Marx Disfarçado
Refletindo Sobre O Apodrecimento.
Mais Divertido Que Observar Pássaros.
Por Fred Reed
Tradução de Sergio de Biasi
( “Marx in Disguise”, texto #151 em Fred on Everything )
(Nota do Tradutor : Em certas passagens, tenha em mente o leitor que o artigo foi escrito tendo como contexto os Estados Unidos; infelizmente, a identificação de nossos similares nacionais não é muito difícil de fazer.)
Seguindo o princípio de que a lepra é mais divertida se você compreender por que seus dedos estão caindo, permitam-me alguns pensamentos sobre Karl Marx, suas tolas teorias, e nossa queda em uma versão Disney delas.
O Marxismo é um amontoado estúpido, quase comicamente errado de besteiras sem sentido criado por um homem que tinha pouca compreensão da humanidade, de política ou de economia. Trata-se de um economista cujas teorias invariavelmente levam ao empobrecimento. Como indício de grandeza, isso soaria bastante ineficaz. Ele é um personagem importante pelo mesmo motivo que o mosquito da dengue – pelo dano causado mais do que pelo exercício da inteligência.
(Tenham um pouco de paciência. Esta não é um linchamento pré-cozido de tudo o que for de esquerda. Há um sentido vindo mais adiante.)
Ademais, os erros de Marx não foram em detalhes. Foram fundamentais. Por exemplo, ele esperava que os trabalhadores se unissem. Ao invés disso, a primeira guerra mundial mostrou que, com regularidade monótona (e talvez sabedoria duvidosa), suas lealdades ficaram com seus países. Ele pensou que a revolução viria nas nações industrializadas com proletários adequados. Ao invés disso, ela veio primeiro em países agrícolas atrasados, e nunca veio de fato onde ele esperava. Ele pensava que os economias européias nunca dariam origem às democracias liberais que hoje parecem ser o que todo mundo quer. Elas deram.
Em resumo, ele era um lunático. Ele foi, entretanto, ou um lunático que avaliou corretamente a manipulabilidade dos congenitamente raivosos, ou simplesmente sortudo. Ninguém, em tempo algum, foi responsável por tanta morte e brutalidade quanto Karl Marx. Não era o que ele tinha em mente, pelo menos não conscientemente, de qualquer modo. Mas foi o que ele causou.
É o que os marxistas sempre causam. Com previsibilidade perfeita, os estados marxistas são estados policiais. O principal traço do paraíso dos trabalhadores é o de que todos os trabalhadores querem ir embora, e precisam ser mantidos lá com metralhadoras e minas terrestres. Em países divididos como a Coréia, temos algo que se aproxima de um experimento de laboratório. A Coréia do Sul é uma potência industrial de alta tecnologia. Na Coréia do Norte, eles comem grama e, ocasionalmente, uns aos outros. Se a Coréia é um exemplo geográfico, a China é um temporal: assim que começou a abandonar o marxismo, começou a progredir.
O marxismo é comprovadamente um desastre. E os marxistas sabem disso. História elementar não é um segredo.
Tudo isso seria apenas de interesse acadêmico se o mesmo espírito, sob outros nomes, não estivesse tão intensamente ativo na América hoje. Nós o vemos em uma variedade de disfarces. Quando a Rússia praticava a censura, nós chamávamos isso de “censura”. Aqui, chamamos de “politicamente correto”. Continuamos tendo que olhar sobre nossos ombros antes de dizer as coisas erradas. A diferença é… qual? Na Rússia, os marxistas pregavam a luta de classes. Aqui eles pregam multiculturalismo. A diferença é… qual? Os Russos, impedidos de falar abertamente, circulavam os samizdat. Aqui temos a internet. A diferença, além da eficiência, é… qual?
Nossos marxianos domésticos são jornalistas, acadêmicos, profissionais raciais, multiculturalistas, feministas radicais e educadores. A maior parte deles não dispõe de inteligência ou formação para saber o que estão ajudando a fazer. (Acho que a expressão é “inocentes úteis”.) Os líderes, como por exemplo nas universidades, de fato sabem. Eles são menos letais que Lênin e Trotsky, mas sua direção é a mesma.
A chave para compreendê-los está no reconhecimento de que o marxismo não é um sistema, mas um sentimento : uma hostilidade sombria, implacável e vingativa contra a sociedade ao redor. Seus devotos são devotos do ódio. Isso distingue claramente o marxismo do socialismo democrático europeu normal. Pode-se debater se, digamos, a Suécia é socialista demais ou se não é socialista o suficiente. Contudo, o socialismo sueco não é intrinsecamente perverso. O marxismo é.
Em seu coração estão (1) um desejo do controle total sobre tudo, incluindo o pensamento, (2) uma disposição a impor a obediência através de absolutamente quaisquer meios, (3) uma despreocupação com a realidade econômica e portanto com o bem-estar material e (4) um desprezo pela humanidade (“as massas”). Trata-se simplesmente de ressentimento politizado, voltado não para ajudar os desfavorecidos mas para atingir os bem-sucedidos.
