas as sociedades modernas no mundo desenvolvido, somos *forçados* a passarmos aproximadamente dos 7 aos 17 anos, dez dos mais ricos e produtivos anos de nossas vidas, como escravos do estado.

Em geral não enxergamos isso dessa forma porque existe excessivo condicionamento social e em geral aceitamos como normal o que percebemos como onipresente, mas historicamente isso não é nem um pouco normal. E adicionalmente, digo eu, nem um pouco saudável.

A reação mais automática a essa afirmação provavelmente é de argumentar que não existe qualquer escravidão envolvida. Agora vejam, essa processo não é opcional para começar. E além disso ele não consiste meramente em se requerer que sejam feitos certos testes ou preenchidos certos fomulários; é preciso dar expediente, na verdade é preciso basicamente dedicar sua vida a isso por 10 anos! Ao mesmo tempo, o estado nos diz o que *tem* que ser ensinado, o que *não pode* ser ensinado, por quantas horas, por quem, onde, etc, etc. Em que isso difere de escravidão? Então o processo todo já começa de forma errada.

Mas fica muito pior.

Uma fração absurda do “conhecimento” “ensinado” nas “escolas” é simplesmente falso. Mesmo que fosse majoritariamente correto, é apresentado de uma tal forma que os alunos não têm a menor condição de assimilar. E ainda bem que não têm, e de fato não o fazem, porque é quase tudo completamente irrelevante.

Voltemos à primeira afirmação.

Uma parcela substancial dos “fatos” ensinados na escola está simplesmente errado. Falso. Não corresponde à verdade. Isso é em parte por incompetência, ignorância, desinteresse e desleixo dos “professores”, mas também é em grande parte resultado das ementas serem decididas através de processos administrativos e políticos que inevitavelmente esbarram em compromissos e negociações completamente desconectadas de considerações acadêmicas. Porém, até mesmo esses fatores são apenas acessórios. Ensinar coisas erradas é absolutamente fundamental para cumprir a principal função da escola, que é desligar o senso crítico das pessoas. Não existe qualquer tentativa real de fazer com que os alunos saiam da escola “sabendo” o que se pretendia ensinar ali. A única coisa que um aluno precisa fazer é ano após anos seguir ordens para não falar, não pensar independentemente, não subverter a autoridade, repetir obediente coisas das quais discorda ou que não compreende. E pronto, é basicamente “libertado” para seguir com sua vida. Para a quase totalidade dos alunos, responder a perguntas em um teste corresponde a descobrir que coisas ele deve escrever para mais eficientemente ser deixado em paz. Não tem absolutamente nada a ver com aprender nada.

Isso fica patentemente e pateticamente evidente se começarmos a verificar, entre os cidadãos adultos que nos rodeiam e que passaram todos por esse sistema, se ficou algo de toda essa overdose de “cultura” registrado em seus cérebros. Exceto para aqueles que têm interesse pessoal ou profissional em determinados assuntos, em geral absolutamente nada ficou. Quando temos 8 anos de idade, teoricamente estudamos por exemplo a história do Egito antigo. Algum cidadão normal saberia dizer qualquer coisa sobre isso? No segundo grau, estudamos a química envolvida no processo de extração de energia da glicose para produção de ATP. Respondemos isso em provas. Alguém realmente sabe isso? É tudo uma grande pantomima. Em geral, nem sequer os próprios professores que falam desses assuntos estão realmente capacitados a explicar (ou entender) a pesquisa científica que levou a essas conclusões, ou a sua relevância. Vira tudo uma enxurrada de factóides e incongruências que o ser humano médio faz muito bem em ignorar tanto quanto possível.

Mas uma coisa fica – o condicionamento a seguir automaticamente a autoridade, a não questionar cânones oficiais, e a completa inutilidade e futilidade de se preocupar ou tentar buscar o que é realmente verdade. Ninguém no sistema se importa com o que realmente seja verdade. A lição que fica é “Diga obedientemente que 2+2=5 ou terá sua cara comida por ratos.” (Vide “1984″.) Isso é desfigurante tanto do ponto de vista intelectual como moral.

Poderíamos esperar ou pelo menos torcer que isso mudasse em níveis mais “superiores” de ensino. Numa graduação, num mestrado, quem sabe num doutorado. Ou indo mais longe, se colocarmos ressalvas às possibilidades de lugares como PUC, UFRJ ou Unicamp, quem sabe em Stanford, ou Harvard, ou Princeton, ou Columbia.

Infelizmente, a farsa é mais bem produzida, mas é a mesma.

A maioria absoluta das teses e artigos produzidos pelo sistema nunca jamais será lido por ninguém. E ainda bem, pois são produzidos mecanicamente diante da pressão de publicar alguma coisa, qualquer coisa, para justificar o título de “cientista”. Nesta pressa toda, ter algo original e relevante sobre o que escrever é mero detalhe, então os textos são vezes demais repetições de banalidades, especulações aleatórias e desinformadas, vazios de conteúdo, impenetravelmente obtusos (freqüentemente como forma de defesa contra uma análise crítica), ou simplesmente errados.

