Comments on: A Convoluta e Perversa Farsa da Vida Acadêmica .././ Porque só o indivíduo tem consciência Sat, 06 Aug 2011 02:00:55 +0000 hourly 1 http://wordpress.org/?v=3.1.3 By: Sergio de Biasi .././comment-page-1/#comment-1750 Sergio de Biasi Thu, 03 Dec 2009 17:52:27 +0000 ../../../../.././?p=234#comment-1750 Oi Lucas, Pois é, aprender e ir bem em provas são dois esforços completamente separados, e em alguns casos até mesmo opostos no sentido em que habilidades diferentes e por vezes até contraditórias entre si precisam ser desenvolvidas. Não *deveria* ser assim, mas na maior parte dos contextos acadêmicos, demonstrar independência de pensamento numa prova leva ao desastre. E isso ocorre até mesmo em áreas perfeitamente objetivas como matemática ou química. Topei diversas vezes com professores reprovando alunos por não *entenderem* como eles havia resolvido as questões. Saudações, Sergio Oi Lucas,

Pois é, aprender e ir bem em provas são dois esforços completamente separados, e em alguns casos até mesmo opostos no sentido em que habilidades diferentes e por vezes até contraditórias entre si precisam ser desenvolvidas. Não *deveria* ser assim, mas na maior parte dos contextos acadêmicos, demonstrar independência de pensamento numa prova leva ao desastre. E isso ocorre até mesmo em áreas perfeitamente objetivas como matemática ou química. Topei diversas vezes com professores reprovando alunos por não *entenderem* como eles havia resolvido as questões.

Saudações,
Sergio

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By: Lucas .././comment-page-1/#comment-1748 Lucas Thu, 03 Dec 2009 17:20:46 +0000 ../../../../.././?p=234#comment-1748 "Para a quase totalidade dos alunos, responder a perguntas em um teste corresponde a descobrir que coisas ele deve escrever para mais eficientemente ser deixado em paz. Não tem absolutamente nada a ver com aprender nada." Desculpe o comentário séculos depois, mas achei a frase acima ótima. Acho que eu sempre fui bom em provas porque tinha uma consciência total de que não devia tentar "entender" a materia, nem perder tempo fazendo um bilhão de vezes os mesmos exercícios, mas adivinhar o que o professor estava pensando ao fazer a prova. E como eu sempre gostei muito de ficar quieto no meu canto, estudando as minhas coisas, dediquei bastante energia a me tornar o mais eficiente possível em fazer as pessoas me deixarem em paz. Deu certo. Gostei muito do seu blog, parabéns. “Para a quase totalidade dos alunos, responder a perguntas em um teste corresponde a descobrir que coisas ele deve escrever para mais eficientemente ser deixado em paz. Não tem absolutamente nada a ver com aprender nada.”

Desculpe o comentário séculos depois, mas achei a frase acima ótima. Acho que eu sempre fui bom em provas porque tinha uma consciência total de que não devia tentar “entender” a materia, nem perder tempo fazendo um bilhão de vezes os mesmos exercícios, mas adivinhar o que o professor estava pensando ao fazer a prova. E como eu sempre gostei muito de ficar quieto no meu canto, estudando as minhas coisas, dediquei bastante energia a me tornar o mais eficiente possível em fazer as pessoas me deixarem em paz. Deu certo.

Gostei muito do seu blog, parabéns.

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By: Sergio de Biasi .././comment-page-/#comment-382 Sergio de Biasi Tue, 25 Aug 2009 08:28:51 +0000 ../../../../.././?p=234#comment-382 Pois, como sempre, e universalmente, quando olhamos a questão mais detidamente, verificamos que o problema *mesmo* (assim como qualquer esperança de algo melhor) não está no sistema, e sim nas pessoas que o compõem. Pois, como sempre, e universalmente, quando olhamos a questão mais detidamente, verificamos que o problema *mesmo* (assim como qualquer esperança de algo melhor) não está no sistema, e sim nas pessoas que o compõem.

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By: Jun Shimada .././comment-page-1/#comment-381 Jun Shimada Thu, 18 Jun 2009 18:19:54 +0000 ../../../../.././?p=234#comment-381 Nem tudo são lástimas, Sergio. O sistema todo é mal feito e frequentado por canalhas e burros dos mais variados tipos. Não quer dizer que não haja gente séria e competente tentando trazer questionamentos à educação. Claro que há aqueles questionamentos direcionados guiados por ideologias específicas. Mas nem tudo está perdido, nem tudo é o sistema e ele não dá conta de tudo. Entre as malhas da rede há sempre um vazio onde a gente se coloca e puxa o fio e deixa o caos tomar conta. Nem tudo são lástimas, Sergio. O sistema todo é mal feito e frequentado por canalhas e burros dos mais variados tipos. Não quer dizer que não haja gente séria e competente tentando trazer questionamentos à educação.
Claro que há aqueles questionamentos direcionados guiados por ideologias específicas. Mas nem tudo está perdido, nem tudo é o sistema e ele não dá conta de tudo. Entre as malhas da rede há sempre um vazio onde a gente se coloca e puxa o fio e deixa o caos tomar conta.

