Banca de jornal politicamente incorreta no JFK
Toda vez que vou ao terminal 8 do JFK sinto vontade de escrever sobre uma banca de jornal que lá existe e que inocentemente divide suas revistas em “men’s interests” e “women’s interests”. Eis que finalmente o faço, e para colocar o leitor a par do que estou falando, convido a um exame mais detido da foto acima (clique aqui para uma versão em alta resolução).
Antes de qualquer elaboração crítica, tomada de posição ideológica, desconstrução sociológica ou análise semiótica, comecemos por simplesmente examinar tão objetivamente quanto possível o que ali está. Quais são os assuntos considerados “interesses de homem” e quais são os considerados “interesses de mulher”?
Em ordem de prioridade, interesses de homem, como percebidos pelo gerente da banca :
- Mulher pelada pseudo-chique
- Mulher pelada nao tão chique
- Mais mulher pelada que nunca é demais
- Praia
- Futebol
- Pescar
- Ficar em forma e com saúde
- Ficar em forma e musculoso. Tenha ótimo sexo esta noite.
- Finanças
- Ser preto
- Guerra
- Terrorismo
- Finanças e Política Internacional (Brasil na capa!)
- Crise econômica
- Baseball
- Reflexões sociológico-existenciais
- Finanças e crise econômica
- Educação superior
- Finanças
- Mais finanças
- Ainda mais finanças
- Reflexões sociológico-existenciais (de novo)
- Carros caros
- Ficar em forma
- Carros esporte
- Turismo
- Ir pro meio do mato com uma mochila e um canivete
- Golfe
- Mais golfe
- Carros inacreditáveis
Contraste-se com isso, em ordem de prioridade, interesses de mulher, como percebidos pelo gerente da banca :
- Sapatos. Aparência. Onde comprar coisas com desconto.
- Decoração e como preparar um jantar ou dar uma festa.
- Receitas culinárias e onde comprar coisas com desconto.
- Moda.
- “Saúde” (entre aspas porque, convenhamos, “como consertar um metabolismo quebrado?”)
- Ficar em forma, emagrecer.
- Saúde, emagrecer, emagrecer, emagrecer!
- Emagrecer. Comida. Emagrecer. Comida.
- Casar. Ser noiva. Vestido de noiva. Buquê de noiva. Noivas.
- Fofocas. Meu casamento de sonhos.
- Como cuidar da casa. Como compras coisas com desconto.
- Ser preta.
- Ser preta.
- O que mulheres casadas felizes não devem fazer. Como cuidar da sua aparência seja qual for sua idade.
- Fofocas sobre pessoas famosas.
- Mais fofocas sobre pessoas famosas.
- Ficar em forma, emagrecer (de novo).
- Ainda mais fofocas sobre pessoas famosas.
- Ainda mais fofocas sobre pessoas famosas que nunca é demais.
- Aparência. Moda. “Sexo e amor”. Como parece mais sexy.
- Sapatos. Bolsas. Moda. Aparência.
- Bolsas baratas. Aparência. “Como mudar sua vida.”
- Aparência. Como cuidar da sua beleza sem gastar dinheiro.
- Como cuidas da sua pele. Como cuidar da sua aparência sem gastar dinheiro. Como fazer seu cabelo parecer sexy.
- Produtos de beleza. Cabelo.
- Beleza. Ficar em forma.
- Ficar em forma, emagrecer.
- Aparência.
- Ficar em forma. Emagrecer. Dieta para melhorar sua vida sexual.
Certo. Agora, vamos pensar sobre o que isso significa.
Para começar, eu gostaria de observar que com alta probabilidade o gerente da banca não tem qualquer intenção ou mesmo interesse em usar de sua classificação das revistas como instrumento de propaganda, lavagem cerebral ou opressão ideológica. Me parece bem mais razoável supor que quase – ou totalmente – ingenuamente ele buscava facilitar a homens e mulheres mais rapidamente encontrarem o que procuram. Então desliguemos a hipocrisia e os muxoxos afetando indignação e consideremos se tem algo de realmente incorreto com essa avaliação, ou se o que realmente nos incomoda – para quem essa foto incomoda – é essa de fato ser a realidade.
Sinceramente, quais as chances de um homem comprar uma Marie Claire? E quais as chances de uma mulher comprar uma Golf Digest?
Note-se, a disparidade não termina na seleção feita pelo gerente da banca. Os editores das revistas também sabem qual e seu público e selecionam o conteúdo de acordo. Então ao olharmos para essa cena o que realmente nos incomoda é o desconfortável abismo que existe entre os desejos, aspirações, sonhos e objetivos de homens e mulheres. Queríamos que isso fosse diferente, que não fosse assim, que pudéssemos olhar juntos na mesma direção, porque de certa forma queremos coisas um do outro. Queremos que nossos desejos sejam complementares ou pelo menos compatíveis. Mas ao mesmo tempo em que queremos coisas um do outro, as coisas que tentamos oferecer em troca não são as que o outro quer. É como entrar no açogue e tentar comprar um quilo de carne pagando com um saco de arruelas enferrujadas. E então o açogueiro responder que não tem qualquer interesse em arruelas enferrujadas e que aliás a carne não está à venda mas se você lhe der seu braço direito ele te fornecerá fotos de cachorros fofinhos. E então você dizer “Não, não, não tenho qualquer interesse em foto de cachorros fofinhos, me dê então aqueles pregos tortos ali no canto.” O diálogo é surreal e bizarro porque os interesses e necessidades de um são completamente alienígenas para o outro. As coisas que o outro quer de nós, não é que não esteja em nosso poder oferecer, mas nos confunde que o outro dê tanto importância ao que consideramos banal, e diminuta importância ao que consideramos essencial.
Entre várias observações que eu poderia fazer sobre as capas das revistas, note-se o seguinte padrão nos interesses listados acima. As mulheres fazem um esforço enorme para serem desejadas, para parecerem sexy, para cuidarem de sua aparência, para serem socialmente aptas, para se casarem, para basicamente fazerem tudo que possivelmente terá como resultado previsível… ter um homem, provavelmente vários, querendo muito ter sexo com elas. Por outro lado e paradoxalmente, não demonstram nem remotamente a mesma quantidade de disposição a (ou evidência de) reciprocar esse interesse e desejo. Então elas gastam um esforço enorme e grande parte de seu tempo, dinheiro e preocupação em serem atraentes, e em grande parte e primordialmente através de sua aparência… quando nem sequer está listado entre seus interesses e considerações prioritárias efetivamente ter sexo. Por que alguém faria isso tudo, se não for para efetivamente ter sexo? O leitor pode tirar suas próprias conclusões.
Agora, antes que me acusem de ser sexista, vejamos o lado masculino. Os homens, por outro lado, querem gastar quase zero de tempo e esforço em cuidar de sua aparência, em serem socialmente aptos, em serem atraentes, em ficar tentando entender o que poderia tornar sua imagem mais sexy. E ao mesmo tempo, seu primeiro e mais prioritário interesse é ter acesso a sexo. Agora me digam, como e em que termos pretendem ter acesso a sexo com essa atitude? O leitor pode tirar suas próprias conclusões.
Então em resumo, na capa de uma revista feminina a manchete é algo do tipo “como parecer sexy”, isto é, como fazer com que um homem queira ter sexo com você (mas de fato ter sexo é uma consideração decididamente secundária, e possivelmente nem sequer o ponto ou objetivo). Enquanto isso, na capa de uma revista masculina a manchete é algo (literalmente) do tipo “como ter sexo hoje, esta noite”, isto é, como fazer para de fato ter sexo com uma mulher (mas ela sequer estar atraída por você é uma consideração decididamente secundária, e possivelmente nem sequer o ponto ou objetivo). A diferença de paradigma é brutal. Mas em comum há que ambas as estratégias parecem absolutamente alucinadas, incompreensíveis e revoltantemente autocentradas.
