RECADOS
DA MARIA

        Certa vez, meu irmão ia a uma festa de uma pessoa com um amigo nosso chamado Alexandre mas, desligado do jeito que ele é as vezes, esqueceu o papel onde tinha anotado o telefone da pessoa e o endereço dela. Como ele já estava muito atrasado, parou perto de um orelhão e pediu pro Alexandre ligar lá pra casa e tentar pegar o telefone da pessoa. A Maria atende o telefone:

- Alô...
- Alô Maria? Aqui é o Alexandre, eu sou amigo do Joseph e...
- O Josi não está.
- Não, Maria, eu sei, ele tá aqui comigo, é que...
- Mas o Josi não está.
- Eu sei, Maria! Ele quer que você vá no quarto dele e ache um número de telefone que está escrito num papel e me diga!
- Ah, tá bem, peraí que eu vou lá ver.

        E alguns minutos depois:

- Achei.
- Ótimo, Maria. Me diz o número por favor.
- Xi, tá tão difícil de ler.. parece um... 5, eu acho...

        A essas alturas, o meu irmão já estava com a mão na buzina da Fiorino pick-up dele por causa do atraso.

- Maria, por favor, a gente precisa desse telefone logo!
- Ah, não estou conseguindo ler. Vou passar pra Aliete então. - A Arlete era a faxineira que ia lá em casa uma vez por semana ajudar na faxina. Só que ela não era letrada... e o Alexandre sabia disso.
- Ai meu Deus... - murmurou o Alexandre.
- Oi - a Arlete pegou o telefone.
- Arlete, você consegue ler o número?
- Consigo sim, ó. É 5... não, não.. parece um 2... daí vem 4... mas pode ser um 7... 3...

        Se não me engano, eles acabaram ligando pra um amigo em comum pra perguntar o telefone. Lá de casa não conseguiram nada não, coitados.


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