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By: Luiz Tarciso .././comment-page-1/#comment-380 Luiz Tarciso Sat, 14 Mar 2009 16:07:54 +0000 ../../../../.././?p=234#comment-380 Vivemos um mundo essencialmente burocratizado e a escola não foge a esta ditadura. Em meu conceito, a escola ideal seria aquela que acolhesse as crianças num espaço lúdico e, a partir da espontaneidade das crianças, assistidas e estimuladas por pedagogos, fosse um ambiente facilitador do aprendizado - a partir do interesse manifesto da criança e não impingido conceitos abstratos e inúteis em sua esmagadora maioria. De outras formas mais adequadas às faixas etárias dos estudantes, algo equivalente poderia ser aplicado na sequência dos estudos até a licenciatura, bacharelado, mestrado, doutorado e outras progressões acadêmicas. A curiosidade é inata ao ser humano mas esta é, infelizmente, dinamitada pelo vigente sistema burocrático e despersonalizado. Vivemos um mundo essencialmente burocratizado e a escola não foge a esta ditadura. Em meu conceito, a escola ideal seria aquela que acolhesse as crianças num espaço lúdico e, a partir da espontaneidade das crianças, assistidas e estimuladas por pedagogos, fosse um ambiente facilitador do aprendizado – a partir do interesse manifesto da criança e não impingido conceitos abstratos e inúteis em sua esmagadora maioria. De outras formas mais adequadas às faixas etárias dos estudantes, algo equivalente poderia ser aplicado na sequência dos estudos até a licenciatura, bacharelado, mestrado, doutorado e outras progressões acadêmicas. A curiosidade é inata ao ser humano mas esta é, infelizmente, dinamitada pelo vigente sistema burocrático e despersonalizado.

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By: Sergio de Biasi .././comment-page-1/#comment-358 Sergio de Biasi Mon, 09 Mar 2009 15:29:37 +0000 ../../../../.././?p=234#comment-358 Henrique, Não sei dizer se existe algum país considerado minimamente civilizado/desenvolvido onde não exista currículo obrigatório. Mesmo nos países nos quais você não é forçado por lei a mandar seus filhos para a escola (que tendem a ser a exceção), você continua sendo forçado a educar seus filhos seguindo as mesmos parâmetros curriculares que as escolas. Aliás, quase universalmente, as crianças educadas em casa costumam ter resultados (em testes padronizados por exemplo) muito superiores às que são mandadas para escolas. (Note, não estou falando das crianças que simplesmente não vão à escola e pronto, estou falando das que são educadas em casa e seguem as regras do governo para serem testadas para ver se estão mesmo sendo educadas, em geral pelos pais, sendo que freqüentemente isso ocorre por motivos mais religiosos do que acadêmicos.) Sobre primeiro/segundo grau : sim, pois é, é completamente ridículo. É uma perda de tempo absurda. Na universidade em geral se aprende bem mais, mas novamente, a meu ver, nem tanto por mérito do sistema, mas porque chegamos num ponto em que de fato estamos interessados no que está sendo dito e além disso (bem mais do que antes pelo menos) estamos escolhendo aquele caminho e queremos chegar a algum lugar com aquilo. Saudações, Sergio Henrique,

Não sei dizer se existe algum país considerado minimamente civilizado/desenvolvido onde não exista currículo obrigatório. Mesmo nos países nos quais você não é forçado por lei a mandar seus filhos para a escola (que tendem a ser a exceção), você continua sendo forçado a educar seus filhos seguindo as mesmos parâmetros curriculares que as escolas. Aliás, quase universalmente, as crianças educadas em casa costumam ter resultados (em testes padronizados por exemplo) muito superiores às que são mandadas para escolas. (Note, não estou falando das crianças que simplesmente não vão à escola e pronto, estou falando das que são educadas em casa e seguem as regras do governo para serem testadas para ver se estão mesmo sendo educadas, em geral pelos pais, sendo que freqüentemente isso ocorre por motivos mais religiosos do que acadêmicos.)

Sobre primeiro/segundo grau : sim, pois é, é completamente ridículo. É uma perda de tempo absurda. Na universidade em geral se aprende bem mais, mas novamente, a meu ver, nem tanto por mérito do sistema, mas porque chegamos num ponto em que de fato estamos interessados no que está sendo dito e além disso (bem mais do que antes pelo menos) estamos escolhendo aquele caminho e queremos chegar a algum lugar com aquilo.

Saudações,
Sergio

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By: Henrique Santos .././comment-page-1/#comment-359 Henrique Santos Mon, 09 Mar 2009 14:44:51 +0000 ../../../../.././?p=234#comment-359 Bom artigo. Gostaria de saber se há atualmente algum país ou lugar onde não exista um currículo obrigatório (acredito que no Brasil seja obrigatório, certo?) para o ensino fundamental e médio ? Do meu ensino fundamental e médio lembro poucas coisas: geografia: discussão político ideológica esquerdista, "a culpa de tudo é dos EUA" história: leitura/cópia de textos, sempre usando aqueles livros que tentam reunir toda a história. nunca me foi indicado algum livro que tratasse somente de um assunto (por exemplo a Guerra do Paraguai). literatura: classificação. isto é barroco, isto é cordel, etc.. nunca foi lido um poema. tive apenas uma aula de métrica e não entendi. Me formei em Engenharia Elétrica da Computação, atualmente trabalho com programação de computadores. Digo que com relação à parte de computação/programação o curso foi muito fraco, o que sei aprendi lendo livros da biblioteca e que comprei. Com relação à parte de matemática e física, foi muito forte, ainda lembro de como deduzir quase todas as derivadas (daquela tabela que as pessoas utilizam) a partir do cálculo de limite infinitesimal... Bom artigo.

Gostaria de saber se há atualmente algum país ou lugar onde não exista um currículo obrigatório (acredito que no Brasil seja obrigatório, certo?) para o ensino fundamental e médio ?

Do meu ensino fundamental e médio lembro poucas coisas:

geografia: discussão político ideológica esquerdista, “a culpa de tudo é dos EUA”

história: leitura/cópia de textos, sempre usando aqueles livros que tentam reunir toda a história. nunca me foi indicado algum livro que tratasse somente de um assunto (por exemplo a Guerra do Paraguai).

literatura: classificação. isto é barroco, isto é cordel, etc.. nunca foi lido um poema. tive apenas uma aula de métrica e não entendi.