No meio dessa confusão, um ser humano dotado de senso crítico e conhecimento da área ainda consegue, com razoável esforço, defrontado com um inchamento completamente artificial da literatura, ignorar o lixo e se concentrar no que exibe algum conteúdo aproveitável. Mas a maior parte é absolutamente delirante.

É mais ou menos como quase qualquer jornal. É possível (mesmo assim não infalivelmente) comprar o jornal do dia para saber o horário do cinema ou que temperatura fez ontem em Nova York, mas não espere que a seleção de notícias seja na sua quase totalidade minimamente relevante ou que os jornalistas em geral saibam do que estão falando. Afinal de contas, o jornal tem que ser publicado haja ou não algo útil para dizer; o espaço entre os anúncios tem que ser preenchido com alguma coisa.

O mesmo ocorre na maior parte dos departamentos de pós-graduação. É preciso defender teses, é preciso ir a congressos, é preciso publicar. Quando seu emprego depende disso, pode ter certeza de que coisas serão escritas.

Devemos então fechar os departamentos de pós-graduação? Bem, a farsa é grande mas é como em todo o resto da sociedade. Não é maior do que a que encontraríamos em média no fórum, num consultório médico, ou numa paróquia. Se meu carro não pega quase nunca eu posso jogar ele fora mas a não ser que eu tenha meios para comprar outro carro estarei pior do que antes. Poderíamos então tentar consertar o sistema, ou substituí-lo por outro. E até me parece que haja sistemas mais e menos piores. Só que qualquer sistema terá que ser projetado para lidar com a eventualidade (i.e. certeza) de ser composto primordialmente de pessoas dispostas a conjuntamente e universalmente conspirarem para fazer tudo errado. E infelizmente, quem determina qual é o sistema não são em geral anjos e santos, mas ainda mais pessoas. Voltamos então ao tema comum nesta grande farsa : o problema não é realmente o sistema. O problema são as pessoas.

26 Responses to “A Convoluta e Perversa Farsa da Vida Acadêmica”

  1. Diego says:

    “Quando temos 8 anos de idade, teoricamente estudamos por exemplo a história do Egito antigo. Algum cidadão normal saberia dizer qualquer coisa sobre isso? No segundo grau, estudamos a química envolvida no processo de extração de energia da glicose para produção de ATP. Respondemos isso em provas. Alguém realmente sabe isso? É tudo uma grande pantomima. Em geral, nem sequer os próprios professores que falam desses assuntos estão realmente capacitados a explicar (ou entender) a pesquisa científica que levou a essas conclusões, ou a sua relevância.”

    1) Essa falha não é da escola, é nossa. As crianças japonesas precisam aprender milhares de sinais ideográficos e pronúncias especiais só para terem o privilégio de ler em sua própria língua, coisa que qualquer ocidental que tenha pisado em uma escola tomaria por garantido. Será que nós não podemos aprender uns poucos fatos sobre o Egito Antigo? Eu sei mais sobre os presidentes americanos do que sobre os presidentes da República Velha porque me interessei mais por aquele assunto do que por este. Será que a Escola (com “e” maiúsculo e tudo) deve ser responsabilizada pelos meus gostos ou por eu não ter estudado História do Brasil com mais empenho? O que é necessário é aumentar o rigor do sistema educacional e criar formas de avaliação e sanção mais duras e eficazes.
    2) Mesmo que os professores escolares não sejam capazes de entender a pesquisa que levou às descobertas ensinadas, os responsáveis pela criação do currículo são. É justamente para isso que existe um currículo obrigatório: para que os fatos mais importantes sejam registrados e ensinados. Se não fosse assim, só Einstein poderia ensinar Física (aliás, dizem que ele não era um professor particularmente bom), só Mendel ensinaria Biologia (aliás, ele nem sequer conseguiu o certificado que o habilitaria a ensinar), etc.
    3) A relevância das matérias ensinadas é auto-evidente (ou autoevidente? a Reforma Ortográfica não é culpa da Escola): a respiração é um processo biológico importantíssimo, o Antigo Egito foi uma das grandes civilizações da Antiguidade, etc.
    4) Sem um sistema centralizado de educação como o que temos, a preservação e transmissão do conhecimento das sucessivas gerações seriam impraticáveis e uma Sociedade como a nossa- baseada no aumento dramático da especialização dos indivíduos- seria simplesmente impossível. O retrocesso econômico e cultural seria devastador.
    5) Além disso, é pouco realista falar do muito que esquecemos dos nossos anos nos bancos escolares sem dar o devido valor ao muito que conservamos deles: ler e escrever (exceto para aqueles que fomos alfabetizados em casa); calcular; gramática (sem a Escola, não saberíamos o que é uma silepse ou como usá-la); alguns conhecimentos de química e física; disciplina e dedicação para alcançar resulatados (a aprovação), etc. No final, a Escola fez por nós- ou pela maioria de nós- muito mais do que jamais poderemos fazer para retribuir.