Aliás, nas capas de revistas “para mulheres” há… mulheres. E nas capas de revistas para homens há… homens. Quer dizer, com a notável exceção das revistas eróticas para homens, as quais são tão socialmente inaceitáveis que precisam ser escondidas… embora figurem antes de todos os outros interesses. Então é assim, as mulheres não têm nenhum interesse no que os homens pensam ou em fazê-los felizes… mas querem ser desejadas por eles. E os homens não têm nenhum interesse no que as mulheres pensam ou em fazê-las felizes… mas querem ter acesso sexual a elas. Note-se, a maior parte dos artigos e manchetes, para ambos os sexos, não são do tipo “como posso fazer uma mulher feliz” ou “como posso fazer um homem feliz” e sim universalmente “como faço para conseguir o que eu quero”. Então embora ambos os gêneros tendam a ter em suas mãos as ferramentas para atender às necessidades biológicas, psicológicas, emocionais e afetivas um do outro, esse enorme potencial de satisfação mútua permanece em grande parte inexplorado, fechado a cadeado por uma atitude egoísta, perdedora e miópica de “apenas as minhas necessidade importam”.
Evidentemente estou aqui falando de tendências e médias, e pessoas reais desviam disso em diversos graus.
Mas como tendência, o homem médio provê serviços afetivos absolutamente medíocres às suas parceiras. Age de forma quase autista e não faz qualquer esboço de tentativa de aprender como agradá-las emocionalmente, ou mesmo de entender quais são as suas necessidades; em geral, inclusive, legítimas e profundas necessidades psicológicas de suas parceiras são tratadas como inconvenientes a serem tanto quanto possível contornados ou ignorados.
Da mesma forma, a mulher média provê serviços sexuais absolutamente medíocres aos seus parceiros. Não faz qualquer esboço de tentativa de aprender como agradá-lo na cama, ou mesmo de entender quais são as suas necessidades; em geral, inclusive, legítimas e profundas necessidades psicológicas de seus parceiros são tratadas como inconvenientes a serem tanto quanto possível contornados ou ignorados.
Triste forma dos gêneros se relacionarem, um com a chave da felicidade do outro na mão mas incapaz de libertá-la, enquanto tenta agressivamente tomá-la das mãos do outro.
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Um comentário adicional que eu gostaria de fazer é como a mulher média não ter a menor noção, não tem a mais remota idéia, não tem a sombra de um vestígio de um vapor de um sopro de uma pista de quão diferente é sua experiência social da de um homem.
A mulher média, bastando para isso não ser grotescamente repulsiva, rotineiramente desperta o interesse sexual / emocional /afetivo / psicológico de uma boa fração dos homens que encontra. Se for um pouco acima da média, de quase todos. Mas para despertar de pelo menos alguns, na maior parte dos casos, basta exclusivamente ser mulher. Basta ser mulher e entrar num ambiente, e pelo menos alguns homens estarão instantaneamente receptivos e interessados. Na verdade não precisa sequer entrar num ambiente – basta ter nome de mulher e já passa a usufruir imediatamente de suas arquetípicas prerrogativas femininas ao interagir com homens, mesmo que virtualmente. A mulher média conhece – mesmo que não se dê conta do quanto – o sentimento de ser rotineiramentem, diariamente, gratuitamente desejada. Talvez ela não tenha na maioria dos casos qualquer interesse recíproco, e talvez em casos acima da média isso se torne até mesmo inconveniente. Mas o fato é que a mulher média vive num constante ruído de fundo de ser desejada como mulher. Simplesmente está lá, e é para ela uma parte tão integral do universo que nem se dá mais atenção, ou nunca chegou sequer a ser explicitamente percebido como algo que poderia não estar lá.
Já para um homem médio, ser desejado é uma experiência longe de cotidiana, trivial ou descartável. Pouquíssimos são os homens que ocupam a posição de serem automaticamente, gratuitamente, diariamente desejados ao interagirem socialmente. A mulher média provavelmente ficaria muito chocada e surpresa se pudesse ser colocada no papel social de um homem e então experimentar diretamente quão radicalmente diversa é a posição masculina. A quantidade de frustração sexual / social / afetiva que o homem médio tem que aprender a administrar é muitíssimo além do que a quase totalidade das mulheres remotamente pode imaginar.
O efeito que essa disparidade de experiências tem sobre a psique de ambos os sexos, assim como sobre a interação entre eles, é imenso.
Apesar de os interesses de homens e mulheres – revelados pelas revistas – serem em última análise apenas “sexo”, não se trata do mesmo tipo de sexo.
Quero dizer, mulheres não querem apenas “sexo”, apenas “um parceiro sexual”, mas sim o mais qualificado possível. A seleção é mais rigorosa.
Não que homens não tenham lá as suas exigências, mas, como você mesmo disse e como se pode observar no cotidiano, nenhuma mulher precisa ser uma supermodelo para ser desejada por uma quantidade razoável de homens. Apenas o fato de ser mulher já é uma grande coisa.
E essa discrepância na seletividade sexual de homens e mulheres se manifesta de diversas formas no mercado editorial. Não há, por exemplo, publicações de pornografia masculina voltada para mulheres. Já a pornografia feminina voltada para homens abunda [sic].
Oi Henrique,
Pois é, o “sexo” no qual o homem está interessado é primordialmente biológico; o homem médio transa primordialmente com um corpo feminino, sendo o fato de o dito corpo ter uma personalidade apenas um detalhe e no mais das vezes encarado como um inconveniente a ser transposto. Um homem médio não se importa muito nem fica particularmente impressionado com se uma mulher tem ou não carro, dinheiro, emprego, posição social ou mesmo sanidade mental. Por outro lado, ele de fato fica bastante impressionando se ela tem grandes peitos.
Já o “sexo” no qual a mulher está interessada é primordialmente social; a mulher média transa primordialmente com um avatar de posição tribal, sendo o fato de o dito avatar ter um corpo concreto apenas um detalhe e no mais das vezes encarado como um inconveniente a ser transposto. Uma mulher média não se importa muito nem fica particularmente impressionada com se um homem tem ou não genitais de proporções acima da média. Por outro lado, ela de fato fica bastante impressionanada se ele tem influência e ascendência sobre outras pessoas ou é capaz de prover segurança material.
Uma reclamação que por vezes se faz sobre os homens é de objetificarem as mulheres, de tratarem a mulher como se fosse um utensílio doméstico sem mente e sem necessidades afetivas. Mas as mulheres não raro fazem precisamente o complemento disso : elas abstratificam o homem, elas o tratam como se fosse uma identidade acorpórea sem necessidades físicas e biológicas.
Homens e mulheres interessados em ter suas necessidades atendidas e numa relação real com uma pessoa concreta do sexo oposto precisam perceber que seu parceiro tem uma psique distinta da sua, com necessidades tão legítimas quanto as suas próprias, mesmo que possam a princípio parecer alienígenas. Mas a partir do momento em que aceitam as necessidades do outro como legítimas, provavelmente perceberão que têm em mãos os recursos para atendê-las. Se ambos o fizerem, os dois só tem a ganhar.
Saudações,
Sergio
A mais pura verdade, Henrique. Costumo dizer para minha esposa e para amigas que a frase “Aquela faxineira morre fácil” é infinitamente mais plausível do que “Ai, olha que porteiro gatinho.” Acho que nós estamos mais interessados no “como você é” e elas, primeiramente, no “quem você é”.
Ri muito com este texto Sergio (não que ele seja uma piada). Primeiro porque é a mais absoluta verdade e, segundo, porque é algo que eu falo sempre para minhas amigas (minha esposa eu já a convenci), o que me rende bons linchamentos :-).
Oi Claudio,
Com certeza, chega a ser engraçado quando damos dois passos para trás e olhamos a situação com um certo distanciamento! :-)
Infelizmente no dia-a-dia isso leva aos mais trágicos desencontros… a tristemente típica atitude de eleger suas próprias necessidades e expectativas com relação ao sexo oposto como “obviamente as únicas razoáveis” e se recusar a validar as necessidades e expectativas do outro e tratá-las como frescura (ou pior ainda, como patológicas) é causa de infinita infelicidade. Demonizar sejam as legítimas necessidades masculinas sejam as legítimas necessidades femininas é ridículo de ambas as partes.
Aliás, indo além de homens e mulheres, isso é causa de infinita infelicidade em geral : a atitude de não reconhecer como válidas as necessidades dos outros apenas porque não se conformam às suas próprias.
Saudações,
Sergio
[...] .././ [...]
Oi Sérgio,
é interessante ( e um pouco irrritante) a sua análise, mas vou responder sem histeria, até porque você foi elegante e também falou mau dos homens. Concordo com você; as revistas estão aí porque realmente interessam às pessoas, não é lavagem cerebral nem complô de ninguém, o conteúdo delas diz algo sobre as pessoas.
