Comments on: Ateísmo Para Principiantes .././ Porque só o indivíduo tem consciência Sat, 06 Aug 2011 02:00:55 +0000 hourly 1 http://wordpress.org/?v=3.1.3 By: Sergio de Biasi .././comment-page-1/#comment-6669 Sergio de Biasi Wed, 22 Sep 2010 08:22:03 +0000 ../../../../.././?p=1101#comment-6669 Para quem não compreendeu o comentário acima sugiro a leitura do último artigo do número zero do Indivíduo original : ../../../../.././wp-content/uploads/2010/01/1997.11.19-O-Individuo-Numero-Zero-Scanned-with-OCR-Low-Res.pdf Para quem não compreendeu o comentário acima sugiro a leitura do último artigo do número zero do Indivíduo original :

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By: cambralha .././comment-page-1/#comment-6658 cambralha Tue, 21 Sep 2010 17:54:21 +0000 ../../../../.././?p=1101#comment-6658 ah, fui irônico...att! ah, fui irônico…att!

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By: cambralha .././comment-page-1/#comment-6657 cambralha Tue, 21 Sep 2010 17:53:42 +0000 ../../../../.././?p=1101#comment-6657 é uma m mesmo......subam as favelas, conheçam os mendigos, criem, não copiem. Abraços SAUDOSOS daqueles tempos para os maiores intelectuais cariocas dos nossos tempos.....CAMBRALHA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! é uma m mesmo……subam as favelas, conheçam os mendigos, criem, não copiem. Abraços SAUDOSOS daqueles tempos para os maiores intelectuais cariocas dos nossos tempos…..CAMBRALHA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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By: Resposta à tréplica de um Ateu « Refutatio .././comment-page-1/#comment-4621 Resposta à tréplica de um Ateu « Refutatio Sun, 30 May 2010 17:53:50 +0000 ../../../../.././?p=1101#comment-4621 [...] Enfim, a resposta em questão se refere ao meu texto Ateísmo Para Principiantes. [...] [...] Enfim, a resposta em questão se refere ao meu texto Ateísmo Para Principiantes. [...]

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By: Ainda Ateísmo « O Indivíduo .././comment-page-1/#comment-4608 Ainda Ateísmo « O Indivíduo Sat, 29 May 2010 00:17:30 +0000 ../../../../.././?p=1101#comment-4608 [...] Enfim, a resposta em questão se refere ao meu texto Ateísmo Para Principiantes. [...] [...] Enfim, a resposta em questão se refere ao meu texto Ateísmo Para Principiantes. [...]

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By: Sergio de Biasi .././comment-page-1/#comment-4589 Sergio de Biasi Thu, 27 May 2010 07:46:58 +0000 ../../../../.././?p=1101#comment-4589 Veja alguns comentários sobre isso aqui : ../../../../.././2010/05/27/ainda-ateismo/ Veja alguns comentários sobre isso aqui : ../../../../.././2010/05/27/ainda-ateismo/

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By: eclypse .././comment-page-1/#comment-4026 eclypse Tue, 20 Apr 2010 16:38:32 +0000 ../../../../.././?p=1101#comment-4026 Bom, Sérgio, só falta você refutar ou, ao menos, comentar, sobre este texto: http://refutatio.wordpress.com/2009/10/17/36/ Fico no aguardo. Bom, Sérgio, só falta você refutar ou, ao menos, comentar, sobre este texto:

http://refutatio.wordpress.com/2009/10/17/36/

Fico no aguardo.

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By: Sergio de Biasi .././comment-page-1/#comment-1343 Sergio de Biasi Sun, 25 Oct 2009 03:03:46 +0000 ../../../../.././?p=1101#comment-1343 Aqui vai um link para um texto respondendo ao meu texto original : http://espectivas.wordpress.com/2009/10/19/o-empirismo-ateista-na-corda-bamba/ Texto aliás fraco e confuso que fala em coisas como "filosofia quântica". O "argumento" de abertura do texto é falar que <blockquote>quando alguém não quer ver o milagre que constitui o próprio universo, não há filosofia que sirva o propósito de qualquer argumentação</blockquote> Ora, o fato de que o universo é misterioso ou "milagroso" não é nem de longe evidência de que isso seja causado por um "deus", muito menos por algum deus específico segundo descrito por alguma religião. Isso é um total non sequitur, e dizer em geral que porque acontecem coisas que não compreendemos "então deus existe", isso sim é intelectualmente embaraçoso. <blockquote>O ateísta que escreve esse trecho faz apelo ao “mundo sensível”</blockquote> Não é verdade. "Evidências" de que algo seja verdade não precisam ser medições num laboratório. Podem ser provas abstratas ou argumentos metafísicos. Mas na falta de tanto evidências "sensíveis" quanto de suporte lógico, realmente se torna exclusivamente uma questão de fé - ou seja, de acreditar porque emocionalmente se quer que algo seja verdade e não porque haja qualquer motivo objetivo para isso. O que é humano e diria eu posivelmente até necessário em algumas circunstâncias, mas não venham me dizer que é uma posição racional. <blockquote>próprio conceito de “evidência” exarado no trecho é condicionado por conceitos da Física clássica</blockquote> Isso é uma afirmação absurda tanto sobre mecânica quântica como sobre o que eu escrevi. Em primeiro lugar, a mecânica quântica não refuta o determinismo *lógico*. Em segundo lugar, o indeterminismo no mundo físico não implica em qualquer explicação mística, não mais do que a física clássica. E eu mesmo neste texto e em outros discuto e sublinho abertamente a questão do indeterminismo físico. <blockquote>Contudo, o ateísta não verifica, através dos seus sentidos, a existência desse “mundo real” quântico, o que significa que ele apenas crê na imanência do formalismo matemático que identifica esse “mundo real” mas que não o consegue experimentar.</blockquote> O cientista, ateu ou não, ao fazer ciência "crê" com base tanto em argumentos lógicos como em observações. Mas não com base em tradição, autoridade, revelação ou desejos emocionais de eternidade ou relevância cósmica. Esse é a diferença entre ciência e misticismo obscurantista. Agora, apresentar a importância da observação da realidade como significando que um cientista deve se basear apenas "em seus sentidos" e no que pode experimentar diretamente é ridículo e falso. Assim com é dizer que a observação da realidade está obsoleta na ciência moderna. <blockquote>Paradoxalmente, esta atitude do cientista moderno, de desapego ao antropocentrismo natural no ser humano e prevalecente no senso-comum, tem muito mais a ver com a atitude religiosa clássica do que com a atitude ateísta antropocêntrica e geocêntrica por natureza.</blockquote> Por favor, vai defender agora que os religiosos classicos que têm a mente abertíssima e são eles ao contrário dos cientistas modernos que estão abertos a novas idéias? Isso é patentemente falso. <blockquote>o ateísmo já deixou de ser uma condição do cientista, não só porque o ateísmo se baseia numa mundividência antropocêntrica do universo como se baseia numa visão empírica [do universo] que se tornou obsoleta.</blockquote> Isso é literalmente uma bobagem total, tanto do ponto de vista de observação concreta da realidade (uma grande fração dos cientistas modernos é composta por ateus) quanto como argumento teórico (a ciência física moderna não está nem remotamente perto de deixar de ser "empírica"). <blockquote>Em suma: o ateísta é ― ao contrário do metafísico ― um troglodita actual na medida em que valida somente o mundo dos fenómenos e a sua causalidade e determinismo,</blockquote> Essa afirmação está em total descompasso com a realidade. Só para começar, grande parte dos cientistas que desenvolveram e desenvolvem a mecânica quântica eram e são ateus. <blockquote>mas a simples demonstração científica de que aquilo que parece aos sentidos humanos não é aquilo que é ― mesmo que não saibamos exactamente o que é aquilo que é ― é o suficiente para colocar em causa a validade e a verdade de um dos principais argumentos do ateísmo: o empirismo.</blockquote> O fato de que o que *parece* que é muitas vezes não é realmente não é nenhuma novidade, especialmente para cientistas, e de qualquer forma esse fato não é necessário para questionar a validade lógica do empirismo. O conhecimento do mundo ser necessariamente incompleto já seria suficiente para isso. Diante disso podemos escolher acreditar em coisas aleatórias que satisfazem nosso ego, nossas inseguranças e/ou nossos desejos emocionais ou podemos buscar hipóteses e teorias que, sem qualquer justificativa lógica, parecem apesar disso descrever a realidade de forma suficientemente útil. A primeira atitude é a mística, a segunda é a científica. E a segunda é infinitamente mais aberta para o mundo e apresenta muito menos "mundividência antropocêntrica" do que a primeira. Aqui vai um link para um texto respondendo ao meu texto original : http://espectivas.wordpress.com/2009/10/19/o-empirismo-ateista-na-corda-bamba/