  2. Carla says:

    E haverá pessoas que não conseguirão atingir seu raciocínio…
    Quanto à escola, seria ótimo que ela fosse frequentada por pessoas livres que quisessem estudar Egito Antigo ou Química e por professores estudiosos, porém, infelizmente, não vislumbro isso no horizonte.
    Apesar disso sou uma defensora da escola pública e de que ela passe por uma reforma (sobretudo os professores).
    Muito bom lê-lo.

  3. Grammar says:

    Me parece que você está sendo excessivamente pessimista em relação à escola. Ao meu ver o problema está na centralização excessiva do conteúdo ensinado, mas é um fato que não é possível que todos os pais eduquem seus filhos pessoalmente em todos os campos essenciais do conhecimento (ninguém poderia trabalhar, e filhos de analfabetos fatalmente permaneceriam analfabetos). O problema é que os pais não têm escolha quanto ao programa que eles julgam essenciais (e as crianças jamais poderiam decidi-lo por si próprias).

    Quanto ao problema do meio acadêmico, ele é em parte causado por incentivos artificiais à produção acadêmica. Se todas as bolsas fossem financiadas por instituições diretamente interessadas no resultado da pesquisa (mesmo que fossem estatais), haveria menos ruído na produção acadêmica. E menos jovens desperdiçariam suas energias neste hospício.

  4. Pedro Sakaguchi says:

    Assino em baixo, Biasi.
    Você deveria escrever com maior freqüência, seus textos são sempre bons.
    (Poderia dar uma melhorada no template do blog também, hein?)

  5. Arthur says:

    Excelentes argumentos, Sérgio. Concordo plenamente. Eu sempre tive problemas com escolas, tanto com o conteúdo passado quanto com as pessoas com quem era obrigado a conviver. A escola serve para ocupar os filhos enquanto os pais estão no trabalho, é uma creche.

    Depois de um tempo, o estudante só pensa em decorar o que é obrigado para se livrar do conteúdo mesmo. Mas isso acaba criando um conceito na mente das pessoas de que o conhecimento que existe é sempre naqueles moldes, já que é passado de um modo maçante e sem sentido. Por isso pessoas se dizem “traumatizadas” com Física ou Matemática ou outra disciplina, e isso pode acabar influeciando toda a sua vida, quando poderiam descobrir que o conhecimento na área pode ser fascinante.

    Citar como exemplo o Japão para justificar um maior rigor no ensino é, no mínimo, absurdo. O país, famoso pela “disciplina” dos seus estudantes, tem taxas altíssimas de suicídos entre os jovens; e o resultado são pessoas massificadas e sem expressão, preocupadas em conseguir sua vaga na multinacional e o “respeito” da sociedade. Não admira que pais japoneses estejam enviando seus filhos para estudarem fora do país, para que não passem por isso.

    Abraços,
    Arthur

  6. Diego says:

    1) Prova que é perfeitamente possível fazer com que as crianças aprendam um monte de fatos complicados para a vida inteira; não fosse assim, a língua japonesa já teria desaparecido da face da terra. Sem falar no incrível desempenho de vários países orientais nos testes internacionais graças à ênfase governamental em educação e, especialmente, a uma longa tradição de apoio ao ensino. É muito bonito falar em “dignidade humana”, mas a infância é incompatível com dignidade: as crianças estão sob as ordens dos adultos, tem pouco ou nenhum controle material sobre suas próprias vidas e, em última instância, estão sob proteção do Estado. O controle da Escola sobre eles é uma extensão do controle dos adultos e do Estado sobre eles. Sanções realmente duras contra os estudantes relapsos, os professores incompetentes e os pais negligentes resolveriam muitos dos problemas educacionais.
    2) Um currículo representa o conhecimento que a Sociedade acha indispensável transmitir às futuras gerações e, portanto, só pode ser decidido no mais alto nível, pelas pessoas com as melhores credenciais acadêmicas. Uma vez selecionados os fatos, quaisquer pessoas de posse dos fatos podem transmití-los aos pupilos.
    3) A importância das matérias ensinadas é auto-evidente, mas como não dá para transformar as crianças em egiptólogos, físicos nucleares, etc., alguém com as credencias acadêmicas adequadas precisa selecionar os fatos mais importantes. Deixar essas decisões aos professores, seria dar mais valor ao julgamentos dos menos qualificados; deixar essas decisões aos alunos seria suicídio civilizatório. É simplesmente absurdo falar em “cada um deve ser livre para aprender e estudar o que quiser” se esse “cada um” trata de meras crianças. Como escreveu Galbraith, em uma sociedaden justa, a falta de dedicação não pode ser uma opção para as crianças. Assim como os adultos tomam pelas crianças muitas decisões que elas não tem maturidade ou conhecimento para tomar, o Estado toma as decisões sobre o currículo obrigatório para o bem delas.
    4) Querer educar as pessoas para que elas não sejam um fardo para a Sociedade não tem absolutamente nada a ver com idéias soviéticas: os puritanos americanos e os prussianos, entre outros, foram pioneiros em leis e métodos para educar as massas muito antes de existir a URSS. No entanto, a ênfase soviética no ensino nos mostra que o investimento em educação e pesquisa traz grandes dividendos às nações que os fazem- mesmo quando elas são governadas por sistemas caducos e atrasados- como as grandes façanhas tecnológicos soviéticas e a resistência contra o invasor nazista provaram.
    5) “Se a escola não tomasse à força todo o nosso tempo e ainda por cima nos forçasse a repetir mecanicamente por anos uma maçaroca enciclopédica de ‘conteúdos’ inúteis, irrelevantes e freqüentemente errados, teríamos muito mais oportunidade e disposição de buscar conhecimento de verdade.”
    A escola não toma todo o nosso tempo. E os conteúdos, de modo geral, não são nem inúteis, nem irrelevantes nem errados.
    Sugiro que leia os textos de Heather Mac Donald sobre educação (por exemplo, http://www.city-journal.org/html/8_2_a1.html).