O primeiro comentário que gostaria de fazer é que, embora muito do que você tenha dito seja verdade, as coisas acabam dando certo entre homens e mulheres [risos]. Existe aquela conversa sobre Marte e Vênus, mas acho que não somos tão incompatíveis asssim.
Sei que há muita infelicidade e muitos desencontros, mas um tema que você não abordou é que os costumes mudaram muito em uma geração ou duas e as pessoas parecem atordoadas, acredito que isso é algo que também atrapalhe. O que você acha? Isso gera não só hipocrisia, mas confusão mesmo. Do ponto de vista das mulheres, que posso falar melhor, às vezes queremos um homem protetor, mas não queremos que ele seja mandão, o que é o outro lado da moeda. Não sei bem como as mudanças afetaram os homens, até porque é meio tabu para vocês falar nisso conosco, afinal, se disserem que não gostaram de alguma mudança, são taxados de machistas.
Quanto aos tipos de revistas classificados como “femininas” ou “masculinas”, você tem razão, são esses mesmos. Entretanto, mesmo mantendo a discussão em termos do “homem médio” e “mulher média” (nem poderia ser de outra forma, pois falar de casos particulares complicaria tudo), existem sim algumas revistas em comum. É claro que um homem não vai comprar a Marie Claire (que eu, particularmente, acho um lixo, mas não vamos falar de mim) e uma mulher não compraria a tal revista sobre Golf (isso existe?!), mas homens e mulheres compram revistas sobre finanças, por exemplo.
Não entendi bem o que você quis dizer com as mulheres não fazerem esfoço pra agradar o homem sexualmente, isso realmente me espantou Nas tais revistas, é só do que se fala.
Concordo com você: os homens são mais rejeitados que as mulheres, tenho amigos homens e eles falam nisso. Mas o que se há de fazer? Em geral, nós ficamos satisfeitas com um só e os homens querem várias, assim a conta não fecha… [risos]. Além disso, os homens são mais corajosos e se arriscam mais, a gente finge desinteresse até ter certeza de que haverá reciprocidade. Mas sem sombra de dúvida, acho que somos mais sossegadas (não sei que outra palavra usar sem ser vulgar) que vocês, por isso nao estamos sempre olhando o sexo oposto.
Bem, é um tema que deve ser abordado, e rende muita discussão.
Até a próxima.
Ana Beatriz
Oi Ana,
Bem, eu acho que o primeiro passo para administrar essa diferença é perceber e aceitar que ela existe. Encher o saco do seu parceiro porque os sentimentos e opiniões deles não correspondem ao que você mesmo acha “natural” é uma receita para conflitos crescentes e insolúveis.
Inclusive eu acho que o maior erro de uma boa parte do movimento feminista é querer lutar para homens e mulheres serem tratados como iguais no sentido de idênticos ao invés de iguais no sentido de igualmente merecedores de respeito e consideração. Grande parte dos homens não será feliz ou adequado seguindo carreiras tipicamente femininas e vice-versa. Não é por acaso, para dar um exemplo óbvio, que homens são porteiros e mulheres são empregadas domésticas. E também não é por acaso que existem muito poucas mulheres que são piloto de avião comercial. Não é por discriminação ou impedimentos legais, é porque a mulher média não têm um milésimo da fascinação masculina com sair por aí pilotando aviões. Em contraste, uma enorme fração das aeromoças são mulheres. Por outro lado, note-se que em algumas áreas profissionais a demolição da mentalidade coercitivamente patriarcal de fato mudou o perfil do mercado de trabalho; mais e mais cargos gerenciais, algo que consiste basicamente em lidar com pessoas, são ocupados por mulheres. Por outro lado vá ver a proporção de mulheres alunas em pós-graduação em teoria da computação. Lutar para que a proporção de mulheres e homens em todas essas carreiras e empregos seja idêntica é literalmente idiota, é um erro que parte de pressupostos de uma falsa identidade de desejos, interesses e vocações.
A mesma coisa ocorre fora do mundo profissional; grande parte das mulheres não será mais feliz se “imitar” o comportamento “tipicamente” masculino e transar em qualquer oportunidade que tiver. Isso é besteira por um milhão de motivos, a começar de que “qualquer oportunidade que tiver” é completamente diferente para homens e mulheres.
Aliás, deixe-me sublinhar este ponto. A quantidade de oportunidades que o homem médio tem para ter sexo sem pagar por isso (ou, considerando o custo de pagar por sexo, mesmo pagando) é muito, muito, muito menos do que para a mulher média. Olhe para qualquer mulher bonita à sua volta e as chances são de que ela tenha um milhão de vezes mais experiência sexual do que os homens médios cuja cabeça ela vira ao passar.
Algumas pessoas versadas em matemática mas aparentemente completamente autistas quanto ao mundo real então vêm dizer “Oh, mas isso é claramente falso, não pode ser verdadeiro, porque em considerando o universo de relações em casais heterossexuais, evidentemente a média tem que ser igual de ambos os lados!” Isso é simultaneamente matematicamente verdadeiro e completamente cego quanto a como se dão as relações sexuais a nível social. Está correto que se eu dividir o número de relações pelo número de pessoas o resultado tem de fato que ser o mesmo. Então como pode minha afirmação ser verdadeira? Bolas, porque as distribuições são completamente diferentes! Tudo bem, tecnicamente então eu deveria estar falando de homem mediano ao invés de homem médio. Mas o fato é que a distribuição da variável “relações sexuais por período de tempo” entre as mulheres é muito mais uniforme do que nos homens. E nos homens ela é extremamente assimétrica, com uma concentraçao muito maior nos valores mais altos, fazendo com que sobre muito, muito menos para o homem mediano do que para a mulher mediana. Levando essa situação ao limite, seria o caso por exemplo de que num grupo de 200 humanos (100 homens e 100 mulheres), existem, suponhamos, um total de 500 relações sexuais por mês. Então na média, cada homem faz sexo 5 vezes por mês, ou uma vez a cada 6 dias. E cada mulher também. Então ambos os lados deveriam estar igualmente satisfeitos, certo? Não, de forma alguma! Isso depende completamente da distribuição. Suponhamos que o que ocorra na verdade seja que 15% desses homens tenham sexo todo dia. Ora, esses gastam então 450 (quase todas) as relações sexuais disponíveis. Para os outros 85% dos homens restam 50 relações, o que significa que terão sexo aproximadamente uma vez a cada 51 dias (quase dois meses). E se a distribuição do lado das mulheres for uniforme, nesse mesmo período uma mulher média terá feito sexo aproximadamente 8.5 vezes. Ou seja, a mulher mediana terá 8.5 vezes mais experiência sexual do que o homem mediano. Supondo um período sexualmente ativo começando aos 18 anos com essas características, a mulher mediana terá aos 21 anos tido 240 relações sexuais enquanto o homem mediano… aproximadamente 28. O que, aliás, só tenderá a reforçar a tendência dessa mulher agora muito mais experiente a ter sexo com alguém entre os 15% dos homens que têm muito mais experiência.
Em outras palavras, e resumindo, tudo muda em sendo o caso de que alguns poucos homens comem todas as mulheres. Note-se que isso é mais ou menos o que ocorre em várias sociedades de macacos, e é daí que vem a expressão “macho alfa”. Um macaco e seus associados mais próximos têm praticamente o monopólio de acesso sexual as fêmeas enquanto que os outros recolhem-se à sua insignificância. Nós repetimos essa estrutura e outras de forma mais fiel do que gostaríamos de admitir.
Então, o comportamento sexual do homem mediano absolutamente não é de ter sexo o tempo todo com todas as mulheres que encontra. O comportamento sexual do homem mediano é de querer fazê-lo, é talvez de até estar receptivo a fazê-lo, e ao mesmo tempo 99.9% do tempo voltar para casa sozinho e imensamente frustrado. Obter algum parceiro sexual para a mulher média é uma trivialidade que beira o entediante. Obter alguma parceira sexual para o homem médio é um desafio que pode beirar o desesperador. Homens, lembrem-se disso ao criticarem as mulheres. Mulheres, lembrem-se disso ao criticarem os homens.