Me formei em Engenharia Elétrica da Computação, atualmente trabalho com programação de computadores. Digo que com relação à parte de computação/programação o curso foi muito fraco, o que sei aprendi lendo livros da biblioteca e que comprei. Com relação à parte de matemática e física, foi muito forte, ainda lembro de como deduzir quase todas as derivadas (daquela tabela que as pessoas utilizam) a partir do cálculo de limite infinitesimal…

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By: Sergio de Biasi .././comment-page-1/#comment-379 Sergio de Biasi Sun, 08 Mar 2009 16:29:03 +0000 ../../../../.././?p=234#comment-379 Oi Andre, Concordo que não costumava haver, mas recentemente isso está ficando cada vez mais forte, a ponto de na maior parte dos cursos de pós-graduação nas melhores universidades estar virando um requisito para sequer se formar... E para quem já é professor, o governo vem há anos seguindo na direção de uma política cada vez mais agressiva de considerar o número e "relevância" de publicações ao dar bolsas e financiamento... Saudações, Sergio Oi Andre,

Concordo que não costumava haver, mas recentemente isso está ficando cada vez mais forte, a ponto de na maior parte dos cursos de pós-graduação nas melhores universidades estar virando um requisito para sequer se formar…

E para quem já é professor, o governo vem há anos seguindo na direção de uma política cada vez mais agressiva de considerar o número e “relevância” de publicações ao dar bolsas e financiamento…

Saudações,
Sergio

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By: Andre Kenji .././comment-page-1/#comment-378 Andre Kenji Sun, 08 Mar 2009 15:32:48 +0000 ../../../../.././?p=234#comment-378 No Brasil não sei se há pressão para publicar. Há professores que você dificilmente acha alguma coisa... No Brasil não sei se há pressão para publicar. Há professores que você dificilmente acha alguma coisa…

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By: Joel Silva .././comment-page-1/#comment-377 Joel Silva Thu, 05 Mar 2009 13:58:41 +0000 ../../../../.././?p=234#comment-377 Caro Sérgio, Concordo com este seu comentário, aliás, muito bem elaborado. Apenas gostaria de atentar para o fato que em momento algum concordei com o colega Diego quanto ao fato de que a "infância é incompatível com dignidade". Concordo plenamente quanto ao fato de a criança necessitar de raciocínio crítico e ser formulador de opinião, e não apenas um cego manipulado seguidor da "autoridade". Apenas acho que uma criança solta a própria vontade, não terá um efeito muito diferente do qual as nossas escolas produzem atualmente. Como você disse, a ação dos pais no contexto educacional da criança está visívelmente precário, onde eu acredto que esteja a maior parte do problema. E sim, de fato a escola, principalmente no que tange as fases iniciais de ensino funciona como Creche, onde os pais deixam os filhos por precisarem trabalhar. Acredito que uma reformulação drástica no sistema de ensino precisaria ser realizada. Na qual teríamos uma maior participação dos pais no processo, e os professores deveriam ser apenas "agentes auxiliadores", de forma a instigarem na criança o desejo pelo conhecimento e a capacidade de pensar por sí própria. Quando se fala em autoridade, principalmente a autoridade governamental, concordo que pouco se faz pelo ensino e que o que o Governo realmente quer é apenas mais um cidadão encaixado na sociedade por eles criada e mantida através de varias maneiras de coação, inclusive o sistema de ensino. O caminho é sim a capacidade crítica individual, e a escola tem pecado gravemente no alcance deste objetivo. Mas o problema vai muito mais além, pois a educação esta inserida no contexto de sociedade, e envolve questões de ética, moral etc. Na verdade o tema em questão é muito amplo, e na minha opinião, de excelente análise. Saudações, Jeol Caro Sérgio,

Concordo com este seu comentário, aliás, muito bem elaborado. Apenas gostaria de atentar para o fato que em momento algum concordei com o colega Diego quanto ao fato de que a “infância é incompatível com dignidade”.
Concordo plenamente quanto ao fato de a criança necessitar de raciocínio crítico e ser formulador de opinião, e não apenas um cego manipulado seguidor da “autoridade”. Apenas acho que uma criança solta a própria vontade, não terá um efeito muito diferente do qual as nossas escolas produzem atualmente.
Como você disse, a ação dos pais no contexto educacional da criança está visívelmente precário, onde eu acredto que esteja a maior parte do problema. E sim, de fato a escola, principalmente no que tange as fases iniciais de ensino funciona como Creche, onde os pais deixam os filhos por precisarem trabalhar.
Acredito que uma reformulação drástica no sistema de ensino precisaria ser realizada. Na qual teríamos uma maior participação dos pais no processo, e os professores deveriam ser apenas “agentes auxiliadores”, de forma a instigarem na criança o desejo pelo conhecimento e a capacidade de pensar por sí própria.
Quando se fala em autoridade, principalmente a autoridade governamental, concordo que pouco se faz pelo ensino e que o que o Governo realmente quer é apenas mais um cidadão encaixado na sociedade por eles criada e mantida através de varias maneiras de coação, inclusive o sistema de ensino.
O caminho é sim a capacidade crítica individual, e a escola tem pecado gravemente no alcance deste objetivo.
Mas o problema vai muito mais além, pois a educação esta inserida no contexto de sociedade, e envolve questões de ética, moral etc.
Na verdade o tema em questão é muito amplo, e na minha opinião, de excelente análise.