Texto aliás fraco e confuso que fala em coisas como “filosofia quântica”.

O “argumento” de abertura do texto é falar que

quando alguém não quer ver o milagre que constitui o próprio universo, não há filosofia que sirva o propósito de qualquer argumentação

Ora, o fato de que o universo é misterioso ou “milagroso” não é nem de longe evidência de que isso seja causado por um “deus”, muito menos por algum deus específico segundo descrito por alguma religião. Isso é um total non sequitur, e dizer em geral que porque acontecem coisas que não compreendemos “então deus existe”, isso sim é intelectualmente embaraçoso.

O ateísta que escreve esse trecho faz apelo ao “mundo sensível”

Não é verdade. “Evidências” de que algo seja verdade não precisam ser medições num laboratório. Podem ser provas abstratas ou argumentos metafísicos. Mas na falta de tanto evidências “sensíveis” quanto de suporte lógico, realmente se torna exclusivamente uma questão de fé – ou seja, de acreditar porque emocionalmente se quer que algo seja verdade e não porque haja qualquer motivo objetivo para isso. O que é humano e diria eu posivelmente até necessário em algumas circunstâncias, mas não venham me dizer que é uma posição racional.

próprio conceito de “evidência” exarado no trecho é condicionado por conceitos da Física clássica

Isso é uma afirmação absurda tanto sobre mecânica quântica como sobre o que eu escrevi. Em primeiro lugar, a mecânica quântica não refuta o determinismo *lógico*. Em segundo lugar, o indeterminismo no mundo físico não implica em qualquer explicação mística, não mais do que a física clássica. E eu mesmo neste texto e em outros discuto e sublinho abertamente a questão do indeterminismo físico.

Contudo, o ateísta não verifica, através dos seus sentidos, a existência desse “mundo real” quântico, o que significa que ele apenas crê na imanência do formalismo matemático que identifica esse “mundo real” mas que não o consegue experimentar.

O cientista, ateu ou não, ao fazer ciência “crê” com base tanto em argumentos lógicos como em observações. Mas não com base em tradição, autoridade, revelação ou desejos emocionais de eternidade ou relevância cósmica. Esse é a diferença entre ciência e misticismo obscurantista. Agora, apresentar a importância da observação da realidade como significando que um cientista deve se basear apenas “em seus sentidos” e no que pode experimentar diretamente é ridículo e falso. Assim com é dizer que a observação da realidade está obsoleta na ciência moderna.

Paradoxalmente, esta atitude do cientista moderno, de desapego ao antropocentrismo natural no ser humano e prevalecente no senso-comum, tem muito mais a ver com a atitude religiosa clássica do que com a atitude ateísta antropocêntrica e geocêntrica por natureza.

Por favor, vai defender agora que os religiosos classicos que têm a mente abertíssima e são eles ao contrário dos cientistas modernos que estão abertos a novas idéias? Isso é patentemente falso.

o ateísmo já deixou de ser uma condição do cientista, não só porque o ateísmo se baseia numa mundividência antropocêntrica do universo como se baseia numa visão empírica [do universo] que se tornou obsoleta.

Isso é literalmente uma bobagem total, tanto do ponto de vista de observação concreta da realidade (uma grande fração dos cientistas modernos é composta por ateus) quanto como argumento teórico (a ciência física moderna não está nem remotamente perto de deixar de ser “empírica”).

Em suma: o ateísta é ― ao contrário do metafísico ― um troglodita actual na medida em que valida somente o mundo dos fenómenos e a sua causalidade e determinismo,

Essa afirmação está em total descompasso com a realidade. Só para começar, grande parte dos cientistas que desenvolveram e desenvolvem a mecânica quântica eram e são ateus.

mas a simples demonstração científica de que aquilo que parece aos sentidos humanos não é aquilo que é ― mesmo que não saibamos exactamente o que é aquilo que é ― é o suficiente para colocar em causa a validade e a verdade de um dos principais argumentos do ateísmo: o empirismo.

O fato de que o que *parece* que é muitas vezes não é realmente não é nenhuma novidade, especialmente para cientistas, e de qualquer forma esse fato não é necessário para questionar a validade lógica do empirismo. O conhecimento do mundo ser necessariamente incompleto já seria suficiente para isso. Diante disso podemos escolher acreditar em coisas aleatórias que satisfazem nosso ego, nossas inseguranças e/ou nossos desejos emocionais ou podemos buscar hipóteses e teorias que, sem qualquer justificativa lógica, parecem apesar disso descrever a realidade de forma suficientemente útil. A primeira atitude é a mística, a segunda é a científica. E a segunda é infinitamente mais aberta para o mundo e apresenta muito menos “mundividência antropocêntrica” do que a primeira.

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By: O empirismo ateísta na corda-bamba « perspectivas .././comment-page-1/#comment-1303 O empirismo ateísta na corda-bamba « perspectivas Sun, 18 Oct 2009 23:09:55 +0000 ../../../../.././?p=1101#comment-1303 [...] religião Reparemos neste conjunto de proposições que respiguei aqui e que dizem respeito a este outro artigo: Eu não acreditar em deus é uma posição circunstancial, não metodológica ou a priori. Caso [...] [...] religião Reparemos neste conjunto de proposições que respiguei aqui e que dizem respeito a este outro artigo: Eu não acreditar em deus é uma posição circunstancial, não metodológica ou a priori. Caso [...]

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By: Sergio de Biasi .././comment-page-1/#comment-1214 Sergio de Biasi Thu, 08 Oct 2009 15:57:43 +0000 ../../../../.././?p=1101#comment-1214 <blockquote>Naoli &Nemlerei Mas… tenho pena de você. Ateísmo é muito irracional.</blockquote> Para alguém que anuncia com maiúsculas "Não li e Nem lerei", ou seja, que anuncia que está colocando as mãos nos ouvidos e gritando "la la la la", você me parece incongruentemente preocupado com racionalidade. Ninguém tem qualquer obrigação de ler nada do que eu escrevo, naturalmente, mas dizer que não vai ler mas mesmo assim ter uma opinião é anunciar embaraçosamente sua própria opinião preferencial pelo preconceito desinformado. Se você tem pena sem nem ter lido, eu tenho centenas de vezes mais pena de você, pois que eu de fato li e conheço detalhadamente a doutrina cristã. Aliás, com certeza mais do que a maior parte dos "cristãos". E esta sim, é *completamente* irracional. Novamente, não que este seja seu grande ou maior problema.

