Dirigindo Para Nova York

September 26th, 2009 by Sergio de Biasi

Depois que me mudei para New Jersey, tive que comprar um carro. Exatamente ao contrário do que ocorre na cidade de Nova York, não dá pra fazer nada aqui sem dirigir.

Aliás, alguns comentários sobre New Jersey. Todo mundo aqui chama Nova York de “The City”. Isso no começo me confundiu um pouco. Tipo perguntar “onde eu consigo comprar essa peça?” e ouvir a resposta “ah, para encontrar isso você vai ter que ir à cidade”. Er, cidade? Que cidade? Nova York, naturalmente. Qual outra? :-)

E logo que eu cheguei, em uma das recepções que houve para recém contratados pela universidade, estava eu conversando com alguns legítimos cidadãos born and raised in New Jersey e comentei : “Well, I suppose now I’ll start to see the real America.” e eles unanimamente responderam “No way, New Jersey is not the real America. New Jersey is just weird.” :-)

Enfim, se transportarmos o conceito de sete maravilhas do mundo para os EUA, há alguns candidatos óbvios, mas um que talvez escape aos estrangeiros é a New Jersey Turnpike. Por ela passa basicamente o grosso do tráfego entre Nova York e o resto dos EUA a oeste, o que a torna uma das autoestradas mais movimentadas do mundo. Construída em tempo recorde no começo da década de 50, é considerada por muitos a estrada que serviu de modelo para o sistema de highways americanas, que poderia em si mesmo ser candidato coletivamente para uma das sete maravilhas dos EUA e que foi responsável por moldar e definir muito da cultura e da personalidade do país. É uma estrada literalmente monumental.

Dirigindo na New Jersey Turnpike

Enfim, começamos apresentando um vídeo no qual eu estou saindo de uma das service areas e entrando na turnpike. Está quase amanhecendo, e é uma das horas de maior movimento, com um tráfego intenso indo em direção a Nova York para o expediente de trabalho. Infelizmente o tempo está meio chato e eu tenho que ficar usando o limpador de para-brisas para impedir que meu vidro fique embaçado pelo lado de fora. Em alguns momentos é possivel observar 6 pistas de tráfego completamente tomadas de carros até onde a vista pode alcançar. E vocês acham que estamos andando devagar? De forma alguma. Neste vídeo, apesar dos carros todos estarem andando extremamente próximos um dos outros, a velocidade oscila entre 120 a 140 km/h! Isso apesar do limite ser oficialmente de 65 mph, o que eu rapidamente descobri após me mudar para cá que é total ficção.

Dirigindo na Goethals Bridge

Se eu estivesse indo a Manhattan, eu poderia simplesmente seguir em frente e entrar na cidade através do Lincoln Tunnel ou da George Washington Bridge (ou ainda do Holland Tunnel). Mas eu estava indo para o JFK, que fica no Queens, então não fazia sentido passar por dentro de Manhattan. Ao invés disso, o melhor caminho é pegar a Goethals Bridge, a qual é, bem, basicamente um lixo obsoleto de 1928 que se fala em demolir e substituir há anos, mas que apesar disso é muito importante, pois é como se dirige de New Jersey para Staten Island. E por que alguém quereria ir a Staten Island? Bem, eu diria que a resposta número um é “para evitar o tráfego de Manhattan”. :-) Staten Island não é exatamente o mais interessante dos cinco boroughs da cidade de Nova York. :-)

Ok, após cruzar Staten Island, finalmente chegamos não diretamente no Queens, mas no Brooklyn. Como Staten Island é uma ilha (oh!), precisamos atravessar outra ponte para fazer isso. E a ponte em questão é a esta sim imponentíssima Verrazano Bridge, que quando inaugurada era a maior ponte suspensa do mundo.

Dirigindo na Verrazano Bridge

6 Responses to “Dirigindo Para Nova York”

  1. Grammar says:

    SÉRGIO! Pare de filmar enquanto dirige! Você quer ter um acidente e se quebrar todo por causa de um videozinho pra colocar no blog?

    • Isso é porque você não me viu falando no celular enquanto tomo café e faço anotações dirigindo.

      E perai, como assim “videozinho”? :-D São peças artísticas de valor inestimável. É preciso deixar um legado para as futuras gerações. Tudo pela arte! :-)

      Viver é perigoso. :-)

      Abraços,
      Sergio

  2. Laila F. says:

    Tchê,

    Com que você trabalha? Como ganha a vida? Por que foi parar aí onde está? Você é rico? Diga algo. E dê algum conselho para os que estão loucos para se mandar do Brasil.

    A canção que você ouvia dirigindo na New Jersey Turnpike: qual o nome?

    Nota: bonitas as contendas internas dO Indivíduo.

    • Oi Laila,

      Quantas perguntas. :-) Ok, vamos lá.

      Com que você trabalha?

      Pós-graduação em fundamentos da ciência da computação.

      Como ganha a vida?

      Dando aulas.

      Por que foi parar aí onde está?

      Porque foi onde resolvi fazer meu doutorado.

      Você é rico?

      Não o suficiente.

      Diga algo.

      Algo.

      E dê algum conselho para os que estão loucos para se mandar do Brasil.

      Isso depende demais do que você quer fazer com a sua vida, de que formação tem, de que línguas fala, de em que país vai se sentir bem, etc.

      Como diza o Tom Jobim : Viver no exterior é bom, mas é uma merda. Viver no Brasil é uma merda, mas é bom.

      A canção que você ouvia dirigindo na New Jersey Turnpike: qual o nome?

      “I Love New York”
      Veja aqui : http://www.youtube.com/watch?v=ZqDmhL_wTgI

      Nota: bonitas as contendas internas dO Indivíduo.

      “Bonitas”? :-D

      Bem, sabe como é, a unanimidade é burra.

      Saudações,
      Sergio

  3. Allan Caetano says:

    Rá-rá, Sérgio, essa foi boa!
    A Turnpike como uma das sete maravilhas do mundo? Só se for ao avesso. O pior, para mim, na dita cuja era a “paisagem”. Mas afinal, não dá para pedir muito de NJ.
    Já as pontes, mesmo a Verrazzano, são boas candidatas, sendo a minha favorita a do Brooklyn, claro.

    • Para começar, você aparentemente não leu que eu estava restringindo o conceito aos EUA. E mantenho, eu não estava brincando quando disse isso. Ela de fato tem uma importância fundamental na identidade americana. Talvez em pleno século 21 sua relevância seja mais em termos históricos e simbólicos, mas mesmo assim continua sendo um ícone. Os americanos gostam de falar mal de New Jersey mas é provavelmente um dos lugares que mais sintetiza a personalidade americana.

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