Olha, eu acho o seguinte. Que teve erros e acertos. Os erros eu já descrevi em parte acima – eles ocorrem quando se vai na direção genérica de as mulheres quererem se “libertar” através de… se tornarem iguais ao homens. Através da imitação da atitude ou das atividades estereotipicamente masculinas. Isso é idiota e não serve às necessidades psicológicas e emocionais da maior parte das mulheres. O tipo de libertação que de fato é positivo e também ocorreu é as mulheres conquistarem espaço e permissão social e oportunidade para fazer o que elas de fato querem fazer e estavam sendo impedidas de fazer. Não vejo nada de intrinsecamente errado com uma mulher querer dedicar sua vida a criar uma família ao invés de a competir no mercado de trabalho. O problema é ela fazer isso contra a sua vontade. Entretanto existe um lado do movimento feminista que acha que a não ser que uma mulher abandone seus instintos e imite os homens estará então sendo “oprimida”. Na minha opinião se ela fizer isso a contragosto aí si é que estará sendo oprimida, só que pelas feministas. Eu acho que uma mulher tem que ser livre para seguir seus próprios instintos, sejam eles quais forem, sejam de ser matemática ou astronauta, estilista ou pintora, assistente social, aeromoça ou enfermeira, ou mãe de família em tempo integral. E fora da vida profissional, ela tem que ser livre para transar com todo mundo, ou com ninguém, ou só com homens selecionados, ou mesmo para cobrar para transar, sem que com isso seja ostracizada, perca seu emprego, seja presa ou (queria eu não precisar citar isso) arrastada pelos cabelos em praça pública e então apedrejada.
Aliás, isso nos leva ao fato de que esses costumes que consideram a mulher quase como uma propriedade não só ainda não mudaram em grande parte do mundo, o que já é inacreditável, como eles foram reintroduzidos ou reforçados em algumas regiões em tempos bastante recentes ou mesmo atuais.
Mas onde essa mudança houve, de fato, ainda há uma busca das mulheres para encontrarem sua identidade. Uma boa parte delas, especialmente nos Estados Unidos, decidiu que a agressividade masculina é algo a ser imitado propositalmente, especialmente em seus aspectos mais desumanizantes. Note-se, isso ao mesmo tempo em que se tenta docilizar os homens e esterilizá-los de seu instinto à agressividade, como se este só pudesse ser expressado de forma destrutiva. Tudo errado.
Eu pessoalmente gosto e prefiro sim uma mulher que seja e se sinta “empowered”, mas que o seja de uma forma segura e confiante, não que ache que precisa o tempo todo se proteger dos “homens maus” que estão tentando “oprimi-la”. Uma que consiga dizer sim para certas coisas e não para outras sem precisar colocar ideologia no meio. Uma que não comece a falar em “seus direitos como mulher” para argumentar que todas as coisas têm que ser feitas exatamente do seu jeito e na hora que ela quer. Pessoas diferentes freqüentemente querem coisas diferentes, é preciso conversar, e na maior parte dos casos não dá para os dois terem exatamente o que querem o tempo todo. Os homens não devem partir do princípio de que as mulheres têm que ceder sempre por serem mulheres, mas as mulheres não devem achar que se cederem em qualquer coisa estarão automaticamente sendo oprimidas. Uma parte de estar realmente “empowered” é precisamente se sentir seguro em decidir quando se quer de fato ceder.
Sim, existem revistas sobre golfe, e eu de fato acho incompreensível que alguém as compre (aliás assim como a Marie Claire). Mas eu de fato também não sou típico sob vários aspectos.
Sobre tanto homens como mulheres comprarem revistas sobre finanças, é claro que isso é muito mais verdadeiro do que sobre a Marie Claire, mas uma tendência continua existindo… eu posso até estar enganado, mas se medirmos na prática acho que o público muito dificilmente será dividido igualmente.
O que só reforça meu ponto, como eu o coloquei : a mulher média provê serviços sexuais absolutamente medíocres aos seus parceiros. Aliás, em grande parte dos casos, seria muito fácil agradar ao parceiro : faça o que ele está pedindo. Ao invés disso, não, ela vai ler numa revista feminina o que “realmente” vai agradá-lo. A maior parte dos homens não é particularmente misterioso de agradar na cama; eles sabem em grande parte o que querem e com um mínimo de receptividade pedem ou tentam fazer. O problema é que então em casos demais têm que ouvir instantaneamente um discurso sobre como “você está me oprimindo” ou algo desse tipo. Então se uma mulher não quer fazer as coisas que vão agradar ao seu parceiro, é sua prerrogativa mas não ache (1) que ceder seria automaticamente um ato de opressão ou que (2) o parceiro tem o dever e a obrigação de se sentir sexualmente satisfeito e realizado quando suas necessidades não estão sendo atendidas.
Inclusive, uma das causas principais de insatisfação da maioria absoluta dos homens, uma das reclamações masculinas mais óbvias em grande parte das relações de casal é muito simples : insuficiente receptividade a fazer sexo. Não é preciso ficar inventando, vestir uma camisola especial, acender velas ou nada disso. Isso são coisas que fazem dez mil vezes mais diferença para uma mulher do que para um homem. O homem está primordialmente interessado é na mulher em si mesma. Então se seu parceiro homem esta dando demonstrações de não estar completamente satisfeito, antes de começar a inventar, comece por tentar… fazer mais sexo!
Ë mais complexo do que isso. O que você falou eu até concordo que ocorre. Mas por outro lado, grande parte dos homens, provavelmente a maioria, ficaria perfeitamente feliz e provavelmente até preferiria ter uma parceira estável da qual ele realmente gostasse. Existe aí uma negociação a ser feita entre necessidades divergentes. É razoável que um homem queira ver suas necessidades instintivas atendidas, e eu até acho que para a maior parte dos homens isso pode ocorrer dentro de uma relação estável e sólida e até mesmo estritamente monogâmica, desde que a parceira de fato reconheça tais necessidades como legítimas e tente atendê-las. Da mesma forma, é razoável que uma mulher queira ver suas necessidades instintivas atendidas, e eu até acho que para a maior parte das mulheres isso pode ocorrer dentro de uma relação estável e sólida e até mesmo estritamente monogâmica, desde que o parceiro de fato reconheça tais necessidades como legítimas e tente atendê-las.
Os homens serem mais “corajosos” no contexto de corte sexual não é tanto um brinde que venha espontaneamente de graça com a personalidade masculina quanto uma necessidade prática para quem não quiser tomar a decisão de para todos os efeitos práticos virar celibatário. Essa carga estar colocada quase completamente nos ombros dos homens é algo extremamente estressante, e pior, quando exercemos o papel reservado para nós pelo comportamento feminino somos então acusados de sermos inconvenientes, sem tato e creepy no caso de não haver interesse mútuo, que é o usualmente esperado. É enlouquecedor, especialmente a questão de “fingir desinteresse”, posto que sendo essa uma reação comum, o único comportamento com chances de ser bem sucedido é continuar insistindo mesmo diante de demonstrações extensas de “desinteresse”, para então ser chamado de chato e inconveniente boa parte do tempo mas sem o que se joga fora qualquer possibilidade de sucesso no restante das situações nas quais há interesse mútuo e desejo de que você continue insistindo apesar de estar sendo mandado embora. E tudo isso mantendo o bom humor e sem se tornar negativo ou hostil. É muito, muito, muito frustrante o papel reservado para o homem na corte sexual em nossa sociedade. A mulher média não parece remotamente perceber o *quão* frustrante.
Olha, estarem “sempre olhando” o sexo oposto, na minha avaliação até estão, apenas nem sempre com as mesmas expectativas ou motivações que os homens. Como eu disse no artigo, uma mulher média está sim constantemente consciente e preocupada com estar despertando atração e interesse, o que na prática significa querer que os homens ao seu redor estejam sexualmente interessados e receptivos a ela. Por outro lado, ela grande parte do tempo não está particularmente interessada que isso se concretize em de fato ter sexo, inclusive com os homens nos quais especificamente buscou despertar interesse. Isso é extremamente confuso e frustrante para o homem médio. Vide cartum abaixo. :-)
O homem médio tem em geral a atitude quase simétrica a essa, que é de não fazer qualquer esforço sequer para perceber ou entender direito se está despertando atração, quanto mais para efetivamente despertá-la de modo eficaz (por exemplo mudando seu modo de vestir), e no entanto está em geral receptivo a ter sexo com praticamente 100% das mulheres nas quais faz qualquer esforço para despertar atração.