Naoli &Nemlerei
Mas… tenho pena de você. Ateísmo é muito irracional.

Para alguém que anuncia com maiúsculas “Não li e Nem lerei”, ou seja, que anuncia que está colocando as mãos nos ouvidos e gritando “la la la la”, você me parece incongruentemente preocupado com racionalidade. Ninguém tem qualquer obrigação de ler nada do que eu escrevo, naturalmente, mas dizer que não vai ler mas mesmo assim ter uma opinião é anunciar embaraçosamente sua própria opinião preferencial pelo preconceito desinformado.

Se você tem pena sem nem ter lido, eu tenho centenas de vezes mais pena de você, pois que eu de fato li e conheço detalhadamente a doutrina cristã. Aliás, com certeza mais do que a maior parte dos “cristãos”. E esta sim, é *completamente* irracional. Novamente, não que este seja seu grande ou maior problema.

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By: Carlos .././comment-page-1/#comment-1212 Carlos Wed, 07 Oct 2009 17:48:27 +0000 ../../../../.././?p=1101#comment-1212 Naoli &Nemlerei Mas... tenho pena de você. Ateísmo é muito irracional. []'s Naoli &Nemlerei

Mas… tenho pena de você. Ateísmo é muito irracional.

[]‘s

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By: Sergio de Biasi .././comment-page-1/#comment-1158 Sergio de Biasi Sun, 27 Sep 2009 03:55:59 +0000 ../../../../.././?p=1101#comment-1158 <blockquote>“Você não pode estar seriamente defendendo que São Nicolau voava por aí num trenó puxado por renas e colocando presentes em chaminés. É abundamentemente óbvio que é isso que eu estou dizendo que não existe, não que São Nicolau não existiu.” Não, não disse que São Nicolau voava em trenós, mas consta que ele distribuia dinheiro a necessitados por suas chaminés. Nem toda característica do mito é falsa, e nem toda é verdadeira. Não foi isso que eu disse</blockquote> Eu sei que não pode ter sido isso que você disse (que São Nicolau concretamente voava em trenós). Porém, é isso que eu estou dizendo que é falso : as características absurdas do mito. Não estou dizendo que São Nicolau não existiu e sim, só para começar, que ele não existe mais. <blockquote> Mas, como ocorre com Deus, algumas ações que não são dele são atribuidas a ele, e algumas que são realmente dele são atribuídas a ele. Cabe procurar saber quais.</blockquote> E eu neguei isso quando? Isto é, que algo não precisa necessariamente ser 100% verdadeiro ou 100% falso? É claro que pode. Agora, isso não quer dizer que não existam afirmações essencialmente falsas como "O Pelé é presidente do Brasil." Argumentar coisas como "Ah, mas ele de fato é brasileiro!" tornando a afirmação mais verossímil do que "O Pato Donald é presidente do Brasil." não elimina o fato de que a afirmação é essencialmente falsa. <blockquote>Eu acho que o problema com o ateísmo é o que ocorre com São Nicolau. Suponha um crime. O ateu diria que é melhor não fazer nada, não investigar, porque não dá para ter certeza, nem de que foi um crime.</blockquote> Isso não descreve o comportamento de um ateu genérico nem mesmo de forma caricatural. Para começar, como eu já observei diversas vezes, é falacioso falar em "os ateus" como se houvesse algum tipo de unidade ideológica ou de pensamento metafísico entre eles. Aliás, esse era um dos pontos principais do meu texto. Mas falando em termos de números isso não tem absolutamente nenhuma relação com o que uma grande parte dos ateus pensa; aliás em geral está mais para o contrário, pelo menos para os ateus mais cientificistas, que tendem a acreditar que não devemos ignorar evidências concretas apenas para favorecer motivações emocionais e/ou expectativas preexistentes. Falando por mim, que de fato sou ateu, o que eu fiz no caso de São Nicolau, como no de deus e no de outros sistemas mitológicos de crenças inacreditáveis, foi sim, "investigar o crime" e não encontrar absolutamente qualquer evidência de que ele tenha ocorrido como descrito. A denúncia de crime foi levada 100% a sério, mas ao se buscar provas ou mesmo uma descrição coerente do crime, nada foi encontrado. Então não se trata de duvidar da veracidade de qualquer coisa independentemente das evidências, e sim precisamente o oposto, de acreditar nas coisas proporcionalmente às evidências. O crente é que troca o desconforto da incerteza diante do desconhecido e da verdade apenas parcialmente cogniscível mas real pelo conforto do "conhecimento" de "verdades" absolutas para as quais não há qualquer fundamento sólido. <blockquote>Ele tem várias experiências que ele considera que não podem se reduzir à ação do acaso ou qualquer outra coisa.</blockquote> A realidade não é determinada pelo que queremos que seja verdade, ou pelo que nos deixa confortáveis. As experiências "não podem" se reduzir à ação do acaso apenas porque isso nos incomoda. Não há nenhum problema lógico com seqüências de eventos se reduzirem à ação do acaso. Pessoas morrem todos os dias por puro azar, sem que isso envolva qualquer significado transcendente. Claro, acreditar que sua vida tem um "sentido" externo a ele talvez deixe o crente mais feliz, mas isso não quer dizer que ele esteja certo quanto à realidade das coisas. <blockquote>“Agora, eu também defendo que existem limites além dos quais eu não reconheço a autoridade da sociedade de interferir na vida pessoal de cada um, e a religião em geral parece ter sérios problemas com esses limites.” Quando Dawkins e outros se dizem contra a autoridade dos pais de ensinar sua religião a seus filhos, em uma época em que o Estado cada vez mais interfere na vida das pessoas, o problema é a religião?</blockquote> Repito o que já disse diversas vezes : o ateísmo, ao contrário por exemplo do catolicismo, é uma posição assumida uma grande fração das vezes individualmente, sem referência a dogmas, figuras de autoridade, ou sistemas ideológicos externos. Ou seja, eu não sou "seguidor" ou apóstolo de Richard Dawkins ou de qualquer outro ateu famoso, e não me sinto nem remotamente obrigado a concordar ou a defender qualquer coisa que ele tenha dito. Agora, sobre os pais abusarem da sua autoridade para ensinarem coisas absurdas, neuróticas e nocivas sobre como o universo funciona, eu de fato concordo com Dawkins que isso é revoltante. PORÉM, eu discordo de Dawkins sobre que isso deveria ser proibido. Se não forem os pais a determinaram a que idéias crianças serão expostas, será quem? O governo? Comitês? O diretor da escola? Não, ninguém tem autoridade moral maior do que os próprios pais para cumprir essa tarefa, e mesmo que desaprovemos como alguns a cumprem, não cabe a nós invervir senão em casos escandalosamente extremos, e eu não acho que isso qualifique, por mais que me incomode. Da mesma forma, eu também sou contra a politica advogada (e em alguns casos efetivada) em certos países europeus de se proibir o uso da burca. Eu acho isso tão equivocado quanto obrigar o seu uso. Eu concordo com Dawkins que religião faz mal às pessoas, mas não acho que seja razoável querer então ditar aos pais que idéias podem ensinar a seus filhos e como, ou proibir práticas religiosas. Da mesma forma, eu acho que comunismo é uma idéia absurda, mas sou completamente contra torná-la ilegal, ou querer proibir que pais ensinem a seus filhos que devem ser comunistas. Então, em resumo, eu de fato não concordo com Dawkins quanto a isso, por mais que eu fique extremamente desconfotável em ver crianças sendo ensinadas a adorarem figuras mitológicas como se fossem reais e a adotarem como uma das bases sagradas de seu sistema de referência ética e intelectual uma coletânea caótica de folclore com origens que alcançam a idade do bronze.