Saudações,
Jeol

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By: Sergio de Biasi .././comment-page-1/#comment-376 Sergio de Biasi Thu, 05 Mar 2009 12:51:56 +0000 ../../../../.././?p=234#comment-376 Caro Joel, Para começar, existe uma diferença gigantesca entre os *pais* de uma criança decidirem que ela ainda não tem plena autonomia para gerenciar sua própria vida versus o *governo* decidir isso e à força impor uma certa forma de fazer as coisas. Adicionalmente, existe uma outra gigantesca diferença entre qualquer um temporariamente e provisoriamente exercer esse papel de tutor versus afirmar que "infância é incompatível com dignidade". O fato de coisas irrelevantes estarem sendo ensinadas empalidece diante das distorções morais e intelectuais que derivam de elas serem ensinadas à força. Aliás, dada a forma como funcionam as escolas, com a exceção de coisas muito básicas como aprender a ler (a qual aliás todas as pessoas cultas que eu conheço aprenderem em casa e não na escola) as crianças estariam MUITO melhor brincando do que 90% do tempo que estão em "aulas". Isso seria MUITO melhor para elas em quase todos os aspectos : emocionalmente, socialmente, intelectualmente. O fato é que as famílias (mesmo as que têm dinheiro) não têm tempo ou disposição de passar qualquer quantidade decente de tempo com os próprios filhos. Então não sabem o que fazer com eles e os depositam em escolas. Mas se para as famílias é esse o papel das escolas, então as escolas deveriam ser como grandes creches, nas quais a criança não fosse forçada a fazer quase absolutamente NADA mas na qual houvesse livros, e computadores, professores disponíveis para responder perguntas e tentando engajá-las em conversas e interações inteligentes. Professores incompetentes naturalmente não teriam qualquer sucesso nisso. Precisamente como já é atualmente. Com a diferença de que quem quisesse aprender algo teria a oportunidade de aprender. Note, para mim é absolutamente claro que embora você possa *forçar* as pessoas a fazerem coisas concretas como escovar os dentes (com a ressalva de que pra mim seja óbvio que mesmo nesses casos esse não é o melhor jeito de fazer as coisas), no caso do ensino isso é completamente inútil. Aliás, pior do que ínútil. Você pode eletrocutar uma pessoa e o máximo que vai atingir com isso é ela desistir de ter uma opinião e começar a repetir o que você disse. Em casos extremos você vai simplesmente quebrar o senso crítico dela e ela vai passar a dizer *qualquer coisa* simplesmente para você parar de atormentá-la. Esse é um sistema absurdo e desprezível ao qual eu me oponho tanto quanto é possível alguém se opor a alguma coisa. Fazer alguém repetir "fatos" não porque você convenceu as pessoas de que sejam mesmo fatos, e sim com base somente na sua "autoridade", é emocionalmente, moralmente e intelectualmente desfigurante. Finalmente, sobre não podermos "idealizar um anarquismo educacional, onde a criança nega a autoridade dos adultos, se julgando apta a tomar todas as suas decisões individualmente", ao falar isso você chegou ao que é provavelmente o ponto mais fundamental e mais importante de toda a questão. Minha visão do que se deve pretender atingir com a escola é PRECISAMENTE produzir pessoas que neguem a autoridade dos "adultos" e se julguem aptas a tomar todas as suas decisões individualmente. Somente pessoas com essa atitude estarão capacitadas a aprender qualquer coisa. Ao invés disso existe uma legião de pessoas tentando construir um sistema que faça precisamente o oposto. Que destrua completamente a iniciativa pessoal e instile uma submissão fanática à "autoridade". Quem meramente repete coisas que uma "autoridade" disse sem compreender os motivos pelos quais aquilo seja verdade ou relevante não aprendeu realmente coisa alguma e ainda teve danificada sua capacidade de aprender qualquer coisa no futuro. Saudações, Sergio Caro Joel,

Para começar, existe uma diferença gigantesca entre os *pais* de uma criança decidirem que ela ainda não tem plena autonomia para gerenciar sua própria vida versus o *governo* decidir isso e à força impor uma certa forma de fazer as coisas. Adicionalmente, existe uma outra gigantesca diferença entre qualquer um temporariamente e provisoriamente exercer esse papel de tutor versus afirmar que “infância é incompatível com dignidade”. O fato de coisas irrelevantes estarem sendo ensinadas empalidece diante das distorções morais e intelectuais que derivam de elas serem ensinadas à força.

Aliás, dada a forma como funcionam as escolas, com a exceção de coisas muito básicas como aprender a ler (a qual aliás todas as pessoas cultas que eu conheço aprenderem em casa e não na escola) as crianças estariam MUITO melhor brincando do que 90% do tempo que estão em “aulas”. Isso seria MUITO melhor para elas em quase todos os aspectos : emocionalmente, socialmente, intelectualmente.

O fato é que as famílias (mesmo as que têm dinheiro) não têm tempo ou disposição de passar qualquer quantidade decente de tempo com os próprios filhos. Então não sabem o que fazer com eles e os depositam em escolas. Mas se para as famílias é esse o papel das escolas, então as escolas deveriam ser como grandes creches, nas quais a criança não fosse forçada a fazer quase absolutamente NADA mas na qual houvesse livros, e computadores, professores disponíveis para responder perguntas e tentando engajá-las em conversas e interações inteligentes. Professores incompetentes naturalmente não teriam qualquer sucesso nisso. Precisamente como já é atualmente. Com a diferença de que quem quisesse aprender algo teria a oportunidade de aprender.

Note, para mim é absolutamente claro que embora você possa *forçar* as pessoas a fazerem coisas concretas como escovar os dentes (com a ressalva de que pra mim seja óbvio que mesmo nesses casos esse não é o melhor jeito de fazer as coisas), no caso do ensino isso é completamente inútil. Aliás, pior do que ínútil. Você pode eletrocutar uma pessoa e o máximo que vai atingir com isso é ela desistir de ter uma opinião e começar a repetir o que você disse. Em casos extremos você vai simplesmente quebrar o senso crítico dela e ela vai passar a dizer *qualquer coisa* simplesmente para você parar de atormentá-la. Esse é um sistema absurdo e desprezível ao qual eu me oponho tanto quanto é possível alguém se opor a alguma coisa. Fazer alguém repetir “fatos” não porque você convenceu as pessoas de que sejam mesmo fatos, e sim com base somente na sua “autoridade”, é emocionalmente, moralmente e intelectualmente desfigurante.

Finalmente, sobre não podermos “idealizar um anarquismo educacional, onde a criança nega a autoridade dos adultos, se julgando apta a tomar todas as suas decisões individualmente”, ao falar isso você chegou ao que é provavelmente o ponto mais fundamental e mais importante de toda a questão. Minha visão do que se deve pretender atingir com a escola é PRECISAMENTE produzir pessoas que neguem a autoridade dos “adultos” e se julguem aptas a tomar todas as suas decisões individualmente. Somente pessoas com essa atitude estarão capacitadas a aprender qualquer coisa.