Saudações,
Sergio
Sergio, desculpe perguntar: qual sua formação? Suas análises são ótimas (juro que não é porque eu também brado isso aos quatro ventos! Eh eh eh). Eu perguntei porque eu me interesso muito por observar o comportamento das pessoas e vejo as coisas exatamente como você descreveu acima. Você não acha que essa frustração do homem tem causado uma certa misoginia nos jovens de hoje?
Oi Claudio,
Bem, em termos de títulos minha formação é 100% na área de ciências exatas. Tenho diploma de engenharia de computação da PUC do Rio e mestrado em fundamentos da ciência da computação pela universidade de Columbia em Nova York. Agora, isso de forma alguma resume minha personalidade e em maior ou menor escala eu já persegui e persigo outras vocações alternativas como música, fotografia, pedagogia e, como pode ser evidenciado aqui, escrever. :-) Em termos de currículo mais diretamente relacionado com os assuntos em pauta neste artigo, não tenho qualquer formação “técnica”, mas de fato já li muito sobre o assunto, em parte por interesse intelectual, em parte para buscar desvendar isso na minha própria vida.
Infelizmente, acho que sim. O homem médio, confuso e frustrado por um sistema que não entende e que na prática lhe nega acesso ao sexo, e que ainda por cima o trata de forma hostil quando tenta obtê-lo, acaba não raro desenvolvendo um certo nível de ressentimento com a mulher média, entre outros motivos por despejar em cima dele toda a responsabilidade de tomar qualquer iniciativa e então tratá-lo como um pervertido ou inconveniente quando tenta fazê-lo.
A mulher média, embora queira despertar o interesse sexual de praticamente todos os homens, não está realmente interessada em retornar esse interesse na maior parte dos casos. Além disso, para a mulher média, a identidade social de um homem conta muito, muito mais do que seus atributos biológicos (não confundamos isso com roupas, corte de cabelo, higiene – nada disso é intrinsecamente biológico). Esses homens que marcam altos pontos em desenvoltura, habilidade e dominância social despertam interesse quase universal entre as mulheres, enquanto que os outros despertam interesse mínimo e esporádico. Então as mulheres ao entrarem num ambiente novo passam imediatamente a classificar os homens – e esse é um processo *extremamente* rápido – em dominantes e não dominantes, com algum espaço para “ainda não está claro”. Inclusive já digo de saída que se você conseguir abordar uma mulher com a qual deseja falar *antes* que ela tenha tido tempo de fazer essa classificação, suas chances de ter uma reação receptiva aumentam exponencialmente. Mas esse processo é mesmo *muito* rápido, então entre você entrar num ambiente e demonstrar valor social você tem algo como uns 3 segundos. Se nesse espaço de tempo não ocorrer algo determinante como todos se voltarem para saudá-lo (OU você caminhar diretamente para ela e começar a falar), as chances são de que você caia em “não dominante” ou “não está claro”, pelo menos para aquele ambiente, mesmo que na verdade você seja ao mesmo tempo o Einstein e presidente do mundo. Só que se você não conseguir ser classificado como “dominante”, terá muito, muito mais dificuldade de ter acesso a uma parceira sexual. E pela própria concepção de “dominante”, nem todos podem sê-lo; nossa estrutura antropológica e social é mesmo de que alguns poucos homens comem todas as mulheres. O homem médio se sente então excluído e extremamente injustiçado, e não consegue entender por que não interessa quanto mérito ou valor tenha, e quão gentil seja, não consegue ter acesso a parceiras sexuais. De certa forma isso é mesmo injusto, dado que não há impossibilidade de a maior parte das mulheres médias poderem estar (ou conseguirem se colocar) na posição de serem confortavelmente atraentes para o homem médio, enquanto que isso é uma impossibilidade para a maior parte dos homens médios, dado que é logicamente impossível todos seres dominantes. O sistema patriarcal imposto em alguns países reverte isso na marra com grande custo para a felicidade e liberdade feminina. Mas deixados ambos os sexos livres para escolherem parceiros livremente, essa é a tendência. Alguns homens desenvolvem então um ressentimento que por vezes se volta contra as mulheres e assume a forma de algum grau de misoginia.
Agora, note-se : atração não é realmente uma escolha. Uma mulher não “escolhe” ficar atraída por homens socialmente dominantes mais do que um um homem “escolha” sentir-se atraído por mulheres de peitos grandes. Ambos poderiam se acusar mutuamente daqui até a eternidade sobre estarem sendo “superficiais” ou agindo contra seus próprios interesses e isso mesmo que tecnicamente verdadeiro continuaria sendo uma expressão legítima de necessidades profundas a serem supridas. Melhor e mais produtivo do que dizer que as necessidades de quem você quer conquistar são tolas ou “erradas” e então tornar-se hostil a quem as demonstra é tentar descobrir como você pode, sem se violentar, satisfazer a essas necessidades. Aliás, pra começar, olhe pra si mesmo e veja que você também tem lá as suas. E isso vale para ambos os sexos.
Saudações,
Sergio
Segundo o homossexualismo, a homossexualidade facilitaria as coisas…
Oi Thiago,
O jeito que você colocou foi engraçado : “Segundo o homossexualismo”, como se fosse uma ideologia, ou uma entidade que tivesse uma posição oficial. :-)
Mas ironicamente me parece que uma boa fração dos casais homossexuais uma pessoa assume um papel mais masculino enquanto que a outra um papel mais feminino, de forma que certas questões aparecem assim mesmo.
Por outro lado a minha impressão é que pelo menos na cama a fisiologia idêntica ajuda imensamente a haver entendimento. :-)
Saudações,
Sergio
“Pelo menos na cama a fisiologia idêntica ajuda imensamente a haver entendimento.”
Mas é uma bicha mesmo esse Biasi.
Exemplo patético de alguém querendo desviar atenção do assunto.
Vale ressaltar porém que quem acha que as pessoas deveriam se envergonhar de serem gays está cometendo na minha opinião um ato ridículo de obscurantismo intolerante.
Já li uma frase do tipo “casamento é o preço que os homens pagam pelo sexo, sexo é o preço que as mulheres pagam pelo casamento”. Ou talvez fosse “amor” no lugar de “casamento”, algo nesse estilo.
Sinceramente, não acho que “frustação sexual/social/afetiva” descreva a situação masculina. A maior parte dos homens não gostaria de causar uma pequena comoção toda vez que entrasse em uma sala cheia de mulheres, exceto como indício de provável sorte na busca e seleção de parceiras sexuais/afetivas. Não acho também que a maior parte dos homens se importe com a atenção feminina, exceto quando eles estão diretamente interessados em uma relação. E embora eu não possa me gabar de ser um atleta sexual ou possuir um harém como o de Salomão-tenho apenas o necessário para as minhas modestas necessidades-, tudo que tenho ouvido me convence que a maior parte dos homens consegue sucesso proporcional aos seus desejosos e à sua aplicação ao tema. As conquistas sexuais estão abertas-como escreveu um velho autor brasileiro- a todas as fealdades e mediocridades. Aliás, não acho que para evitar ser celibatário, seja necessária uma postura muito agressiva, embora, ela provavelmente seja necessária para aumentar o leque de escolhas, subir na escala de desejabilidade, etc. Como dizem, há o suficiente para as necessidades de todos, mas não para a ganância de todos :)
Além disso, a sua opinião não dá conta do fato de que-independentemente de imitar o comportamento sexual dos homens tornar as mulheres mais felizes ou infelizes- elas parecem estar se aproximando do comportamento masculino. Ora, por que elas cometeriam adultérios ou teriam vários parceiros-simultâneos ou sucessivos- se sua prioridade fosse o “relacionamento” e se a maior parte dos homens é tão autocentrada? O que elas ganham indo de “namorado insensível” em namorado insensível ou de “marido egoísta” a “amante egoísta”? Claramente, é pelo sexo.
Oi Humberto,
Pois é, tem algumas variações disso, como “A woman can get anything she wants with sex, a man will give everything he has for sex.”
Concordo plenamente que a maior parte dos homens não tem muito interesse em causar uma pequena comoção toda vez que entrar numa sala cheia de mulheres (e aproveito para observar que isso é uma grande diferença com relação à psique feminina, que de fato em geral tem interesse em causar comoção ao entrar num ambiente cheio de homens). Aliás, para o homem médio, seria plenamente satisfatório que uma única mulher não fisicamente repulsiva em qualquer ambiente no qual entrasse estivesse totalmente receptiva a ser sua parceira sexual e fosse fácil identificá-la. Para o homem médio isso seria espetacular. A frustracão do homem médio à qual me refiro é de ele ter dificuldade de atingir esse objetivo (obter consistentemente alguma parceira sexual), e não à dificuldade de causar comoção social, um objetivo com o qual concordo, ele em geral nem sequer está interessado (mas que ironicamente é provavelmente uma das estratégias mais eficazes para se obter consistentemente parceiras sexuais).