Agora, pessoas que visceralmente percebem o que está acontecendo freqüentemente querem debater com nossos marxianos. É um erro. A economia não é um assunto matematicamente verificável. Sendo a política também imprecisa, é fácil argumentar a favor ou contra qualquer posição até que o debate se dissolva em um lamaçal. Pode-se facilmente construir uma defesa do comunismo, assim como do nazismo, da democracia, do catolicismo, do ateísmo, ou da pedofilia.
Ao invés disso, você tem de se lembrar de quem eles são, de o que eles são. Eles são pessoas que querem destruir a civilização ao seu redor.
Isso explica alguns fatos que poderiam de outra forma parecer contraditórios. Por exemplo, as feministas radicais, muito marxianas em espírito, denunciam discriminações imaginárias contra as mulheres na América, mas dizem muito pouco sobre as mutilações compulsórias do clitóris em países africanos e islâmicos. Isso não faz nenhum sentido se você acredita que elas querem beneficiar as mulheres. Faz total sentido se seu objetivo é criar divisões com vistas a destruir a América.
Ou repare como a extrema esquerda fala incessantemente sobre os maus-tratos a que estão sujeitos os negros na América, mas quase universalmente não exige tais providências, como uma melhor educação, que poderiam ajudar os negros. Por que? Porque (1) eles não se importam realmente com os negros, exceto como ferramentas políticas e (2) se os negros prosperassem, eles se juntariam à classe média e deixariam de ser convenientemente divisivos.
Similarmente, para crianças latinas nossos marxianos advogam educação bilingue, a qual tem um registro comprovado de prejudicar o aprendizado do inglês. Por que? Latinos que falassem inglês fluente acabariam por se casar com pessoas chamadas Ferguson e se tornariam americanos. Fim da linha para a luta de classes.
Portanto, é por isso que os marxianos, em todos os lugares invariavelmente denunciando a opressão, invariavelmente a praticam. Não há qualquer contradição. Eles não fazem qualquer objeção à opressão. Ela é central para seus propósitos. (Cite um país marxista que não seja opressor.) Denunciá-la é somente politicamente útil.|
A última coisa que eles querem é que países atrasados floresçam e se tornem democracias liberais.
Taticamente, eles estão em terreno sólido na América. Os Estados Unidos sempre tendo sido bem-sucedidos em assimilar grupos, os marxianos precisaram reverter o processo de forma a ter luta de classes. Eles não puderam utilizar o usual proletariado pois este havia se movido para a classe média. Conseqüentemente, precisaram promover ou inventar novas divisões. Eles o fizeram. Funcionou.
Brancos contra pretos foi uma linha de falha obviamente útil que a extrema esquerda não inventou mas que cultivou cuidadosamente. Abrir a fronteira do sul significou importar uma classe divisiva. Colocar mulheres contra homens também foi notavelmente bem sucedido. Empurrar os homossexuais para a hostilidade forneceu ainda mais um ressentimento utilizável. O terrorismo emocional praticado contra garotos de escola (“polícia-e-ladrão-é-violento”), leis contra certas formas de discurso consideradas “ofensivas”, a punição da não-conformidade (através por exemplo da perda do emprego) são todas versões mais brandas das práticas soviéticas. Até agora.
Nós, eu penso, não faremos nada sobre isso. Lepra e docilidade são uma combinação infeliz. Mas interessante.
Fred Reed é colunista do Washington Times.
Leia seus artigos em FredOnEverything.net
http://direitabeminformada.blogspot.com/2009/05/marx-disfarcado.html
http://blogsemmascara.blogspot.com/2009/05/marx-disfarcado.html
http://vigilanciademocratica.org/index.php?/Artigos/Artigos-sobre-Sociedade/marx-disfarcado.html
http://www.endireitar.org/site/marxismo/353-marx-disfarcado
http://www.varican.xpg.com.br/varican/Diversos/Marxdisfarc.HTM
Caro de Biasi,
é a primeira vez que visito teu site e fiquei extremamente feliz em ter encontrado “O Indivíduo” (tanto o .com quanto o .org). É sempre bom saber que ainda há pessoas que utilizam a internet para difundir idéias e promover o debate e a reflexão, e não torná-la – como a esmagadora maioria faz – um simples depositário de inutilidades enlatadas prontas para o consumo.
Não tivesse lido a – já longa – história dO Indivíduo, em algum dos artigos aqui postados, terminaria agora com votos de “long live”, mas, como bem o sabes melhor que eu, a proposta dos anos de faculdade foi aprovada pelo teste do tempo.
Parabéns.
Até a próxima.
Abraço.