  7. Joel Silva says:

    Bem…

    O seu texto possui muitos pontos dos quais eu concordo. O sistema público de educação possui sim problemas graves. Realmente acho que por muito tempo estudamos coisas das quais jamais faremos uso em nossa vida real. Mas em partes também sou obrigado a concordar com o Diego, onde ele diz que uma criança não possui maturidade suficiente para tomar as decisões mais sábias. Uma vez que você conceda a criança (inicio da idade escolar: 6 ou 7 anos) o poder de decisão sobre o que estudar, é grande a probabilidade de que ela escolha não estudar NADA e resolva ir BRINCAR.
    Eu mesmo, quando criança pequena, queria mesmo era me divertir e o ensino vinha apenas como algo que minha mãe me obrigava a obter. Porém após amadurecer e perceber a real necessidade do conhecimento, pude me aplicar melhor ao que me interessava.
    O importante, na minha opinião, é apresentar a criança em sua vida escolar inicial, os pontos básicos e essênciais dos mais diversos ramos do conhecimento e após um certo avanço educacional e de maturidade, permitir a estes indivíduos a escolha do que desejam estudar em maior profundidade. Isso na realidade já ocorre em alguns países mais desenvolvidos, onde além da grade padrão existe a possibilidade do aluno escolher o seu direcionamento educaconal.
    Deveríamos enxugar o currículo básico ao mais prático e cotidiano e deixar a área mais especializada do conhecimento para o estudante decidir por qual caminho se enveredar. Uma reforma educacional seria muito bem vinda. Mas também não podemos idealizar um anarquismo educacional, onde a criança nega a autoridade dos adultos, se julgando apta a tomar todas as suas decisões individualmente.

  8. Joel Silva says:

    Caro Sérgio,

    Concordo com este seu comentário, aliás, muito bem elaborado. Apenas gostaria de atentar para o fato que em momento algum concordei com o colega Diego quanto ao fato de que a “infância é incompatível com dignidade”.
    Concordo plenamente quanto ao fato de a criança necessitar de raciocínio crítico e ser formulador de opinião, e não apenas um cego manipulado seguidor da “autoridade”. Apenas acho que uma criança solta a própria vontade, não terá um efeito muito diferente do qual as nossas escolas produzem atualmente.
    Como você disse, a ação dos pais no contexto educacional da criança está visívelmente precário, onde eu acredto que esteja a maior parte do problema. E sim, de fato a escola, principalmente no que tange as fases iniciais de ensino funciona como Creche, onde os pais deixam os filhos por precisarem trabalhar.
    Acredito que uma reformulação drástica no sistema de ensino precisaria ser realizada. Na qual teríamos uma maior participação dos pais no processo, e os professores deveriam ser apenas “agentes auxiliadores”, de forma a instigarem na criança o desejo pelo conhecimento e a capacidade de pensar por sí própria.
    Quando se fala em autoridade, principalmente a autoridade governamental, concordo que pouco se faz pelo ensino e que o que o Governo realmente quer é apenas mais um cidadão encaixado na sociedade por eles criada e mantida através de varias maneiras de coação, inclusive o sistema de ensino.
    O caminho é sim a capacidade crítica individual, e a escola tem pecado gravemente no alcance deste objetivo.
    Mas o problema vai muito mais além, pois a educação esta inserida no contexto de sociedade, e envolve questões de ética, moral etc.
    Na verdade o tema em questão é muito amplo, e na minha opinião, de excelente análise.

    Saudações,
    Jeol

  9. Andre Kenji says:

    No Brasil não sei se há pressão para publicar. Há professores que você dificilmente acha alguma coisa…

  10. Henrique Santos says:

    Bom artigo.

    Gostaria de saber se há atualmente algum país ou lugar onde não exista um currículo obrigatório (acredito que no Brasil seja obrigatório, certo?) para o ensino fundamental e médio ?

    Do meu ensino fundamental e médio lembro poucas coisas:

    geografia: discussão político ideológica esquerdista, “a culpa de tudo é dos EUA”

    história: leitura/cópia de textos, sempre usando aqueles livros que tentam reunir toda a história. nunca me foi indicado algum livro que tratasse somente de um assunto (por exemplo a Guerra do Paraguai).

    literatura: classificação. isto é barroco, isto é cordel, etc.. nunca foi lido um poema. tive apenas uma aula de métrica e não entendi.