Concordo, mas isso está plenamente consistente com o que eu debato no texto.
Ah, mas aí vem a ressalva – “e à sua aplicação ao tema”. Uma mulher média não precisa ter qualquer “aplicação ao tema”. Se ela quiser algum parceiro sexual, basta se dirigir ao ambiente social mais próximo, seja um bar, uma festa, um café, até mesmo a internet – mostrar-se minimamente receptiva a ser aproximada e então dizer “sim”. Já para um homem é um processo muito, mas muito mais complexo. Um homem não pode esperar que vá conseguir uma parceira sexual simplesmente se mostrando disponível. Ele tem que ser extremamente proativo e lidar com um monte de negativas antes de ter qualquer chance de chegar a algum lugar. Não dá nem pra comparar.
Eu nunca disse que a prioridade das mulheres em termos de parceiros sexuais é o relacionamento monogâmico e fim, eu disse que o que atrai mulheres é diferente do que atrai homens. Aliás, as estatísticas mostram que as mulheres são em geral tão infiéis ou mais que os homens. Elas são apenas bem mais discretas. Não que isso demonstre menos “confiabilidade” da parte das mulheres, inclusive porque como repetidamente discutido, uma mulher média tem muito, muito mais oportunidades para ser infiel do que um homem. Inclusive biologicamente falando embora seja proveitoso para uma mulher “casar” com um macho beta, porque poderá ter muito mais expectativa de preservar sua constância e suporte material, continua sendo mais vantajoso geneticamente dar para um macho alfa, dado que este provavelmente terá material hereditário mais competitivo. As estatísticas de filhos “ilegítimos” dentro de casais casados, tornada hoje em dia muito mais fácil de levantar com modernos testes de DNA, é embaraçosa.
Isso é um contrasenso. Se fosse pelo sexo em si mesmo a última coisa que iriam querer seria um amante egoísta. O que explica a situação que você descreve é que para a mulher média conta muitíssimo mais “oh meu deus estou sendo comida pelo líder da tribo” do que “este homem aqui tem um membro grande” ou “este homem aqui está usando a técnica sexual A ou B”. Já para um homem conta muito mais a experiência sexual em si, é muito mais literalmente “oh meu deus essa mulher é muito gostosa e eu estou comendo ela”. Dane-se se ela é a princesa da Dinamarca ou uma empregada doméstica.
E se dermos uns passos pra trás e olharmos para os macacos vestidos que somos, isso faz sentido. Para a mulher média o que importa não é tanto exatamente o sexo no sentido da experiência sexual em si quanto o fato de que receber material genético de homens que encaixem no estereótipo de líder tribal (isto é, com ascendência social em pequenos grupos tribais sobre outros homens e mulheres) maximiza as chances de sobrevivência de seus próprios genes – ou assim determinou uma seleção genética prévia ao longo de muitas gerações ao longo das quais isso era verdade e da qual somos agora reféns. Já um homem não precisa ser tão cuidadoso porque naturalmente pode engravidar tantas mulheres a quantas for capaz de obter acesso sexual. Interessa muito mais se ela é saudável e boa reprodutora do que qual posição social ela ocupa.
Note que numa sociedade moderna é possivel uma mulher cerebralmente se alinhar a homens ricos ou de outra forma poderosos por interesse racional. Mas no caso de estes não encarnarem simultaneamente o arquétipo de lider tribal, elas mesmo cerebralmente se alinhando aos objetivamente poderosos tenderão a não se sentirem atraídas por eles, e sim por quem encarnar os citados arquétipos aos seus olhos, mesmo que pelos padrões objetivos de nossa sociedade moderna sejam uns perdedores totais.
E se isso é extremamente frustrante para o homem médio – ter que assistir a mulheres ficando atraídas por perdedores totais que conseguem ser populares batendo no peito e dizendo uga-buga, e que claramente, obviamente vão tratá-las como lixo, pensem então conversamente esses homens como é frustrante para as mulheres terem que vê-los ficando atraídos por perdedoras totais que conseguem ser populares mostrando seus peitos e jogando o cabelo pra trás, e que claramente, obviamente vão tratá-los como lixo.
Saudações,
Sergio
[...] esse texto sobre homens e mulheres que “provêem serviços sexuais e afetivos” a seus [...]
Que coincidência: também sou formado em Computação (UERJ).
Abraços.
Great minds think alike? :-D
Abraços,
Sergio
Pior que agora o texto e a minha concordância vão parecer choro de nerd :-).
Bem, isso depende do leitor. :-)
Saudações,
Sergio
[...] O Indivíduo Porque só o indivíduo tem consciência « Homens e Mulheres [...]
Acredito que a critica construida possui uma base forte se considerado que
ela é feita por apenas uma pessoa. Porem a intenção do empreendedor é facilitar a procura do produto para o consumidor.
Com base em estatisticas de venda, se cria um preconceito, induzindo o consumidor a se enquadrar com o produto, quando deveria ser justo o contrario. Eu devo comprar algo pelo meu gosto e não pelo que eu sou, pois inumeras questões definem nossa personalidade e o sexo é apenas uma delas.
Enfim, deixar transparecer nossa opinião, o que pensamos e as vezes esquecer o que sabemos para provar o que achamos é intrínseco do ser humano. Assim como em sua listagem de assuntos abordados pelas revistas masculinas, você deixa obvio sua afinidade com temas politicos e “Reflexões sociológico-existenciais” demonstrando que você domina esse assunto, porem ao listar “Ir pro meio do mato com uma mochila e um canivete” como um tema abordado por uma das revistas fica evidente seu distanciamento dessa area social, e demonstra até um certo sarcasmo.
Acredito que mesmo sendo errado querer rotular certos costumes, todos fazem, e não é por mal mas é uma ação coletiva de querer separar grupos sociais. Por esta razão admiro este site, que demonstra que uma consiencia analitica foge aos padrões estabelecidos pela sociedade.
Oi Samuel,
Concordo que o produto afeta o mercado e não apenas o mercado afeta o produto. Mas mesmo que seja este o caso, seja quem for a causa e quem for a conseqüência, os dois não podem esta muito dessincronizados, e o produto continua sendo em grande parte das vezes um bom medidor das expectativas – mesmo que artificialmente produzidas – de um certo mercado. Talvez você tenha razão em dizer que as expectativas de uma sociedade como consumidores não correspondam direito às expectativas mais profundas e verdadeiras que realmente se quer (ou se “deveria” querer) atender. Ou seja, compra-se X esperando-se com isso obter Y, quando X na verdade não fornece Y, ou mesmo quando Y é impossível de obter. Mesmo assim existe ainda muito que se pode ler em as pessoas escolherem (ou ser possível serem induzidas a) comprar X.
Sobre o “reflexões sociológico-existenciais” versus “ir pro meio do mato com uma mochila e um canivete”, eu estava buscando interpretar como a revista gostaria de ser percebida pelo seu público-alvo. Claro que em alguns momentos se formos destilar essa imagem até sua essência ela acaba ficando engraçada, ou caricatural, ou mesmo beirando o sarcástico. Mas eu não acho que tenha sido mais sarcástico na descrição “ir pro meio do mato com uma mochila e um canivete” do que com “mulher pelada que nunca é demais” ou “carros inacreditáveis”. De fato a revista que eu citei como “reflexões sociológico-existenciais” me parece que quer ser percebida como “séria” e eu refleti isso na descrição. A qual inclusive pode também ser entendida como levemente sarcástica. :-)
Sobre pensar as coisas desde um ponto de vista que não se restrinja à estreitíssima camisa de força dos padrões estabelecidos pela sociedade, é bom saber, esta é mesmo a idéia aqui, pelo menos a minha. :-)
Saudacões,
Sergio
Eu discordo de algumas coisas:
1) Segundo a infinita sabedoria dos publicadores de revistas, as mulheres têm, sim, interesse em sexo. Pode ter sido coincidência das revistas que estavam na banca no dia que você tirou a foto, ou pode ser que você não tenha lido direito as manchetes das capas (eu confesso que não tive paciência de examinar a foto grande), mas essas revistas “femininas” frequentemente têm, sim, na capa, manchetes como “como conseguir sexo”, ou “como fazer o sexo ser melhor”, ou “como aumentar meu apetite sexual”, etc, etc.
