Esta cena aqui foi gravada na estação que fica no Herald Square. Eu achei que estava na hora de mostrar que apesar de haver todos os tipos de estilo e nacionalidade representadas nos músicos do metrô, isso não significa que os próprios americanos não estejam bem representados. Temos aqui uma banda típica de rock/pop com vocal, bateria, guitarra e baixo, despejando um tipo de som tão gostoso que é quase como água no deserto para quem curte a cultura tipicamente americana. Então a gente entra no metrô e de repente lá estão eles.
E note, isso não é resultado de campanhas, subsídios, bolsas ou qualquer outro processo institucionalizado para “incentivar” a produção cultural. Isso são pessoas que por iniciativa própria, em sendo deixadas livres e em paz, perseguiram esse caminho. Muitas delas, por terem talento e vocação muito intensos, simplesmente não podem deixar de criar. Outras acham que é um estilo de vida que combina com suas personalidades. Outras simplesmente pegam um violão e ficam batendo o mesmo acorde sem parar infinitamente na expectativa de que seja uma forma fácil de levantar uma grana. (Infelizmente não gravei essa.)
Mas em todos os casos existe uma coisa muito forte de *iniciativa*, de a pessoa estar lá porque quis e escolheu, sem ninguém ter dito a ela o que fazer. Apesar de tudo, ainda é uma nação de pessoas autônomas, que *não* tem como ideal máximo de realização profissional passar num concurso para trabalhar para o governo. Quem não quer ser músico no metrô quer em geral realizar algum outro tipo de vocação ou projeto de vida, mas de fato existem tais projetos e a maior parte das pessoas está engajada em realizá-lo, para o que der e vier, pagando o preço das conseqüências de suas escolhas. Não vejo os músicos do metrô choramingando que querem um “incentivo do governo” para preservarem suas iniciativas culturais. Isso nem sequer passa pela cabeça deles. Tudo o que eles querem é serem deixados em paz para se expressarem, divulgarem seu trabalho, e pedirem contribuições diretamente de quem estiver apreciando o que produzem. Claro que para isso eles têm que produzir algo que alguém de fato goste, ao invés de gastarem seu tempo fazendo lobby, preenchendo formulários ou satisfazendo critérios burocráticos.
[...] ../.././random-people-playing-in-the-new-york-subway/ [...]