“Você não pode estar seriamente defendendo que São Nicolau voava por aí num trenó puxado por renas e colocando presentes em chaminés. É abundamentemente óbvio que é isso que eu estou dizendo que não existe, não que São Nicolau não existiu.”

Não, não disse que São Nicolau voava em trenós, mas consta que ele distribuia dinheiro a necessitados por suas chaminés. Nem toda característica do mito é falsa, e nem toda é verdadeira. Não foi isso que eu disse

Eu sei que não pode ter sido isso que você disse (que São Nicolau concretamente voava em trenós). Porém, é isso que eu estou dizendo que é falso : as características absurdas do mito. Não estou dizendo que São Nicolau não existiu e sim, só para começar, que ele não existe mais.

Mas, como ocorre com Deus, algumas ações que não são dele são atribuidas a ele, e algumas que são realmente dele são atribuídas a ele. Cabe procurar saber quais.

E eu neguei isso quando? Isto é, que algo não precisa necessariamente ser 100% verdadeiro ou 100% falso? É claro que pode. Agora, isso não quer dizer que não existam afirmações essencialmente falsas como “O Pelé é presidente do Brasil.” Argumentar coisas como “Ah, mas ele de fato é brasileiro!” tornando a afirmação mais verossímil do que “O Pato Donald é presidente do Brasil.” não elimina o fato de que a afirmação é essencialmente falsa.

Eu acho que o problema com o ateísmo é o que ocorre com São Nicolau. Suponha um crime. O ateu diria que é melhor não fazer nada, não investigar, porque não dá para ter certeza, nem de que foi um crime.

Isso não descreve o comportamento de um ateu genérico nem mesmo de forma caricatural. Para começar, como eu já observei diversas vezes, é falacioso falar em “os ateus” como se houvesse algum tipo de unidade ideológica ou de pensamento metafísico entre eles. Aliás, esse era um dos pontos principais do meu texto. Mas falando em termos de números isso não tem absolutamente nenhuma relação com o que uma grande parte dos ateus pensa; aliás em geral está mais para o contrário, pelo menos para os ateus mais cientificistas, que tendem a acreditar que não devemos ignorar evidências concretas apenas para favorecer motivações emocionais e/ou expectativas preexistentes.

Falando por mim, que de fato sou ateu, o que eu fiz no caso de São Nicolau, como no de deus e no de outros sistemas mitológicos de crenças inacreditáveis, foi sim, “investigar o crime” e não encontrar absolutamente qualquer evidência de que ele tenha ocorrido como descrito. A denúncia de crime foi levada 100% a sério, mas ao se buscar provas ou mesmo uma descrição coerente do crime, nada foi encontrado. Então não se trata de duvidar da veracidade de qualquer coisa independentemente das evidências, e sim precisamente o oposto, de acreditar nas coisas proporcionalmente às evidências.

O crente é que troca o desconforto da incerteza diante do desconhecido e da verdade apenas parcialmente cogniscível mas real pelo conforto do “conhecimento” de “verdades” absolutas para as quais não há qualquer fundamento sólido.

Ele tem várias experiências que ele considera que não podem se reduzir à ação do acaso ou qualquer outra coisa.

A realidade não é determinada pelo que queremos que seja verdade, ou pelo que nos deixa confortáveis. As experiências “não podem” se reduzir à ação do acaso apenas porque isso nos incomoda. Não há nenhum problema lógico com seqüências de eventos se reduzirem à ação do acaso. Pessoas morrem todos os dias por puro azar, sem que isso envolva qualquer significado transcendente. Claro, acreditar que sua vida tem um “sentido” externo a ele talvez deixe o crente mais feliz, mas isso não quer dizer que ele esteja certo quanto à realidade das coisas.

“Agora, eu também defendo que existem limites além dos quais eu não reconheço a autoridade da sociedade de interferir na vida pessoal de cada um, e a religião em geral parece ter sérios problemas com esses limites.”

Quando Dawkins e outros se dizem contra a autoridade dos pais de ensinar sua religião a seus filhos, em uma época em que o Estado cada vez mais interfere na vida das pessoas, o problema é a religião?

Repito o que já disse diversas vezes : o ateísmo, ao contrário por exemplo do catolicismo, é uma posição assumida uma grande fração das vezes individualmente, sem referência a dogmas, figuras de autoridade, ou sistemas ideológicos externos.

Ou seja, eu não sou “seguidor” ou apóstolo de Richard Dawkins ou de qualquer outro ateu famoso, e não me sinto nem remotamente obrigado a concordar ou a defender qualquer coisa que ele tenha dito.

Agora, sobre os pais abusarem da sua autoridade para ensinarem coisas absurdas, neuróticas e nocivas sobre como o universo funciona, eu de fato concordo com Dawkins que isso é revoltante. PORÉM, eu discordo de Dawkins sobre que isso deveria ser proibido. Se não forem os pais a determinaram a que idéias crianças serão expostas, será quem? O governo? Comitês? O diretor da escola? Não, ninguém tem autoridade moral maior do que os próprios pais para cumprir essa tarefa, e mesmo que desaprovemos como alguns a cumprem, não cabe a nós invervir senão em casos escandalosamente extremos, e eu não acho que isso qualifique, por mais que me incomode. Da mesma forma, eu também sou contra a politica advogada (e em alguns casos efetivada) em certos países europeus de se proibir o uso da burca. Eu acho isso tão equivocado quanto obrigar o seu uso.

Eu concordo com Dawkins que religião faz mal às pessoas, mas não acho que seja razoável querer então ditar aos pais que idéias podem ensinar a seus filhos e como, ou proibir práticas religiosas. Da mesma forma, eu acho que comunismo é uma idéia absurda, mas sou completamente contra torná-la ilegal, ou querer proibir que pais ensinem a seus filhos que devem ser comunistas.

Então, em resumo, eu de fato não concordo com Dawkins quanto a isso, por mais que eu fique extremamente desconfotável em ver crianças sendo ensinadas a adorarem figuras mitológicas como se fossem reais e a adotarem como uma das bases sagradas de seu sistema de referência ética e intelectual uma coletânea caótica de folclore com origens que alcançam a idade do bronze.