Ao invés disso existe uma legião de pessoas tentando construir um sistema que faça precisamente o oposto. Que destrua completamente a iniciativa pessoal e instile uma submissão fanática à “autoridade”. Quem meramente repete coisas que uma “autoridade” disse sem compreender os motivos pelos quais aquilo seja verdade ou relevante não aprendeu realmente coisa alguma e ainda teve danificada sua capacidade de aprender qualquer coisa no futuro.

Saudações,
Sergio

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By: Joel Silva .././comment-page-1/#comment-375 Joel Silva Thu, 05 Mar 2009 04:10:34 +0000 ../../../../.././?p=234#comment-375 Bem... O seu texto possui muitos pontos dos quais eu concordo. O sistema público de educação possui sim problemas graves. Realmente acho que por muito tempo estudamos coisas das quais jamais faremos uso em nossa vida real. Mas em partes também sou obrigado a concordar com o Diego, onde ele diz que uma criança não possui maturidade suficiente para tomar as decisões mais sábias. Uma vez que você conceda a criança (inicio da idade escolar: 6 ou 7 anos) o poder de decisão sobre o que estudar, é grande a probabilidade de que ela escolha não estudar NADA e resolva ir BRINCAR. Eu mesmo, quando criança pequena, queria mesmo era me divertir e o ensino vinha apenas como algo que minha mãe me obrigava a obter. Porém após amadurecer e perceber a real necessidade do conhecimento, pude me aplicar melhor ao que me interessava. O importante, na minha opinião, é apresentar a criança em sua vida escolar inicial, os pontos básicos e essênciais dos mais diversos ramos do conhecimento e após um certo avanço educacional e de maturidade, permitir a estes indivíduos a escolha do que desejam estudar em maior profundidade. Isso na realidade já ocorre em alguns países mais desenvolvidos, onde além da grade padrão existe a possibilidade do aluno escolher o seu direcionamento educaconal. Deveríamos enxugar o currículo básico ao mais prático e cotidiano e deixar a área mais especializada do conhecimento para o estudante decidir por qual caminho se enveredar. Uma reforma educacional seria muito bem vinda. Mas também não podemos idealizar um anarquismo educacional, onde a criança nega a autoridade dos adultos, se julgando apta a tomar todas as suas decisões individualmente. Bem…

O seu texto possui muitos pontos dos quais eu concordo. O sistema público de educação possui sim problemas graves. Realmente acho que por muito tempo estudamos coisas das quais jamais faremos uso em nossa vida real. Mas em partes também sou obrigado a concordar com o Diego, onde ele diz que uma criança não possui maturidade suficiente para tomar as decisões mais sábias. Uma vez que você conceda a criança (inicio da idade escolar: 6 ou 7 anos) o poder de decisão sobre o que estudar, é grande a probabilidade de que ela escolha não estudar NADA e resolva ir BRINCAR.
Eu mesmo, quando criança pequena, queria mesmo era me divertir e o ensino vinha apenas como algo que minha mãe me obrigava a obter. Porém após amadurecer e perceber a real necessidade do conhecimento, pude me aplicar melhor ao que me interessava.
O importante, na minha opinião, é apresentar a criança em sua vida escolar inicial, os pontos básicos e essênciais dos mais diversos ramos do conhecimento e após um certo avanço educacional e de maturidade, permitir a estes indivíduos a escolha do que desejam estudar em maior profundidade. Isso na realidade já ocorre em alguns países mais desenvolvidos, onde além da grade padrão existe a possibilidade do aluno escolher o seu direcionamento educaconal.
Deveríamos enxugar o currículo básico ao mais prático e cotidiano e deixar a área mais especializada do conhecimento para o estudante decidir por qual caminho se enveredar. Uma reforma educacional seria muito bem vinda. Mas também não podemos idealizar um anarquismo educacional, onde a criança nega a autoridade dos adultos, se julgando apta a tomar todas as suas decisões individualmente.

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By: Sergio de Biasi .././comment-page-1/#comment-374 Sergio de Biasi Thu, 05 Mar 2009 03:11:54 +0000 ../../../../.././?p=234#comment-374 Diego, Eu não vou escrever refutando cada um dos seus pontos porque quem entre outras coisas afirma que "infância é incompatível com dignidade" deve claramente ser deixado beeeeeeeem longe de qualquer decisão que envolva ensino, ou crianças. "Sanções duras contra estudantes relapsos"??? Claramente não adianta sequer tentar explicar quão absurdamente desumanizante é punir as pessoas por não pensarem o que você mandou elas pensarem. Publico sua resposta principalmente para ilustrar o tipo de atitude que produz sistemas completamente errados como o que temos. Para quem se pergunta como é possível as coisas serem do jeito que são, a resposta está aí. Em um número excessivo de pessoas pensando sequer 10% disso aí. Ah, e sim, embora você não perceba, os conteúdos são na sua maior parte absolutamente inúteis, completamente irrelevantes, e muito mais vezes do que seria minimamente razoável, simplesmente errados. A escola cumpre uma função social completamente diferente da que você imagina que ela cumpra. É pior do que ela ser a maneira errada de fazer a coisa certa. Ela é a maneira certa de fazer a coisa errada. Saudações, Sergio Diego,

Eu não vou escrever refutando cada um dos seus pontos porque quem entre outras coisas afirma que “infância é incompatível com dignidade” deve claramente ser deixado beeeeeeeem longe de qualquer decisão que envolva ensino, ou crianças.

“Sanções duras contra estudantes relapsos”??? Claramente não adianta sequer tentar explicar quão absurdamente desumanizante é punir as pessoas por não pensarem o que você mandou elas pensarem.

Publico sua resposta principalmente para ilustrar o tipo de atitude que produz sistemas completamente errados como o que temos. Para quem se pergunta como é possível as coisas serem do jeito que são, a resposta está aí. Em um número excessivo de pessoas pensando sequer 10% disso aí.