    Me formei em Engenharia Elétrica da Computação, atualmente trabalho com programação de computadores. Digo que com relação à parte de computação/programação o curso foi muito fraco, o que sei aprendi lendo livros da biblioteca e que comprei. Com relação à parte de matemática e física, foi muito forte, ainda lembro de como deduzir quase todas as derivadas (daquela tabela que as pessoas utilizam) a partir do cálculo de limite infinitesimal…

  11. Luiz Tarciso says:

    Vivemos um mundo essencialmente burocratizado e a escola não foge a esta ditadura. Em meu conceito, a escola ideal seria aquela que acolhesse as crianças num espaço lúdico e, a partir da espontaneidade das crianças, assistidas e estimuladas por pedagogos, fosse um ambiente facilitador do aprendizado – a partir do interesse manifesto da criança e não impingido conceitos abstratos e inúteis em sua esmagadora maioria. De outras formas mais adequadas às faixas etárias dos estudantes, algo equivalente poderia ser aplicado na sequência dos estudos até a licenciatura, bacharelado, mestrado, doutorado e outras progressões acadêmicas. A curiosidade é inata ao ser humano mas esta é, infelizmente, dinamitada pelo vigente sistema burocrático e despersonalizado.

  12. Jun Shimada says:

    Nem tudo são lástimas, Sergio. O sistema todo é mal feito e frequentado por canalhas e burros dos mais variados tipos. Não quer dizer que não haja gente séria e competente tentando trazer questionamentos à educação.
    Claro que há aqueles questionamentos direcionados guiados por ideologias específicas. Mas nem tudo está perdido, nem tudo é o sistema e ele não dá conta de tudo. Entre as malhas da rede há sempre um vazio onde a gente se coloca e puxa o fio e deixa o caos tomar conta.

  13. Lucas says:

    “Para a quase totalidade dos alunos, responder a perguntas em um teste corresponde a descobrir que coisas ele deve escrever para mais eficientemente ser deixado em paz. Não tem absolutamente nada a ver com aprender nada.”

    Desculpe o comentário séculos depois, mas achei a frase acima ótima. Acho que eu sempre fui bom em provas porque tinha uma consciência total de que não devia tentar “entender” a materia, nem perder tempo fazendo um bilhão de vezes os mesmos exercícios, mas adivinhar o que o professor estava pensando ao fazer a prova. E como eu sempre gostei muito de ficar quieto no meu canto, estudando as minhas coisas, dediquei bastante energia a me tornar o mais eficiente possível em fazer as pessoas me deixarem em paz. Deu certo.

    Gostei muito do seu blog, parabéns.

    • Oi Lucas,

      Pois é, aprender e ir bem em provas são dois esforços completamente separados, e em alguns casos até mesmo opostos no sentido em que habilidades diferentes e por vezes até contraditórias entre si precisam ser desenvolvidas. Não *deveria* ser assim, mas na maior parte dos contextos acadêmicos, demonstrar independência de pensamento numa prova leva ao desastre. E isso ocorre até mesmo em áreas perfeitamente objetivas como matemática ou química. Topei diversas vezes com professores reprovando alunos por não *entenderem* como eles havia resolvido as questões.

      Saudações,
      Sergio

  14. Diego,

    1) Você quer argumentar que a falha não é da escola, e então aponta que no Japão as crianças aprendem coisas muito mais complicadas. Isso supostamente prova… o quê? Que as crianças japonesas são mais “interessadas”? Ou que as escolas japonesas são melhores? Ou que qualquer um tem mais interesse em aprender rudimentos de sua própria língua do que história do Egito antigo? Você está realmente dizendo que as pessoas devem ser forçadas a aprender seja lá o que algum burocrata federal delirar que é “autoevidentemente” importante, e se não demonstrarem suficiente entusiasmo, sofrerem “sanções” suficientes? Ou talvez as “sanções” sejam para os professores? Que beleza de sistema isso iria produzir. Opa, pensando bem é o sistema atual. Para mim é absolutamente claro que não existe nenhum sistema compatível com a liberdade e dignidade individuais exceto cada um ser livre para aprender e estudar o que quiser. E fora algumas coisas muito básicas como saber ler e escrever, a habilidade de funcionar socialmente não é nem um pouco afetada por nada disso. A prova mais cabal é que as pessoas *de fato* não sabem nada disso quando adultas e estão muito bem, obrigado. Não saber nada sobre os antigos presidentes do Brasil não o está impedindo de fazer nada relevante. E forçar as pessoas a “aprender” é impossível para começar. No máximo pode-se forçá-las a repetir o que você está dizendo, e isso é claramente totalitário e opressivo. Aliás, grande parte das crianças talvez nem sequer concorde com muitas das coisas que seus professores estão dizendo. As quais aliás constantemente estão erradas.