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By: Fernando Carneiro .././comment-page-1/#comment-1151 Fernando Carneiro Sat, 26 Sep 2009 16:24:40 +0000 ../../../../.././?p=1101#comment-1151 "Você não pode estar seriamente defendendo que São Nicolau voava por aí num trenó puxado por renas e colocando presentes em chaminés. É abundamentemente óbvio que é isso que eu estou dizendo que não existe, não que São Nicolau não existiu." Não, não disse que São Nicolau voava em trenós, mas consta que ele distribuia dinheiro a necessitados por suas chaminés. Nem toda característica do mito é falsa, e nem toda é verdadeira. Não foi isso que eu disse. Mas, como ocorre com Deus, algumas ações que não são dele são atribuidas a ele, e algumas que são realmente dele são atribuídas a ele. Cabe procurar saber quais. "É óbvio que não se pode perceber diretamente a falta de sentido; ela é percebida pela sua ausência. Mas na falta de evidências convincentes de que haja um sentido, é perfeitamente razoável concluir que não haja, assim como é perfeitamente razoável concluir que não há um tigre invisível me seguindo a todos os lugares que vou, embora isso também não possa ser “percebido” diretamente." Não se percebe nem a presença de sentido nem a falta de sentido. Esse era o meu ponto. Eu acho que o problema com o ateísmo é o que ocorre com São Nicolau. Suponha um crime. O ateu diria que é melhor não fazer nada, não investigar, porque não dá para ter certeza, nem de que foi um crime. Realmente, não dá. Mas outro resolve investigar, chega a suspeitos, e arruma uma confissão. Nem a confissão dá certeza, o sujeito pode estar protegendo alguem, ou querendo se gabar de ter matado alguem. Aí temos a incerteza de um corroborada por acontecimentos subsequentes, e o ateu diz "como não podemos ter certeza absoluta, é razoável acreditar que não houve crime, foi um acidente". O ateu troca o engano possível, ou provável, pelo engano real de que não houve nada. O crente não tem uma experiencia do sentido. Ele tem várias experiências que ele considera que não podem se reduzir à ação do acaso ou qualquer outra coisa. "Agora, eu também defendo que existem limites além dos quais eu não reconheço a autoridade da sociedade de interferir na vida pessoal de cada um, e a religião em geral parece ter sérios problemas com esses limites." Quando Dawkins e outros se dizem contra a autoridade dos pais de ensinar sua religião a seus filhos, em uma época em que o Estado cada vez mais interfere na vida das pessoas, o problema é a religião? “Você não pode estar seriamente defendendo que São Nicolau voava por aí num trenó puxado por renas e colocando presentes em chaminés. É abundamentemente óbvio que é isso que eu estou dizendo que não existe, não que São Nicolau não existiu.”

Não, não disse que São Nicolau voava em trenós, mas consta que ele distribuia dinheiro a necessitados por suas chaminés. Nem toda característica do mito é falsa, e nem toda é verdadeira. Não foi isso que eu disse. Mas, como ocorre com Deus, algumas ações que não são dele são atribuidas a ele, e algumas que são realmente dele são atribuídas a ele. Cabe procurar saber quais.

“É óbvio que não se pode perceber diretamente a falta de sentido; ela é percebida pela sua ausência. Mas na falta de evidências convincentes de que haja um sentido, é perfeitamente razoável concluir que não haja, assim como é perfeitamente razoável concluir que não há um tigre invisível me seguindo a todos os lugares que vou, embora isso também não possa ser “percebido” diretamente.”

Não se percebe nem a presença de sentido nem a falta de sentido. Esse era o meu ponto. Eu acho que o problema com o ateísmo é o que ocorre com São Nicolau. Suponha um crime. O ateu diria que é melhor não fazer nada, não investigar, porque não dá para ter certeza, nem de que foi um crime. Realmente, não dá. Mas outro resolve investigar, chega a suspeitos, e arruma uma confissão. Nem a confissão dá certeza, o sujeito pode estar protegendo alguem, ou querendo se gabar de ter matado alguem. Aí temos a incerteza de um corroborada por acontecimentos subsequentes, e o ateu diz “como não podemos ter certeza absoluta, é razoável acreditar que não houve crime, foi um acidente”. O ateu troca o engano possível, ou provável, pelo engano real de que não houve nada. O crente não tem uma experiencia do sentido. Ele tem várias experiências que ele considera que não podem se reduzir à ação do acaso ou qualquer outra coisa.

“Agora, eu também defendo que existem limites além dos quais eu não reconheço a autoridade da sociedade de interferir na vida pessoal de cada um, e a religião em geral parece ter sérios problemas com esses limites.”

Quando Dawkins e outros se dizem contra a autoridade dos pais de ensinar sua religião a seus filhos, em uma época em que o Estado cada vez mais interfere na vida das pessoas, o problema é a religião?

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By: Sergio de Biasi .././comment-page-1/#comment-1103 Sergio de Biasi Tue, 22 Sep 2009 10:41:11 +0000 ../../../../.././?p=1101#comment-1103 Pois é, eu de fato não me identifico com essa posição miopicamente racionalista assumida por uma boa parte dos ateus militantes. Agora, eu *também* não acredito que o abandono da razão seja uma solução, ou mesmo desejável. Mas não existem apenas essas duas opções, e acho que é uma falsificação achar que todo defensor de idéias religiosas seja um campeão da irracionalidade, assim como acho um enorme erro autocolocar a posição atéia como efeito colateral automático de "ser racional". Pessoalmente, minha maior crítica à religião institucionalizada não é sua irracionalidade suposta ou real e sim sua empiricamente e historicamente universal tendência à intolerância, que a meu ver decorre quase inevitavelmente da posição de buscar resolver o desconforto do desconhecido através da adoção voluntária de dogmas. Saudacões, Sergio Pois é, eu de fato não me identifico com essa posição miopicamente racionalista assumida por uma boa parte dos ateus militantes. Agora, eu *também* não acredito que o abandono da razão seja uma solução, ou mesmo desejável. Mas não existem apenas essas duas opções, e acho que é uma falsificação achar que todo defensor de idéias religiosas seja um campeão da irracionalidade, assim como acho um enorme erro autocolocar a posição atéia como efeito colateral automático de “ser racional”. Pessoalmente, minha maior crítica à religião institucionalizada não é sua irracionalidade suposta ou real e sim sua empiricamente e historicamente universal tendência à intolerância, que a meu ver decorre quase inevitavelmente da posição de buscar resolver o desconforto do desconhecido através da adoção voluntária de dogmas.

Saudacões,
Sergio

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By: Grammar .././comment-page-1/#comment-1097 Grammar Mon, 21 Sep 2009 23:04:13 +0000 ../../../../.././?p=1101#comment-1097 A resposta do item 3 é algo que te diferencia de boa parte dos Ateístas engajados. Como um católico tardio, o fato de não pensar que a razão seja uma ferramenta suficiente (em cientifiquês: é condição necessária mas insuficiente) para dar resposta a questões fundamentais da vida foi o que me fez largar o ateísmo. A resposta do item 3 é algo que te diferencia de boa parte dos Ateístas engajados. Como um católico tardio, o fato de não pensar que a razão seja uma ferramenta suficiente (em cientifiquês: é condição necessária mas insuficiente) para dar resposta a questões fundamentais da vida foi o que me fez largar o ateísmo.