Ah, e sim, embora você não perceba, os conteúdos são na sua maior parte absolutamente inúteis, completamente irrelevantes, e muito mais vezes do que seria minimamente razoável, simplesmente errados. A escola cumpre uma função social completamente diferente da que você imagina que ela cumpra. É pior do que ela ser a maneira errada de fazer a coisa certa. Ela é a maneira certa de fazer a coisa errada.

Saudações,
Sergio

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By: Diego .././comment-page-1/#comment-373 Diego Thu, 05 Mar 2009 01:16:04 +0000 ../../../../.././?p=234#comment-373 1) Prova que é perfeitamente possível fazer com que as crianças aprendam um monte de fatos complicados para a vida inteira; não fosse assim, a língua japonesa já teria desaparecido da face da terra. Sem falar no incrível desempenho de vários países orientais nos testes internacionais graças à ênfase governamental em educação e, especialmente, a uma longa tradição de apoio ao ensino. É muito bonito falar em "dignidade humana", mas a infância é incompatível com dignidade: as crianças estão sob as ordens dos adultos, tem pouco ou nenhum controle material sobre suas próprias vidas e, em última instância, estão sob proteção do Estado. O controle da Escola sobre eles é uma extensão do controle dos adultos e do Estado sobre eles. Sanções realmente duras contra os estudantes relapsos, os professores incompetentes e os pais negligentes resolveriam muitos dos problemas educacionais. 2) Um currículo representa o conhecimento que a Sociedade acha indispensável transmitir às futuras gerações e, portanto, só pode ser decidido no mais alto nível, pelas pessoas com as melhores credenciais acadêmicas. Uma vez selecionados os fatos, quaisquer pessoas de posse dos fatos podem transmití-los aos pupilos. 3) A importância das matérias ensinadas é auto-evidente, mas como não dá para transformar as crianças em egiptólogos, físicos nucleares, etc., alguém com as credencias acadêmicas adequadas precisa selecionar os fatos mais importantes. Deixar essas decisões aos professores, seria dar mais valor ao julgamentos dos menos qualificados; deixar essas decisões aos alunos seria suicídio civilizatório. É simplesmente absurdo falar em "cada um deve ser livre para aprender e estudar o que quiser" se esse "cada um" trata de meras crianças. Como escreveu Galbraith, em uma sociedaden justa, a falta de dedicação não pode ser uma opção para as crianças. Assim como os adultos tomam pelas crianças muitas decisões que elas não tem maturidade ou conhecimento para tomar, o Estado toma as decisões sobre o currículo obrigatório para o bem delas. 4) Querer educar as pessoas para que elas não sejam um fardo para a Sociedade não tem absolutamente nada a ver com idéias soviéticas: os puritanos americanos e os prussianos, entre outros, foram pioneiros em leis e métodos para educar as massas muito antes de existir a URSS. No entanto, a ênfase soviética no ensino nos mostra que o investimento em educação e pesquisa traz grandes dividendos às nações que os fazem- mesmo quando elas são governadas por sistemas caducos e atrasados- como as grandes façanhas tecnológicos soviéticas e a resistência contra o invasor nazista provaram. 5) "Se a escola não tomasse à força todo o nosso tempo e ainda por cima nos forçasse a repetir mecanicamente por anos uma maçaroca enciclopédica de 'conteúdos' inúteis, irrelevantes e freqüentemente errados, teríamos muito mais oportunidade e disposição de buscar conhecimento de verdade." A escola não toma todo o nosso tempo. E os conteúdos, de modo geral, não são nem inúteis, nem irrelevantes nem errados. Sugiro que leia os textos de Heather Mac Donald sobre educação (por exemplo, http://www.city-journal.org/html/8_2_a1.html). 1) Prova que é perfeitamente possível fazer com que as crianças aprendam um monte de fatos complicados para a vida inteira; não fosse assim, a língua japonesa já teria desaparecido da face da terra. Sem falar no incrível desempenho de vários países orientais nos testes internacionais graças à ênfase governamental em educação e, especialmente, a uma longa tradição de apoio ao ensino. É muito bonito falar em “dignidade humana”, mas a infância é incompatível com dignidade: as crianças estão sob as ordens dos adultos, tem pouco ou nenhum controle material sobre suas próprias vidas e, em última instância, estão sob proteção do Estado. O controle da Escola sobre eles é uma extensão do controle dos adultos e do Estado sobre eles. Sanções realmente duras contra os estudantes relapsos, os professores incompetentes e os pais negligentes resolveriam muitos dos problemas educacionais.
2) Um currículo representa o conhecimento que a Sociedade acha indispensável transmitir às futuras gerações e, portanto, só pode ser decidido no mais alto nível, pelas pessoas com as melhores credenciais acadêmicas. Uma vez selecionados os fatos, quaisquer pessoas de posse dos fatos podem transmití-los aos pupilos.
3) A importância das matérias ensinadas é auto-evidente, mas como não dá para transformar as crianças em egiptólogos, físicos nucleares, etc., alguém com as credencias acadêmicas adequadas precisa selecionar os fatos mais importantes. Deixar essas decisões aos professores, seria dar mais valor ao julgamentos dos menos qualificados; deixar essas decisões aos alunos seria suicídio civilizatório. É simplesmente absurdo falar em “cada um deve ser livre para aprender e estudar o que quiser” se esse “cada um” trata de meras crianças. Como escreveu Galbraith, em uma sociedaden justa, a falta de dedicação não pode ser uma opção para as crianças. Assim como os adultos tomam pelas crianças muitas decisões que elas não tem maturidade ou conhecimento para tomar, o Estado toma as decisões sobre o currículo obrigatório para o bem delas.
4) Querer educar as pessoas para que elas não sejam um fardo para a Sociedade não tem absolutamente nada a ver com idéias soviéticas: os puritanos americanos e os prussianos, entre outros, foram pioneiros em leis e métodos para educar as massas muito antes de existir a URSS. No entanto, a ênfase soviética no ensino nos mostra que o investimento em educação e pesquisa traz grandes dividendos às nações que os fazem- mesmo quando elas são governadas por sistemas caducos e atrasados- como as grandes façanhas tecnológicos soviéticas e a resistência contra o invasor nazista provaram.
5) “Se a escola não tomasse à força todo o nosso tempo e ainda por cima nos forçasse a repetir mecanicamente por anos uma maçaroca enciclopédica de ‘conteúdos’ inúteis, irrelevantes e freqüentemente errados, teríamos muito mais oportunidade e disposição de buscar conhecimento de verdade.”
A escola não toma todo o nosso tempo. E os conteúdos, de modo geral, não são nem inúteis, nem irrelevantes nem errados.
Sugiro que leia os textos de Heather Mac Donald sobre educação (por exemplo, http://www.city-journal.org/html/8_2_a1.html).