2) O homem médio também não tem nenhuma noção de o quanto a sua experiência social é diferente daquela da mulher média. O homem médio, acho eu, ficaria feliz que “algumas”, “muitas”, ou “quase todas” as mulheres presentes estivessem interessadas nele. A mulher média acha isso um saco. Não temos interesse em quase todos os homens. Queremos alguns específicos. Os ítens de qualidade. Não serve qualquer um. E o interesse *desses* é, sim, difícil de alcançar…
De resto, devo mencionar que não vejo nada de politicamente incorreto na divisão da banca… Concordo que as pessoas estão, cada um à sua maneira, basicamente interessadas em “conquistar o que eu quero” muito mais do que em “fazer o outro feliz”. Mas a partir do momento que as pessoas perceberem que fazer o outro feliz É o jeito de conseguir o que se quer, a situação fica win-win, não?
Hi there,
Concordo com a crítica implícita. :-) A “sabedoria” dos “publicadores de revistas” está longe de ser infinita. Mas vamos lá, nem que seja por seleção natural tendem a sobreviver e sobressair as revistas para as quais de fato há público. :-)
Bem, especificamente “como conseguir sexo” não me parece que sejam comuns. E de fato não acho que esse seja realmente um problema para a mulher média. :-) Para a mulher média me parece que o problema seja muito mais de maximizar a qualidade do parceiro sexual que ela é capaz de obter do que ser uma questão conseguir obter algum, qualquer um, parceiro sexual. A mulher média consegue ir numa festa e em pouco tempo sair de mãos dadas com um homem não absurdo bastando para isso se mostrar minimamente acessível e receptiva. Já para grande parte dos homens é de fato uma questão complexa e por vezes desesperante obter alguma, quase qualquer uma, parceira sexual.
Agora, manchetes na direção de “como fazer o sexo ser melhor”, “como aumentar meu apetite sexual”, “dicas para o sexo”, “coisas a tentar na cama”, etc, concordo que são muitas as manchetes desse tipo em revistas femininas. Mas note, não é que as mulheres não tenham interesse em sexo como assunto para começar. Aliás, ironicamente, bem mais que os homens. As revistas eróticas para homens não ficam falando sobre dicas de como transar. Elas têm basicamente fotos de mulheres nuas e pronto. Aliás, veja só que contraste interessante; existe de fato algum interesse entre as mulheres sobre formas de aumentar seu *apetite* sexual; enquanto que no caso dos homens a maior parte do interesse está em drogas para aumentar a *potência* sexual, isto é, capacidade de ter e manter ereção, etc. Quanto ao apetite / desejo eles em geral estão ok.
Além disso mesmo quando o interesse é mesmo em efetivamente ter sexo, eu diria que homens e mulheres encaram isso de forma bem diferente. Um homem médio estará em princípio feliz em ter sexo com qualquer mulher não repulsiva, só pelo fato de ser mulher, mas ficará especialmente interessado em mulheres com certos atributos físicos, qualquer que seja sua condição social, estado de sanidade mental, inteligência, cultura, enfim, sendo praticamente irrelevantes considerações que não tenham diretamente a ver com o corpo dela ou com sua postura e atitude sexual. Já a mulher média tem muitíssimo mais interesse no arquétipo representado pelo homem com o qual está transando, especialmente com o significado social desse arquétipo, sendo ascendência social e poder tribal (em oposição ao poder abstrato possível em nossa sociedade moderna) muito relevantes.
É muito mais fácil um homem pensar “que maravilha, estou comendo um mulher muuuuito gostosa com peitões enormes” (mesmo que seja uma empregada doméstica com primeiro grau incompleto) do que pensar “viva, estou comendo essa mulher que é guitarrista numa banda de rock e acabou de dar um show para dez mil pessoas”. Já para uma mulher é muito mais fácil pensar “que maravilha, estou sendo comida por este sujeito que é guitarrista mundialmente famoso” (mesmo que por parâmetros biológicos não tenha nada de particularmente distintivo) do que pensar “viva, estou sendo comida por este sujeito que tem um pau grandão” (e é o porteiro do prédio).
Aliás, eu li uma pesquisa uma vez (infelizmente não acho a referência) feita por um departamento de psicologia sobre quais aspectos fazem mais diferença para homens e mulheres ao escolherem um parceiro sexual. A pesquisa tinha por objetivo tentar comparar a importância relativa de vários aspectos, isto é, quantos “pontos” cada característica acrescentaria à percepção como atraente pelo sexo oposto. Havia uma lista razoavelmente grande de características, desde número de dólares na renda anual, passando por nível de educação e idade, até cor do cabelo. No final, para mulheres, ter um PhD acrescentava tantos pontos à sua percepção como atraente pelo sexo oposto quanto… ser loira. E não era de forma alguma o mesmo caso para um homem.
Mas em resumo, o que estou dizendo é que não é exatamente que a mulher média não tenha “interesse em sexo”. Apenas que esse interesse se manifesta e se concretiza de forma bem diferente da que ocorre no homem médio. Para começar, o interesse da mulher médio em sexo como assunto é bem maior do que o seu interesse em sexo como atividade, enquanto que com o homem médio é exatamente o contrário. Além disso, o interesse da mulher média em ser desejada por todos é muito maior do que o de ser efetivamente comida por alguém, enquanto que para o homem médio o interesse em efetivamente comer alguma mulher específica é muito maior do que o interesse em ser universalmente desejado.
Eu vou aproveitar para fazer aqui um comentário sobre a questão da libido feminina. Eu tenho lido recentemente uma série de papers (não artigos em revistas de banca de jornal) falando que as conseqüências do uso de pílula anticoncepcional na libido feminina são MUITO maiores do que usualmente se discute, sendo que para uma percentagem grande das mulheres (alguns estimam em 25%) isso chega ao ponto de interferir seriamente com a capacidade de ficar psicologicamente excitada, em ficar lubrificada, em atingir orgasmo, em estar sequer interessada em sexo. Alguns cientistas estão argumentando que pela metodologia com que se estudam e rotulam os efeitos de drogas deliberadamente psicoativas, os efeitos depressores da libido causados pela quase totalidade das pílulas anticoncepcionais hormonais deveriam estar proeminentemente listados entre os efeitos colaterais importantes e de alta incidência na bula. E que o fato de que isso não ser mais discutido é um escândalo, e causador de uma quantidade enorme de problemas e percepções distorcidas sobre qual é o nível “normal” de libido feminina.
Concordo, concordo. O homem médio em geral não consegue entender direito, entre outras coisas, por que a mulher média não se sente muito elogiada quando ele resolve demonstrar interesse por ela. A questão é que existe aí uma assimetria IMENSA. De tudo, de experiências, de expectativas, de tudo mesmo.
Olhe, não. Não é exatamente isso que ocorre. Novamente, o ponto de vista feminino é tão diferente que fica até difícil de comparar. O homem médio ficaria EXTREMAMENTE feliz se em qualquer ambiente no qual ele entrasse, houvesse pelo menos UMA mulher não absurda disposta a ser sua parceira sexual. Note que eu nem sequer usei a palavra “interessada”. O homem médio não está realmente preocupado em ter um monte de “amiguinhas” ou fãs à volta dele, nem em causar frisson entre as mulheres ao entrar num ambiente. O homem médio quer ter acesso a sexo. A mulher que se dispôs a ser sua parceira sexual estar interessada nele ou sequer em ter sexo é colateral e só é importante na medida em que afetar… sua disposição em ser sua parceira sexual. Se não fosse esse o caso prostituição feminina não seria uma das maiores indústrias do mundo.
Em constraste, a mulher média de fato quer causar frisson entre os homens (e aliás mulheres) de qualquer ambiente em que entrar, MESMO QUE somente tenha qualquer intenção de reciprocar interesse sexual com uma pequena fração – ou mesmo nenhum – deles. E a mulher média vê interesse em cultivar um círculo de “amiguinhos” com óbvio interesse sexual não reciprocado por ela.