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By: Sergio de Biasi .././comment-page-1/#comment-1088 Sergio de Biasi Mon, 21 Sep 2009 04:32:47 +0000 ../../../../.././?p=1101#comment-1088 Ewerton, Ok, quanto à questão de que é preciso definir melhor Papai Noel para eliminar inconsistências lógicas intrínsecas, já concordamos. Quanto ao argumento que você dá em seguida, existem, sim falhas nele. Vou me concentrar em uma em particular : você está supondo que seria uma "realidade concebível" um universo no qual existessem leis ad hoc referentes ao Papai Noel. Mas quando os físicos imaginam que possa haver uma infinidade de realidades paralelas, continuam sendo dentro de um arcabouço teórico mais amplo na qual nao existe espaço para situações desse tipo. Mas tudo bem, esqueçamos os físicos e pensemos sem preconceitos. Pensemos em todos os universos logicamente possíveis, esquecendo o que a física especula que sejam universos razoáveis. Bem, *nesse* caso, se vamos aceitar leis ad hoc como uma "realidade concebível", então axiomaticamente, por definição, é claro que num tal universo Papai Noel seria possível. Mas aí não vale, isso é completamente tautológico. É equivalente a dizer (embora de uma forma um pouco mais convoluta) "num universo no qual o Papai Noel é possivel, ele é possível". Sempre podemos provar qualquer coisa se estivermos dispostos a transformá-la em axioma. Mas isso dificilmente é um argumento suficiente a favor de que uma afirmação seja verdadeira considerando apenas o que já sabemos. Então seria preciso primeiro definir melhor o que estamos dispostos a aceitar como "universos concebíveis". Se estamos dispostos a aceitar como "universo concebível" um universo deus ex machina no qual "todas as leis são iguais às deste, com a exceção de que existe uma entidade chamada Papai Noel à qual as regras não se aplicam", então é claro que nesse universo o Papai Noel pode existir sem problemas lógicos. Mas bolas, isso para mim não é exatamente um "universo concebível" no sentido científico. Certamente é concebível logicamente, mas não me parece que tenha nada a ver com o que os físicos têm a dizer sobre múltiplas realidades, que é como essa questão foi introduzida. O infinito de possibilidades que os físicos cogitam continua não abrangendo qualquer coisa logicamente concebível, aliás, muito longe disso. Então quando começamos a falar de *todas* as coisas logicamente concebíveis, não estamos mais falando de física, e sim de metafísica. O que não é um problema, mas se for este o caso, não me parece uma proposição particularmente elucidativa ou interessante afirmar que "se propusermos um universo no qual por axioma X é possível, então X é possível". Certo, isso é verdade. Mas e daí? Bem mais interessante ou relevante seria especular sobre uma definição de Papai Noel que não exigisse que sua existência fosse promulgada por decreto, em todo o resto à sua volta funcionando da forma como observamos. Só que o conceito de Papai Noel é tão transbordantemente absurdo e incompatível com tudo o que sabemos que isso não me parece possível. Em resumo, se a questão for "Ah, alguns físicos cogitam um infinito de realidades paralelas, seria então verossímil imaginar que Papai Noel possa existir em alguma delas?", para mim a resposta é que não. E se a questão for "Bem, nesse caso, é possível conceber logicamente um universo exatamente igual ao nosso mas no qual exista uma entidade às quais as leis da física que se aplicam a todo o resto não se estendam a ela e que tenha propriedades que atendam a uma definição reconhecível de Papai Noel?" Nesse caso, a resposta é sim, mas note que isso se aplicaria trivialmente a qualquer coisa que não fosse logicamente autocontraditória, e portanto não diz absolutamente nada sobre Papai Noel. Saudações, Sergio Ewerton,

Ok, quanto à questão de que é preciso definir melhor Papai Noel para eliminar inconsistências lógicas intrínsecas, já concordamos.

Quanto ao argumento que você dá em seguida, existem, sim falhas nele. Vou me concentrar em uma em particular : você está supondo que seria uma “realidade concebível” um universo no qual existessem leis ad hoc referentes ao Papai Noel. Mas quando os físicos imaginam que possa haver uma infinidade de realidades paralelas, continuam sendo dentro de um arcabouço teórico mais amplo na qual nao existe espaço para situações desse tipo.

Mas tudo bem, esqueçamos os físicos e pensemos sem preconceitos. Pensemos em todos os universos logicamente possíveis, esquecendo o que a física especula que sejam universos razoáveis. Bem, *nesse* caso, se vamos aceitar leis ad hoc como uma “realidade concebível”, então axiomaticamente, por definição, é claro que num tal universo Papai Noel seria possível. Mas aí não vale, isso é completamente tautológico. É equivalente a dizer (embora de uma forma um pouco mais convoluta) “num universo no qual o Papai Noel é possivel, ele é possível”. Sempre podemos provar qualquer coisa se estivermos dispostos a transformá-la em axioma. Mas isso dificilmente é um argumento suficiente a favor de que uma afirmação seja verdadeira considerando apenas o que já sabemos.

Então seria preciso primeiro definir melhor o que estamos dispostos a aceitar como “universos concebíveis”. Se estamos dispostos a aceitar como “universo concebível” um universo deus ex machina no qual “todas as leis são iguais às deste, com a exceção de que existe uma entidade chamada Papai Noel à qual as regras não se aplicam”, então é claro que nesse universo o Papai Noel pode existir sem problemas lógicos. Mas bolas, isso para mim não é exatamente um “universo concebível” no sentido científico. Certamente é concebível logicamente, mas não me parece que tenha nada a ver com o que os físicos têm a dizer sobre múltiplas realidades, que é como essa questão foi introduzida.

O infinito de possibilidades que os físicos cogitam continua não abrangendo qualquer coisa logicamente concebível, aliás, muito longe disso. Então quando começamos a falar de *todas* as coisas logicamente concebíveis, não estamos mais falando de física, e sim de metafísica. O que não é um problema, mas se for este o caso, não me parece uma proposição particularmente elucidativa ou interessante afirmar que “se propusermos um universo no qual por axioma X é possível, então X é possível”. Certo, isso é verdade. Mas e daí? Bem mais interessante ou relevante seria especular sobre uma definição de Papai Noel que não exigisse que sua existência fosse promulgada por decreto, em todo o resto à sua volta funcionando da forma como observamos. Só que o conceito de Papai Noel é tão transbordantemente absurdo e incompatível com tudo o que sabemos que isso não me parece possível.

Em resumo, se a questão for “Ah, alguns físicos cogitam um infinito de realidades paralelas, seria então verossímil imaginar que Papai Noel possa existir em alguma delas?”, para mim a resposta é que não.

E se a questão for “Bem, nesse caso, é possível conceber logicamente um universo exatamente igual ao nosso mas no qual exista uma entidade às quais as leis da física que se aplicam a todo o resto não se estendam a ela e que tenha propriedades que atendam a uma definição reconhecível de Papai Noel?” Nesse caso, a resposta é sim, mas note que isso se aplicaria trivialmente a qualquer coisa que não fosse logicamente autocontraditória, e portanto não diz absolutamente nada sobre Papai Noel.

Saudações,
Sergio

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By: Ewerton .././comment-page-1/#comment-1087 Ewerton Mon, 21 Sep 2009 03:26:14 +0000 ../../../../.././?p=1101#comment-1087 Caro Sérgio, Você está corretíssimo ao afirmar que é necessário, antes de tudo, definir o que é "Papai Noel". De fato, existem diversas versões contraditórias do que seja "Papai Noel", ou seja, histórias distintas, propriedades distintas, e incompatíveis, que se amalgamaram em diferentes culturas. Se queremos ser consistentes, precisamos de uma definição que exclua todas as contradições, ou de múltiplas definições distintas e não-contraditórias. A versão (ou versões) não-contraditórias podem, então, existir em algum dos infinitos Universos que realizam todas as possibilidades lógicas de existência. Por exemplo, o Papai Noel pode ser, numa definição autoconsistente, um indivíduo humano, em um planeta habitado por seres humanos, que na noite de Natal entrega presentes a todas as crianças do globo. Existe, do ponto de vista lógico, um Universo capaz de reproduzir tal ente? Eu digo que é possível. E provo. Consideremos que em um Universo exista um supercomputador capaz de efetuar um número de 10^10^10^10^10^10 operações por segundo e com 10^10^10^10^10^10 bytes de memória. Tal supercomputador possui poder computacional suficiente para simular o nosso Universo (e muitos outros). Suponhamos que o programador deste supercomputador decida emular o nosso Universo com todos os detalhes: leis físicas, etc., exceto por um único indivíduo de uma espécie em tudo semelhante à nossa, ao qual este programador confere "poderes" extraordinários, ou seja, a capacidade de fazer aquilo que Papai Noel, conforme definido anteriormente, faz. Existe alguma falha lógica neste argumento? Você diz que uma série infinita não implica na realização de todas as possibilidades, e é verdade. Mas estamos definindo aqui a série infinita como sendo o conjunto de todas as realidades concebíveis logicamente consistentes. Você precisa mostrar que, dada a definição desta série, é impossível que exista Papai Noel (como defini acima) nela, ou seja, que "Papai Noel" é uma antinomia. O infinito aqui é dos mais vastos... Caro Sérgio,

Você está corretíssimo ao afirmar que é necessário, antes de tudo, definir o que é “Papai Noel”. De fato, existem diversas versões contraditórias do que seja “Papai Noel”, ou seja, histórias distintas, propriedades distintas, e incompatíveis, que se amalgamaram em diferentes culturas. Se queremos ser consistentes, precisamos de uma definição que exclua todas as contradições, ou de múltiplas definições distintas e não-contraditórias. A versão (ou versões) não-contraditórias podem, então, existir em algum dos infinitos Universos que realizam todas as possibilidades lógicas de existência.