    2) A idéia de que um burocrata possa escolher os conteúdos e então “professores” que não entendem realmente aquilo ali possam passar o “conhecimento” adiante é completamente bizarra. É impossível “ensinar” coisas que você não entende. Vira uma farsa absurda. E o argumento sobre Einstein e Mendel é péssimo, eu não disse que os professores deveriam todos serem capazes de reinventarem a ciência que ensinam, eu disse que eles deveriam compreendê-la. Talvez só Einsteins consigam conceber a teoria da relatividade, mas uma vez concebida, muitos mais conseguem compreendê-la. Claro que muitos mais ainda conseguem “repeti-la”, mas isso é estéril e intelectualmente desfigurante. Principalmente para quem está ouvindo e é forçado a repetir uma salada de “fatos” desconexos. Forçar as pessoas a aceitarem tais “fatos” como verdadeiros e relevantes com base somente na “autoridade” do professor é precisamente tudo que o sistema educacional não deveria fazer.

    3) Você deveria se decidir se a relevância dos assuntos é tão auto-evidente que não precisa de justificativa ou se é um assunto tão elevado que somente os burocratas federais têm preparo para avaliá-la. No ponto anterior você acabou de argumentar que não é um problema que os professores não sejam capazes de entender a relevância e significado do que estão ensinando. Agora você diz que a relevância é auto-evidente. Isso é completamente incoerente, e aliás, eu discordo de ambos. Eu acho que não é nem um pouco auto-evidente, e que precisamente por isso os professores *precisam* saber julgar por si mesmos. Uma parte substancial do processo de ensino é (ou deveria ser) explicar os motivos pelos quais aquilo ali tem alguma relevância. O caso é que a quase totalidade dos currículos de primeiro e segundo grau não tem qualquer relevância. Ninguém precisa entender o metabolismo da glicose para respirar, e o Egito Antigo é supremamente irrelevante 99% do tempo. Isso é tudo uma grande perda de tempo. Tão grande que a maioria esmagadora das pessoas continua não sabendo nada sobre nada disso e não faz qualquer falta.

    4) Em primeiro lugar, o argumento de que “você seria mais socialmente útil se fosse treinado para saber x” é para mim perverso e totalitário. Isso é precisamente a idéia soviética de como a sociedade deve ser organizada. Em segundo lugar, retrocesso econômico e cultural? É o sistema atual que causa retrocesso econômico e cultural. As pessoas *já não sabem* as coisas que teoricamente deveriam estar “aprendendo” à força. Se fossem deixadas livres para buscarem e cultivarem conhecimentos sobre as coisas com as quais realmente se importam, aí sim talvez houvesse um grande renascimento econômico e cultural.

    5) “Sem a escola, não saberíamos o que é uma silepse,ou como usá-la”??? Essa afirmação beira o surreal. Para começar, a quase totalidade das pessoas não conseguiria definir o que é uma silepse nem sob tortura, e estou falando de pessoas que foram à escola e responderam isso numa prova. Mas mais do que isso, aposto que as pessoas que de fato *sabem*, assim como as que sabem ler e escrever direito, não o sabem por causa da escola e sim apesar dela. O conhecimento está aí, e principalmente em tempos modernos, amplamente acessível. Se a escola não tomasse à força todo o nosso tempo e ainda por cima nos forçasse a repetir mecanicamente por anos uma maçaroca enciclopédica de “conteúdos” inúteis, irrelevantes e freqüentemente errados, teríamos muito mais oportunidade e disposição de buscar conhecimento de verdade. E eu duvido muito que aqueles que não usariam essa oportunidade estejam aprendendo alguma coisa na escola.

  15. Oi Carla,

    Para mim o principal e mais importante defeito com a escola é ela ser obrigatória. Isso é uma violência totalitária absurda que na verdade praticamente impede que as escolas sejam boas ou que qualquer reforma funcione.

    Sobre Egito Antigo ou química, grande parte das pessoas, realisticamente, não tem qualquer interesse nesses assuntos. E nem eu acho que teriam qualquer obrigação de ter. Eu, por exemplo, não tenho qualquer interesse no resultado do carnaval. Odiaria ter que responder isso numa prova. Sendo que para funcionar socialmente, a falta deste último conhecimento provavelmente será mais sentida do que os primeiros dois, que novamente, realisticamente, não fazem absolutamente qualquer falta para o ser humano médio. Tentar forçar todo mundo a aprender essas coisas é uma proposição esdrúxula e inviável, e que além disso impede que as ensinemos para aqueles que realmente gostariam de aprender.

    Sobre haver escolas “públicas” no sentido de criar mecanismos sociais que permitam que qualquer um interessado em freqüentar uma escola possa ter acesso a uma, aí eu já tendo a concordar com você. Mas não por força de lei, e não para aprender o que o governo mandou.

    Saudações,
    Sergio

  16. Oi Grammar,

    Note, eu estou falando contra a escola nos moldes em que ela funciona na prática. Não estou dizendo que todos (ou sequer a maioria) dos pais teria condição de educar seus filhos eles mesmos. E em princípio eu até seria a favor de programas de educação pública (i.e. que buscassem permitir que todo mundo interessado em estudar freqüentasse alguma escola e que buscassem incentivar que isso de fato acontecesse).