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By: Sergio de Biasi .././comment-page-1/#comment-372 Sergio de Biasi Thu, 05 Mar 2009 01:06:29 +0000 ../../../../.././?p=234#comment-372 Oi Artur, Sim, além de tudo a escola serve de creche. Argh, se começarmos a pensar em todos os outros problemas não acadêmicos que a escola tem, vai mais um post inteiro. Os "inspetores", as "psicólogas", as "orientadoras educacionais", o "coordenador de série", a convivência forçada... é uma estrutura muito concretamente prisonal, e dizer que isso "socaliza" as crianças e as integra à sociedade é o mesmo que dizer isso sobre ir para um presídio. É uma experiência absurdamente opressiva, distorcida e moralmente e emocionalmente desfigurante. Aliás, a escola provavelmente é pior do que uma prisão, porque além disso é também intelectualmente desfigurante. Numa prisão pelo menos não existe uma lavagem cerebral contínua e diária para regurgitar acriticamente e à força quaisquer coisas que o sistema (ou o "professor") sonhar que você "tem" que saber. É já que você falou no assunto, é mesmo muito triste ver a quantidade de pessoas que "odeiam" matemática. A matemática é uma das áreas em que um ser humano consegue mais claramente perceber o poder do pensamento lógico e de sua própria capacidade de raciocinar, em que mais diretamente se pode observar a possibilidade de atingir verdades universais que não dependem da autoridade ou concordância de ninguém. Lamentavelmente, a matemática é ensinada de uma forma completamente alucinada, sem qualquer vestígio de coerência, relevância ou sentido, concentrando-se em tecnicalidades completamente arbitrárias e passando totalmente ao largo das grandes idéias por trás de formalizações burocráticas as quais só surgiram como ferramenta para melhor descrever e organizar aquilo de que realmente se quer falar. Guarda-se a caixa de papelão e joga-se fora a televisão. E então você tem que decorar o número de série estampado na caixa e responder na prova. Abraços, Sergio Oi Artur,

Sim, além de tudo a escola serve de creche. Argh, se começarmos a pensar em todos os outros problemas não acadêmicos que a escola tem, vai mais um post inteiro. Os “inspetores”, as “psicólogas”, as “orientadoras educacionais”, o “coordenador de série”, a convivência forçada… é uma estrutura muito concretamente prisonal, e dizer que isso “socaliza” as crianças e as integra à sociedade é o mesmo que dizer isso sobre ir para um presídio. É uma experiência absurdamente opressiva, distorcida e moralmente e emocionalmente desfigurante. Aliás, a escola provavelmente é pior do que uma prisão, porque além disso é também intelectualmente desfigurante. Numa prisão pelo menos não existe uma lavagem cerebral contínua e diária para regurgitar acriticamente e à força quaisquer coisas que o sistema (ou o “professor”) sonhar que você “tem” que saber.

É já que você falou no assunto, é mesmo muito triste ver a quantidade de pessoas que “odeiam” matemática. A matemática é uma das áreas em que um ser humano consegue mais claramente perceber o poder do pensamento lógico e de sua própria capacidade de raciocinar, em que mais diretamente se pode observar a possibilidade de atingir verdades universais que não dependem da autoridade ou concordância de ninguém.

Lamentavelmente, a matemática é ensinada de uma forma completamente alucinada, sem qualquer vestígio de coerência, relevância ou sentido, concentrando-se em tecnicalidades completamente arbitrárias e passando totalmente ao largo das grandes idéias por trás de formalizações burocráticas as quais só surgiram como ferramenta para melhor descrever e organizar aquilo de que realmente se quer falar. Guarda-se a caixa de papelão e joga-se fora a televisão. E então você tem que decorar o número de série estampado na caixa e responder na prova.

Abraços,
Sergio

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By: Arthur .././comment-page-1/#comment-371 Arthur Wed, 04 Mar 2009 22:05:39 +0000 ../../../../.././?p=234#comment-371 Excelentes argumentos, Sérgio. Concordo plenamente. Eu sempre tive problemas com escolas, tanto com o conteúdo passado quanto com as pessoas com quem era obrigado a conviver. A escola serve para ocupar os filhos enquanto os pais estão no trabalho, é uma creche. Depois de um tempo, o estudante só pensa em decorar o que é obrigado para se livrar do conteúdo mesmo. Mas isso acaba criando um conceito na mente das pessoas de que o conhecimento que existe é sempre naqueles moldes, já que é passado de um modo maçante e sem sentido. Por isso pessoas se dizem "traumatizadas" com Física ou Matemática ou outra disciplina, e isso pode acabar influeciando toda a sua vida, quando poderiam descobrir que o conhecimento na área pode ser fascinante. Citar como exemplo o Japão para justificar um maior rigor no ensino é, no mínimo, absurdo. O país, famoso pela "disciplina" dos seus estudantes, tem taxas altíssimas de suicídos entre os jovens; e o resultado são pessoas massificadas e sem expressão, preocupadas em conseguir sua vaga na multinacional e o "respeito" da sociedade. Não admira que pais japoneses estejam enviando seus filhos para estudarem fora do país, para que não passem por isso. Abraços, Arthur Excelentes argumentos, Sérgio. Concordo plenamente. Eu sempre tive problemas com escolas, tanto com o conteúdo passado quanto com as pessoas com quem era obrigado a conviver. A escola serve para ocupar os filhos enquanto os pais estão no trabalho, é uma creche.