Por exemplo, o Papai Noel pode ser, numa definição autoconsistente, um indivíduo humano, em um planeta habitado por seres humanos, que na noite de Natal entrega presentes a todas as crianças do globo. Existe, do ponto de vista lógico, um Universo capaz de reproduzir tal ente? Eu digo que é possível. E provo.

Consideremos que em um Universo exista um supercomputador capaz de efetuar um número de 10^10^10^10^10^10 operações por segundo e com 10^10^10^10^10^10 bytes de memória. Tal supercomputador possui poder computacional suficiente para simular o nosso Universo (e muitos outros). Suponhamos que o programador deste supercomputador decida emular o nosso Universo com todos os detalhes: leis físicas, etc., exceto por um único indivíduo de uma espécie em tudo semelhante à nossa, ao qual este programador confere “poderes” extraordinários, ou seja, a capacidade de fazer aquilo que Papai Noel, conforme definido anteriormente, faz. Existe alguma falha lógica neste argumento?

Você diz que uma série infinita não implica na realização de todas as possibilidades, e é verdade. Mas estamos definindo aqui a série infinita como sendo o conjunto de todas as realidades concebíveis logicamente consistentes. Você precisa mostrar que, dada a definição desta série, é impossível que exista Papai Noel (como defini acima) nela, ou seja, que “Papai Noel” é uma antinomia. O infinito aqui é dos mais vastos…

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By: Sergio de Biasi .././comment-page-1/#comment-1083 Sergio de Biasi Sun, 20 Sep 2009 20:14:20 +0000 ../../../../.././?p=1101#comment-1083 http://cartesianofinito.blogspot.com/2009/09/ateismo-para-principiantes.html http://cartesianofinito.blogspot.com/2009/09/ateismo-para-principiantes.html

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By: Sergio de Biasi .././comment-page-1/#comment-1081 Sergio de Biasi Sun, 20 Sep 2009 19:55:18 +0000 ../../../../.././?p=1101#comment-1081 Caro Ewerton, As contradições lógicas surgem naturalmente a partir do momento em que Papai Noel é um personagem mitológico e não uma tentativa científica de descrever um fenômeno com possibilidade concreta de ser real. Então veja, qualidades completamente contraditórias e logicamente inconciliáveis são agrupadas e associadas ao mesmo personagem, tornando-o irrealizável não apenas na prática, mas mesmo em teoria. É fácil referir-se à afirmação "existe Papai Noel" como se houvesse uma definição precisa do que se está falando. Mas a verdade é que essa definição nem sequer existe; existem <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Santa_Claus" rel="nofollow">fragmentos mitológicos confusos, incompletos e por vezes autocontraditórios</a> de propriedades que algo deveria ter para poder ser chamado de Papai Noel, e que não podem ser todos simultaneamente atendidos, nem em teoria. Então o problema de estarmos falando de algo inconsistente precede a sua improbabilidade ou o fato de que teríamos que mudar todas as leis da física para torná-lo possível; nem sequer existe uma definição coerente satisfatível do que algo precisaria ser para podermos afirmar "ok, aqui está Papai Noel". Então para começar precisamos definir melhor do que estamos falando. Mas digamos que então tentemos restringir a uma versão específica e bastante restrita do mito e digamos algo como por exemplo "Tá, ok, vamos dizer que Papai Noel é um velhinho humano que voa num trenó e distribui presentes para todas as crianças do mundo na noite de natal." e ficar por aí. Deixemos pra lá como ele se veste, qual a sua origem, onde ele mora, etc. Ora, o que estamos dizendo aqui já envolve diversas impossibilidades físicas segundo o nosso conhecimento de como o universo funciona. Então é um dado (com o qual você concorda) que teríamos que alterá-las de tal forma para acomodar Papai Noel que daí já se torna extremamente improvável (mesmo teoricamente) que ele exista neste universo. Isso sem falar que adicionalmente não há qualquer evidência concreta a favor. Então neste universo, nada feito. Ou seja, teríamos que necessariamente pensar um conjunto diferente de leis da física. Agora, note, não estamos realmente falando de "todas as leis físicas imagináveis e logicamente consistentes". Estamos falando de todas as leis físicas que além disso *também* acomodem a impressão que temos da realidade como a conhecemos. Senão não vale! Que expliquem não só Papei Noel mas também todo o resto, a existência de seres humanos, e que expliquem o que estamos fazendo de errado para não sermos todos capazes de voar por aí num trenó. Isso *talvez* seja logicamente impossível. Talvez não dê para conciliar mesmo essa descrição genérica de Papai Noel com todo o resto. Mesmo tentando à força criar leis ad hoc dizendo "exceto o Papai Noel", isso pode ser impossível de fechar logicamente. Note, não confundamos aqui nomes com coisas. Não vale dizer "oh, se chamarmos uma bola de golfe de Papai Noel então Papai Noel existe". Estamos falando de algo com certas propriedades em relação com o resto do mundo. Se mudarmos as leis da física de forma que seja possivel viajar à velocidade de luz, e fizermos isso para conceber um outro universo no qual o que chamamos de Papai Noel *neste* universo seja possível *naquele*, então muito possivelmente ele não seria Papai Noel *naquele* universo, dado que aquele universo seria completamente diferente diante de uma torrente de efeitos colaterais e, por exemplo, talvez qualquer um pudesse sair por aí voando de trenó na noite de natal. Seria preciso conceber um universo no qual o resto fosse consistente com o que observamos neste para a comparaçao fazer sentido. E então especular que leis da física poderiam explicar isso e Papai Noel ao mesmo tempo. Mas espere, isso é o que a ciência já faz! Mas ok, suponhamos que seja possivel conceber um conjunto de leis físicas suficientemente consistente com o universo como o observamos para que seja verossímil que representem as leis do nosso universo e que ao mesmo tempo admitam a existência de Papai Noel. Mesmo assim, não é verdadeiro o argumento de que existirem "infinitas realidades" implicaria em que sequer todas as realidades logicamente possíveis seriam de fato realizadas. Mesmo que estivéssemos falando de algo trivial que não apresentasse qualquer dificuldade lógica e não violasse qualquer lei da física no nosso universo como "em algum momento houve em algum lugar no universo um cubo de plutônio com um quilômetro de lado com precisão de um milímetro", não há qualquer obrigatoriedade lógica de que, mesmo havendo infinitas realidades, isso ocorresse de fato em alguma delas. Aliás, continuaria sendo extremamente improvável, MESMO considerando um número infinito de universos infinitos. O infinito é um conceito mais sutil do que possa parecer a princípio. É perfeitamente possível, e na verdade fácil, construir conjuntos infinitos nos quais nunca se observa nenhuma instância de objeto com determinadas propriedades. Em resumo, dado o mito confuso e incongruente de Papai Noel como existe, não dá pra realizar todos os seus aspectos sem contradições. Mas mesmo que nos ativermos a uma versão logicamente consistente do mito, continua parecendo para mim *extremamemente* (as in : not gonna happen) improvável que qualquer universo, com quaisquer leis físicas imagináveis, que ao mesmo tempo seja também consistente com o que observamos sobre este universo, admita a existência de qualquer realização suficientemente próxima de algo reconhecível como Papai Noel. Adicionalmente eu acho ridículo e danoso dizer a crianças que Papai Noel existe, mas isso é outra história. :-) Saudações, Sergio Caro Ewerton,