Oi Delano,
Sim, um problema de que se sofre atualmente com o crescimento exponencial da internet é overdose de informação, ou melhor, de textos e imagens e vídeos e “fatos”. Por um lado temos um acesso cada vez maior às fontes primárias; por outro, localizar conteúdos de interesse no meio disso tudo está cada vez mais difícil. Todas as pessoas do mundo falando ao mesmo tempo e infelizmente pouquíssimas com algo para dizer que não seja basicamente ruído ou regurgitação de idéias enlatadas. Conversamente, sempre bom receber comentários de quem quer sair desse mar de banalidades e encontra no que estamos fazendo aqui mérito nessa direção. :-) Enfim, valeu o comentário!
Abraços,
Sergio
Caro de Biasi,
sobre o artigo, bastante interessante a exposição do autor. Aliás, ao ler o sobrenome Reed, inevitavelmente lembrei do falecido John Reed e por um instante imaginei se não teriam, talvez, algum parentesco. Seria curiosamente irônico que o articulista fosse parente do único americano enterrado com honras de herói soviético, sepultado na Praça Vermelha. =P
Bom, o que mais me chama a atenção a respeito do comunismo é exatamente essa falta de compreensão que se tem a respeito do que realmente seja essa “doutrina”, não raro permitindo que o marxismo seja tratado como louvável teoria sobre um modelo “ideal” de sociedade, de modo que acabou se tornando idolatrado por algumas cabecinhas, principalmente no meio universitário.
Obviamente existem méritos na teoria dos alemães, mas me parece que não têm força suficiente para jogar a um segundo plano a exortação à violência, ao “terror revolucionário” e a menção à eliminação do lixo racial (o Volkerabfalle na dicção dos próprios pensadores) que permeiam os escritos de seus idealizadores. A diferença entre as práticas dos nazistas e soviéticos reside basicamente no objeto, que, para os alemães de Hitler, era definido em uma falsa concepção biológica.
De longe o tal marxismo pintou uma ficha criminal bem mais extensa que a dos nazistas alemães, os quais, pelo próprio nome de seu partido, já dá pra se ter uma ideia de onde têm as raízes fincadas. E, com base em estudos sérios, como os do professor George Watson, da Universidade de Cambridge, a ideia do genocídio racial parece ter sido copiada por Hitler das lições de Marx e Engels.
Existe, aliás, um ótimo documentário que explora essa ignorância que paira sobre o marxismo, em que se faz alusão a estes e diversos outros pontos: The Soviet Story, dirigido por Edvins Snore. Ali se mostra de maneira rápida – porém incisiva – a verdadeira face do comunismo/marxismo, tendo servido o regime soviético de tubo de ensaio para as atrocidades nazistas, hoje tão condenadas. Marcante no pequeno filme são as reiteradas demonstrações de que o regime nazista, longe de ter inaugurado o extermínio institucionalizado de seres humanos, literalmente tomou aulas com a NKVD soviética, sendo apresentado até mesmo documento em que foi selada a cooperação entre estas duas entidades filantrópicas.
Não fosse triste, o documentário é bastante curioso, posto que advogar pelo nazismo é hoje tido como prática moral e legalmente criminosa, irrefutavelmente associada à lembrança do holocausto, ao passo em que defender o marxismo/comunismo, longe disso, aparenta ser “cool”, “alternativo”, “intelectual”. Lembro-me, nestas horas, daquela velha máxima de que a história é escrita pelos vencedores. Parece que vai bem a este caso.
Acredito que não custaria nada ser dada nas escolas alguma ênfase a mais aos horrores da União Soviética, associando a tragédia comunista não somente ao regime instituído naquele país, mas também às próprias ideias que geraram tal sociedade. Até porque o crime institucionalizado não é exclusividade eslava, encontrando semelhantes relatos na história – atual? – de outras nações, de que são bons exemplos a China e Cuba.
Outro documento igualmente interessante é a biografia “Stálin – A corte do czar vermelho”, escrita por Simon Sebag Montefiore. Nela – produzida com base em informações às quais só recentemente se teve acesso – mostra-se com alguma fidelidade o dia-a-dia do ditador, primando pelo retrato psicológico do líder e daqueles que viviam ao seu redor, comandando o antigo império socialista e, sem quaisquer empecilhos morais, comandando o extermínio de quem quer que fosse contrário ao regime.
Bom, sinceramente acredito que tanto o livro quanto o documentário não devem ser completos desconhecidos para ti, mas talvez algum leitor possa tirar proveito, afinal, são dois bons exemplos de como o marxismo foi nocivo à humanidade e que podem muito bem complementar a leitura do artigo aqui postado. Afinal, como bem diz Reed (o sensato =P), “O marxismo é comprovadamente um desastre. E os marxistas sabem disso. História elementar não é um segredo”.
Abraço.
Delano Aragão Vaz
Oi Delano,
De fato as semelhanças entre nazismo e comunismo são vezes demais convenientemente não só minimizadas como freqüentemente desonestamente negadas quando se ensina história ou se discute política. Seria mesmo bom que se lembrasse com mais freqüência que o nazismo é uma ideologia socialista.
Saudações,
Sergio
[...] dizia Marx que a religião seria o ópio do [...]