Depois de um tempo, o estudante só pensa em decorar o que é obrigado para se livrar do conteúdo mesmo. Mas isso acaba criando um conceito na mente das pessoas de que o conhecimento que existe é sempre naqueles moldes, já que é passado de um modo maçante e sem sentido. Por isso pessoas se dizem “traumatizadas” com Física ou Matemática ou outra disciplina, e isso pode acabar influeciando toda a sua vida, quando poderiam descobrir que o conhecimento na área pode ser fascinante.

Citar como exemplo o Japão para justificar um maior rigor no ensino é, no mínimo, absurdo. O país, famoso pela “disciplina” dos seus estudantes, tem taxas altíssimas de suicídos entre os jovens; e o resultado são pessoas massificadas e sem expressão, preocupadas em conseguir sua vaga na multinacional e o “respeito” da sociedade. Não admira que pais japoneses estejam enviando seus filhos para estudarem fora do país, para que não passem por isso.

Abraços,
Arthur

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By: Sol Moras Segabinaze .././comment-page-1/#comment-370 Sol Moras Segabinaze Wed, 04 Mar 2009 15:13:35 +0000 ../../../../.././?p=234#comment-370 Assino embaixo, Sergio. Assino embaixo, Sergio.

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By: Sergio de Biasi .././comment-page-1/#comment-369 Sergio de Biasi Wed, 04 Mar 2009 14:59:55 +0000 ../../../../.././?p=234#comment-369 Oi Pedro, Ah, o tempo investido em ficar melhorando o template tiraria esforço de outras coisas. :-) Saudações, Sergio Oi Pedro,

Ah, o tempo investido em ficar melhorando o template tiraria esforço de outras coisas. :-)

Saudações,
Sergio

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By: Pedro Sakaguchi .././comment-page-1/#comment-368 Pedro Sakaguchi Wed, 04 Mar 2009 13:32:45 +0000 ../../../../.././?p=234#comment-368 Assino em baixo, Biasi. Você deveria escrever com maior freqüência, seus textos são sempre bons. (Poderia dar uma melhorada no template do blog também, hein?) Assino em baixo, Biasi.
Você deveria escrever com maior freqüência, seus textos são sempre bons.
(Poderia dar uma melhorada no template do blog também, hein?)

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By: Sergio de Biasi .././comment-page-1/#comment-367 Sergio de Biasi Wed, 04 Mar 2009 12:39:24 +0000 ../../../../.././?p=234#comment-367 Oi Grammar, Note, eu estou falando contra a escola nos moldes em que ela funciona na prática. Não estou dizendo que todos (ou sequer a maioria) dos pais teria condição de educar seus filhos eles mesmos. E em princípio eu até seria a favor de programas de educação pública (i.e. que buscassem permitir que todo mundo interessado em estudar freqüentasse alguma escola e que buscassem incentivar que isso de fato acontecesse). Agora, um sistema de ensino obrigatório e não opcional no qual ainda por cima você tem que aprender aquilo que o governo mandou, isso é uma farsa opressiva é só pode dar em bobagens. Quanto ao meio acadêmico superior, é mesmo um hospício. A pressão para publicar é de fato absurda, e gera distorções gravíssimas. Infelizmente pesquisa é algo de longuíssimo prazo e de proveito econômico imprevisível exceto em grandíssima escala, então existem cada vez menos fontes de financiamento para pesquisa básica, especialmente num mundo em crise econômica. O resultado é que a maior parte da pesquisa é mesmo financiada pelo governo, com todas as distorções que isso acarreta. Mas nesse caso eu não sei direito o que fazer. Sem o governo financiando, a pesquisa básica essencialmente cessaria, especialmente no Brasil. E embora o cidadão médio passe perfeitamente bem sem saber nada de ciência fundamental, especialmente nos limites do conhecimento, a indústria, a tecnologia e diria eu até a civilização como um todo não passam. É como limpar as privadas. Não é preciso que todos participem do processo, mas alguém tem que fazer. Por mais que me desagrade, não sei no momento como manter isso funcionando sem o governo. Saudações, Sergio Oi Grammar,

Note, eu estou falando contra a escola nos moldes em que ela funciona na prática. Não estou dizendo que todos (ou sequer a maioria) dos pais teria condição de educar seus filhos eles mesmos. E em princípio eu até seria a favor de programas de educação pública (i.e. que buscassem permitir que todo mundo interessado em estudar freqüentasse alguma escola e que buscassem incentivar que isso de fato acontecesse).

Agora, um sistema de ensino obrigatório e não opcional no qual ainda por cima você tem que aprender aquilo que o governo mandou, isso é uma farsa opressiva é só pode dar em bobagens.

Quanto ao meio acadêmico superior, é mesmo um hospício. A pressão para publicar é de fato absurda, e gera distorções gravíssimas. Infelizmente pesquisa é algo de longuíssimo prazo e de proveito econômico imprevisível exceto em grandíssima escala, então existem cada vez menos fontes de financiamento para pesquisa básica, especialmente num mundo em crise econômica. O resultado é que a maior parte da pesquisa é mesmo financiada pelo governo, com todas as distorções que isso acarreta. Mas nesse caso eu não sei direito o que fazer. Sem o governo financiando, a pesquisa básica essencialmente cessaria, especialmente no Brasil. E embora o cidadão médio passe perfeitamente bem sem saber nada de ciência fundamental, especialmente nos limites do conhecimento, a indústria, a tecnologia e diria eu até a civilização como um todo não passam. É como limpar as privadas. Não é preciso que todos participem do processo, mas alguém tem que fazer. Por mais que me desagrade, não sei no momento como manter isso funcionando sem o governo.

Saudações,
Sergio

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