    Agora, um sistema de ensino obrigatório e não opcional no qual ainda por cima você tem que aprender aquilo que o governo mandou, isso é uma farsa opressiva é só pode dar em bobagens.

    Quanto ao meio acadêmico superior, é mesmo um hospício. A pressão para publicar é de fato absurda, e gera distorções gravíssimas. Infelizmente pesquisa é algo de longuíssimo prazo e de proveito econômico imprevisível exceto em grandíssima escala, então existem cada vez menos fontes de financiamento para pesquisa básica, especialmente num mundo em crise econômica. O resultado é que a maior parte da pesquisa é mesmo financiada pelo governo, com todas as distorções que isso acarreta. Mas nesse caso eu não sei direito o que fazer. Sem o governo financiando, a pesquisa básica essencialmente cessaria, especialmente no Brasil. E embora o cidadão médio passe perfeitamente bem sem saber nada de ciência fundamental, especialmente nos limites do conhecimento, a indústria, a tecnologia e diria eu até a civilização como um todo não passam. É como limpar as privadas. Não é preciso que todos participem do processo, mas alguém tem que fazer. Por mais que me desagrade, não sei no momento como manter isso funcionando sem o governo.

    Saudações,
    Sergio

  17. Oi Pedro,

    Ah, o tempo investido em ficar melhorando o template tiraria esforço de outras coisas. :-)

    Saudações,
    Sergio

  18. Oi Artur,

    Sim, além de tudo a escola serve de creche. Argh, se começarmos a pensar em todos os outros problemas não acadêmicos que a escola tem, vai mais um post inteiro. Os “inspetores”, as “psicólogas”, as “orientadoras educacionais”, o “coordenador de série”, a convivência forçada… é uma estrutura muito concretamente prisonal, e dizer que isso “socaliza” as crianças e as integra à sociedade é o mesmo que dizer isso sobre ir para um presídio. É uma experiência absurdamente opressiva, distorcida e moralmente e emocionalmente desfigurante. Aliás, a escola provavelmente é pior do que uma prisão, porque além disso é também intelectualmente desfigurante. Numa prisão pelo menos não existe uma lavagem cerebral contínua e diária para regurgitar acriticamente e à força quaisquer coisas que o sistema (ou o “professor”) sonhar que você “tem” que saber.

    É já que você falou no assunto, é mesmo muito triste ver a quantidade de pessoas que “odeiam” matemática. A matemática é uma das áreas em que um ser humano consegue mais claramente perceber o poder do pensamento lógico e de sua própria capacidade de raciocinar, em que mais diretamente se pode observar a possibilidade de atingir verdades universais que não dependem da autoridade ou concordância de ninguém.

    Lamentavelmente, a matemática é ensinada de uma forma completamente alucinada, sem qualquer vestígio de coerência, relevância ou sentido, concentrando-se em tecnicalidades completamente arbitrárias e passando totalmente ao largo das grandes idéias por trás de formalizações burocráticas as quais só surgiram como ferramenta para melhor descrever e organizar aquilo de que realmente se quer falar. Guarda-se a caixa de papelão e joga-se fora a televisão. E então você tem que decorar o número de série estampado na caixa e responder na prova.

    Abraços,
    Sergio

  19. Diego,

    Eu não vou escrever refutando cada um dos seus pontos porque quem entre outras coisas afirma que “infância é incompatível com dignidade” deve claramente ser deixado beeeeeeeem longe de qualquer decisão que envolva ensino, ou crianças.

    “Sanções duras contra estudantes relapsos”??? Claramente não adianta sequer tentar explicar quão absurdamente desumanizante é punir as pessoas por não pensarem o que você mandou elas pensarem.

    Publico sua resposta principalmente para ilustrar o tipo de atitude que produz sistemas completamente errados como o que temos. Para quem se pergunta como é possível as coisas serem do jeito que são, a resposta está aí. Em um número excessivo de pessoas pensando sequer 10% disso aí.

    Ah, e sim, embora você não perceba, os conteúdos são na sua maior parte absolutamente inúteis, completamente irrelevantes, e muito mais vezes do que seria minimamente razoável, simplesmente errados. A escola cumpre uma função social completamente diferente da que você imagina que ela cumpra. É pior do que ela ser a maneira errada de fazer a coisa certa. Ela é a maneira certa de fazer a coisa errada.

    Saudações,
    Sergio

  20. Caro Joel,

    Para começar, existe uma diferença gigantesca entre os *pais* de uma criança decidirem que ela ainda não tem plena autonomia para gerenciar sua própria vida versus o *governo* decidir isso e à força impor uma certa forma de fazer as coisas. Adicionalmente, existe uma outra gigantesca diferença entre qualquer um temporariamente e provisoriamente exercer esse papel de tutor versus afirmar que “infância é incompatível com dignidade”. O fato de coisas irrelevantes estarem sendo ensinadas empalidece diante das distorções morais e intelectuais que derivam de elas serem ensinadas à força.