As contradições lógicas surgem naturalmente a partir do momento em que Papai Noel é um personagem mitológico e não uma tentativa científica de descrever um fenômeno com possibilidade concreta de ser real. Então veja, qualidades completamente contraditórias e logicamente inconciliáveis são agrupadas e associadas ao mesmo personagem, tornando-o irrealizável não apenas na prática, mas mesmo em teoria. É fácil referir-se à afirmação “existe Papai Noel” como se houvesse uma definição precisa do que se está falando. Mas a verdade é que essa definição nem sequer existe; existem fragmentos mitológicos confusos, incompletos e por vezes autocontraditórios de propriedades que algo deveria ter para poder ser chamado de Papai Noel, e que não podem ser todos simultaneamente atendidos, nem em teoria. Então o problema de estarmos falando de algo inconsistente precede a sua improbabilidade ou o fato de que teríamos que mudar todas as leis da física para torná-lo possível; nem sequer existe uma definição coerente satisfatível do que algo precisaria ser para podermos afirmar “ok, aqui está Papai Noel”. Então para começar precisamos definir melhor do que estamos falando.

Mas digamos que então tentemos restringir a uma versão específica e bastante restrita do mito e digamos algo como por exemplo “Tá, ok, vamos dizer que Papai Noel é um velhinho humano que voa num trenó e distribui presentes para todas as crianças do mundo na noite de natal.” e ficar por aí. Deixemos pra lá como ele se veste, qual a sua origem, onde ele mora, etc. Ora, o que estamos dizendo aqui já envolve diversas impossibilidades físicas segundo o nosso conhecimento de como o universo funciona. Então é um dado (com o qual você concorda) que teríamos que alterá-las de tal forma para acomodar Papai Noel que daí já se torna extremamente improvável (mesmo teoricamente) que ele exista neste universo. Isso sem falar que adicionalmente não há qualquer evidência concreta a favor. Então neste universo, nada feito. Ou seja, teríamos que necessariamente pensar um conjunto diferente de leis da física.

Agora, note, não estamos realmente falando de “todas as leis físicas imagináveis e logicamente consistentes”. Estamos falando de todas as leis físicas que além disso *também* acomodem a impressão que temos da realidade como a conhecemos. Senão não vale! Que expliquem não só Papei Noel mas também todo o resto, a existência de seres humanos, e que expliquem o que estamos fazendo de errado para não sermos todos capazes de voar por aí num trenó. Isso *talvez* seja logicamente impossível. Talvez não dê para conciliar mesmo essa descrição genérica de Papai Noel com todo o resto. Mesmo tentando à força criar leis ad hoc dizendo “exceto o Papai Noel”, isso pode ser impossível de fechar logicamente.

Note, não confundamos aqui nomes com coisas. Não vale dizer “oh, se chamarmos uma bola de golfe de Papai Noel então Papai Noel existe”. Estamos falando de algo com certas propriedades em relação com o resto do mundo. Se mudarmos as leis da física de forma que seja possivel viajar à velocidade de luz, e fizermos isso para conceber um outro universo no qual o que chamamos de Papai Noel *neste* universo seja possível *naquele*, então muito possivelmente ele não seria Papai Noel *naquele* universo, dado que aquele universo seria completamente diferente diante de uma torrente de efeitos colaterais e, por exemplo, talvez qualquer um pudesse sair por aí voando de trenó na noite de natal. Seria preciso conceber um universo no qual o resto fosse consistente com o que observamos neste para a comparaçao fazer sentido. E então especular que leis da física poderiam explicar isso e Papai Noel ao mesmo tempo. Mas espere, isso é o que a ciência já faz!

Mas ok, suponhamos que seja possivel conceber um conjunto de leis físicas suficientemente consistente com o universo como o observamos para que seja verossímil que representem as leis do nosso universo e que ao mesmo tempo admitam a existência de Papai Noel. Mesmo assim, não é verdadeiro o argumento de que existirem “infinitas realidades” implicaria em que sequer todas as realidades logicamente possíveis seriam de fato realizadas. Mesmo que estivéssemos falando de algo trivial que não apresentasse qualquer dificuldade lógica e não violasse qualquer lei da física no nosso universo como “em algum momento houve em algum lugar no universo um cubo de plutônio com um quilômetro de lado com precisão de um milímetro”, não há qualquer obrigatoriedade lógica de que, mesmo havendo infinitas realidades, isso ocorresse de fato em alguma delas. Aliás, continuaria sendo extremamente improvável, MESMO considerando um número infinito de universos infinitos. O infinito é um conceito mais sutil do que possa parecer a princípio. É perfeitamente possível, e na verdade fácil, construir conjuntos infinitos nos quais nunca se observa nenhuma instância de objeto com determinadas propriedades.

Em resumo, dado o mito confuso e incongruente de Papai Noel como existe, não dá pra realizar todos os seus aspectos sem contradições. Mas mesmo que nos ativermos a uma versão logicamente consistente do mito, continua parecendo para mim *extremamemente* (as in : not gonna happen) improvável que qualquer universo, com quaisquer leis físicas imagináveis, que ao mesmo tempo seja também consistente com o que observamos sobre este universo, admita a existência de qualquer realização suficientemente próxima de algo reconhecível como Papai Noel.

Adicionalmente eu acho ridículo e danoso dizer a crianças que Papai Noel existe, mas isso é outra história. :-)

Saudações,
Sergio

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By: Ewerton .././comment-page-1/#comment-1080 Ewerton Sun, 20 Sep 2009 17:19:33 +0000 ../../../../.././?p=1101#comment-1080 Caro Sérgio, Concordo que a existência de Papai Noel nesta realidade, com as leis físicas conhecidas, é algo extremamente improvável (e, definitivamente, ele não existe em nosso planeta). Mas não há nada que fira a lógica na proposição "existe Papai Noel". Gostaria que vc me demonstrasse, usando apenas a lógica, sem considerações de leis físicas válidas em nosso mundo, mas tendo em vista que todas as leis físicas imagináveis e logicamente consistentes são realizadas em realidades paralelas à nossa, que a existência de Papai Noel é uma contradição, como dizer que 2+2=5. Veja, multilocação, mover-se mais rápido que a luz, violar a conservação da energia, a lei da inércia, etc. são limites físicos, não limites lógicos. Caro Sérgio,

Concordo que a existência de Papai Noel nesta realidade, com as leis físicas conhecidas, é algo extremamente improvável (e, definitivamente, ele não existe em nosso planeta). Mas não há nada que fira a lógica na proposição “existe Papai Noel”. Gostaria que vc me demonstrasse, usando apenas a lógica, sem considerações de leis físicas válidas em nosso mundo, mas tendo em vista que todas as leis físicas imagináveis e logicamente consistentes são realizadas em realidades paralelas à nossa, que a existência de Papai Noel é uma contradição, como dizer que 2+2=5. Veja, multilocação, mover-se mais rápido que a luz, violar a conservação da energia, a lei da inércia, etc. são limites físicos, não limites lógicos.

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