    Aliás, dada a forma como funcionam as escolas, com a exceção de coisas muito básicas como aprender a ler (a qual aliás todas as pessoas cultas que eu conheço aprenderem em casa e não na escola) as crianças estariam MUITO melhor brincando do que 90% do tempo que estão em “aulas”. Isso seria MUITO melhor para elas em quase todos os aspectos : emocionalmente, socialmente, intelectualmente.

    O fato é que as famílias (mesmo as que têm dinheiro) não têm tempo ou disposição de passar qualquer quantidade decente de tempo com os próprios filhos. Então não sabem o que fazer com eles e os depositam em escolas. Mas se para as famílias é esse o papel das escolas, então as escolas deveriam ser como grandes creches, nas quais a criança não fosse forçada a fazer quase absolutamente NADA mas na qual houvesse livros, e computadores, professores disponíveis para responder perguntas e tentando engajá-las em conversas e interações inteligentes. Professores incompetentes naturalmente não teriam qualquer sucesso nisso. Precisamente como já é atualmente. Com a diferença de que quem quisesse aprender algo teria a oportunidade de aprender.

    Note, para mim é absolutamente claro que embora você possa *forçar* as pessoas a fazerem coisas concretas como escovar os dentes (com a ressalva de que pra mim seja óbvio que mesmo nesses casos esse não é o melhor jeito de fazer as coisas), no caso do ensino isso é completamente inútil. Aliás, pior do que ínútil. Você pode eletrocutar uma pessoa e o máximo que vai atingir com isso é ela desistir de ter uma opinião e começar a repetir o que você disse. Em casos extremos você vai simplesmente quebrar o senso crítico dela e ela vai passar a dizer *qualquer coisa* simplesmente para você parar de atormentá-la. Esse é um sistema absurdo e desprezível ao qual eu me oponho tanto quanto é possível alguém se opor a alguma coisa. Fazer alguém repetir “fatos” não porque você convenceu as pessoas de que sejam mesmo fatos, e sim com base somente na sua “autoridade”, é emocionalmente, moralmente e intelectualmente desfigurante.

    Finalmente, sobre não podermos “idealizar um anarquismo educacional, onde a criança nega a autoridade dos adultos, se julgando apta a tomar todas as suas decisões individualmente”, ao falar isso você chegou ao que é provavelmente o ponto mais fundamental e mais importante de toda a questão. Minha visão do que se deve pretender atingir com a escola é PRECISAMENTE produzir pessoas que neguem a autoridade dos “adultos” e se julguem aptas a tomar todas as suas decisões individualmente. Somente pessoas com essa atitude estarão capacitadas a aprender qualquer coisa.

    Ao invés disso existe uma legião de pessoas tentando construir um sistema que faça precisamente o oposto. Que destrua completamente a iniciativa pessoal e instile uma submissão fanática à “autoridade”. Quem meramente repete coisas que uma “autoridade” disse sem compreender os motivos pelos quais aquilo seja verdade ou relevante não aprendeu realmente coisa alguma e ainda teve danificada sua capacidade de aprender qualquer coisa no futuro.

    Saudações,
    Sergio

  21. Oi Andre,

    Concordo que não costumava haver, mas recentemente isso está ficando cada vez mais forte, a ponto de na maior parte dos cursos de pós-graduação nas melhores universidades estar virando um requisito para sequer se formar…

    E para quem já é professor, o governo vem há anos seguindo na direção de uma política cada vez mais agressiva de considerar o número e “relevância” de publicações ao dar bolsas e financiamento…

    Saudações,
    Sergio

  22. Henrique,

    Não sei dizer se existe algum país considerado minimamente civilizado/desenvolvido onde não exista currículo obrigatório. Mesmo nos países nos quais você não é forçado por lei a mandar seus filhos para a escola (que tendem a ser a exceção), você continua sendo forçado a educar seus filhos seguindo as mesmos parâmetros curriculares que as escolas. Aliás, quase universalmente, as crianças educadas em casa costumam ter resultados (em testes padronizados por exemplo) muito superiores às que são mandadas para escolas. (Note, não estou falando das crianças que simplesmente não vão à escola e pronto, estou falando das que são educadas em casa e seguem as regras do governo para serem testadas para ver se estão mesmo sendo educadas, em geral pelos pais, sendo que freqüentemente isso ocorre por motivos mais religiosos do que acadêmicos.)

    Sobre primeiro/segundo grau : sim, pois é, é completamente ridículo. É uma perda de tempo absurda. Na universidade em geral se aprende bem mais, mas novamente, a meu ver, nem tanto por mérito do sistema, mas porque chegamos num ponto em que de fato estamos interessados no que está sendo dito e além disso (bem mais do que antes pelo menos) estamos escolhendo aquele caminho e queremos chegar a algum lugar com aquilo.

    Saudações,
    Sergio

  23. Pois, como sempre, e universalmente, quando olhamos a questão mais detidamente, verificamos que o problema *mesmo* (assim como qualquer esperança de algo melhor) não está no sistema, e sim nas pessoas que o compõem.

Leave a Reply