A mulher média acha isso um saco entre outros motivos porque tem isso o tempo todo. Não é *apenas* uma questão de sua própria seletividade, embora essa naturalmente importe muito. É também em grande parte resultado da falta de seletividade masculina. A mulher média nem sequer sabe o que é a experiencia do que seria não ser constantemente desejada por uma razoável fração de todos os seres humanos do sexo oposto em qualquer ambiente no qual entre. Já a experiência masculina é completamente diversa.
Sim, mas é essa a questão – homens e mulheres estão buscando coisas diferentes. Para uma mulher, seria absolutamente fácil obter “algum” parceiro sexual, que é o que o homem médio quer. Porém, as mulheres estão geneticamente programadas para instintivamente e automaticamente sentirem atração e gravitarem especificamente em torno dos homens que ocupam posições de líder tribal. Daí decorre que poucos homens podem, pela própria definição de ascendência social, ocuparem esta posição. Então uns poucos homens monopolizam os favores sexuais de muitas mulheres e os outros ficam olhando confusos. Alias, note-se que os homens que ocupam a posição arquetípica de líder tribal, especialmente em nossa sociedade moderna que cada vez menos tem de objetivamente tribal em termos de real valor humano, podem e tragicofreqüentemente são uns idiotas completos e por todos os outros aspectos passam muito longe de serem “ítens de qualidade” exceto pelo fato de despertarem enorme atração. Seja como for, a mulher média tende a sentir muita atração por uns poucos homens (os tais “ítens de qualidade”) e atração quase zero por quase todos os outros.
Agora, os homens, por sua vez, apesar de geneticamente programados para instintivamente, automaticamente e compulsivamente buscarem acesso sexual a ALGUMA mulher, bastando basicamente que ela não seja grotescamente repulsiva ou desagradável, também sentem um grau de atração variável por diferentes mulheres, mas com um critério e uma distribuição bem diferente. Para começar, a distribuição de atração é bem mais suave no caso dos homens; o homem médio sente um grau razoável de atração por praticamente qualquer mulher. E se para as mulheres o critério determinante é ascendência social, o dos homens são certos atributos biológicos, como peitos grandes. E exatamente como no caso acima, as mulheres que satisfazem esses requisitos e despertam mais atração podem e tragicofreqüentemente são umas idiotas completas e por todos os outros aspectos passam muito longe de serem “ítens de qualidade” exceto pelo fato de despertarem enorme atração.
Ora, como eu mesmo argumento no artigo, eu também não vejo nada de mal intencionado, mas não é considerado politicamente correto afirmar que homens e mulheres tenham interesses intelectuais diferentes. Não que eu faça qualquer questão de rezar pela escola do que é politicamente correto.
Olha, eu até ouso dizer que existem pessoas que genuinamente se importam com os outros, mas cada vez mais me parece que são raríssimas e quase impossíveis de encontrar. As pessoas parecem movidas por preconceitos, por medo, por auto-interesse racional, até mesmo por masoquismo mais do que pela preocupação com o bem estar dos outros. Para a maioria absoluta das pessoas, o bem estar concreto dos outros não parece constar entre os seus critérios para ação, exceto como uma consideração secundária e basicamente desimportante, ou motivada somente por temor de retaliação ou de prejudicar seus próprios interesses, ou por coisas instintivas sem maior elaboração ética como “eu tenho nojo se sangue”.
Deveria, sim! Mas existem aí duas coisas. Uma é que as pessoas são BURRAS.
Mas mesmo descontando isso, infelizmente é o caso de que em um grande número de modelos, a maximização do auto-interesse racional NÃO maximiza o ganho total. É o terrível dilema do prisioneiro. Isso é um tema muito importante em teoria dos jogos. Pareceria natural supor que em sendo a matriz de ganhos qualitativamente a que você descreveu, que o auto-interesse levasse à solução global ótima, não? Tragicamente não leva, e isso tem conseqüências, especialmente quanto não existem iterações repetidas às quais soluções como a estratégia tit-for-tat se aplicaria. No final das contas, é essencial haver confiança, e pessoas motivadas apenas pelo auto-interesse racional não têm qualquer motivo para confiar uma na outra. Então mesmo sendo o caso de que todos poderiam estar ganhando muito, muito mais, e se beneficiando coletivamente de uma saudável dose de generosidade e de real preocupação com o bem-estar alheio, ao se aferrarem pragmaticamente ao seu auto-interesse racional produzem uma situação na qual todos perdem. E de fato, ser generoso numa situacão na qual todos ao seu redor não estão sendo não é de seu próprio interesse. Então produz-se uma triste situação de equilíbrio estável na qual a felicidade individual de todos está muito aquém da em tese permitida pelo sistema.
Saudações,
Sergio
[...] fica um pouco mais relevante, mas não muito, dado o grau de obtusidade (ou desonestidade) com que o texto foi [...]
http://edgedinblue.wordpress.com/2009/12/24/homens-e-mulheres/
A solução é a misoginia, mas não uma misoginia homossexual que tente libertar-se das mulheres: libertaremo-nos dominando-as. Mulher é intelectualmente limitada, e só é boa para trepar. Viva o patriarcado!
Bem, há duas formas de ler este comentário. A primeira é que esta é mesmo a opinião do autor do comentário. A segunda é que o autor do comentário acha por algum raciocínio tortuoso que esta seria a opinião expressa no texto.
O segundo caso é tão delirante que nem vale a pena desenvolver.
O primeiro, porém, é relevante porque de fato algumas (muitas) pessoas pensam isso. Inclusive grande parte do mundo vive precisamente esta situação, com a superestrutura tradicional e ideológica fornecida em amplas regiões geográficas pela religião muçulmana. (Não que a religião católica também não tenha obviamente lá seu lado misógino.) Meu comentário é que isso é uma aberração total e que as mulheres devem ser deixadas livres para escolher como viver suas vidas.
As observações são verdadeiras, porém frustrantes. De fato, a maioria dos homens/mulheres não passam de macacos vestidos!
A questão que me intriga é conseguir reconhecer alguém que não seja o chamado “homem/mulher médio/a”, quando estiver diante dele/a.
Não é fácil resistir à sociedade de massas e ao comportamento estereotipado. Eu vivo questionando minhas próprias atitudes em relação a isso, e tento fugir do padrão, mas confesso que nem sempre é possível. A sociedade nos cobra o tempo todo. Quem não segue o padrão, é discriminado e ridicularizado.
E como se isso não fosse suficiente, existe a frustração adicional de que percebê-lo não nos isenta de estarmos partindo da mesma realidade… :-P É possível com suficiente autocontrole não *agir* como um macaco, mas nossas motivações e necessidades instintivas, algumas delas completamente não opcionais e que precisam de alguma forma serem satisfeitas, são mesmo de fazê-lo. Do alto de toda a nossa civilização, continua sendo preciso muita maturidade para não sair gritando uga buga e fazendo descontroladamente o que os hormônios mandam jogando quaisquer outras considerações às favas. Poucos conseguem fazê-lo. Nossa inteligência acaba em geral sendo usada apenas para gritar uga buga de formas mais convolutas.
Em sendo possivel interagir mais proximamente com a pessoa, para mim a essa altura fica mais ou menos claro reconhecer em não muito tempo se é o caso. O problema *mesmo*, pelo menos como eu o vejo atualmente, é *localizar* essas pessoas para começar. É como querer achar uma pessoa com QI 160, por exemplo. Não que inteligência seja o único fator aqui (pessoas brilhantes não são imunes a serem emocionalmente perturbadas por exemplo), mas serve como ilustração. Vejamos, por esse ponto de vista, 50% da população tem um QI aproximadamente entre 89 e 111. Eles são, digamos, o homem e a mulher “médios”. Entre eles tudo está ótimo e elas ficam muito felizes de gritar uga buga uns pros outros e saírem disso emocionalmente e intelectualmente satisfeitos.
Mas se você tem um QI de 140, começa a ficar complexo se satisfazer com isso, mas aí onde encontrar pessoas compatíveis? Estatisticamente, uma pessoa em cada 100 estará nesse nível, significando que por exemplo numa boate com 100 pessoas freqüentemente uma única terá sequer os pré-requisitos básicos. Sendo que muitas vezes essa pessoa será você. :-) E se você tem um QI de 160, bem, aí você está com problemas *sérios*. Estatisticamente uma pessoa entre milhares terá este perfil. Localizar outras pessoas do mesmo nível se torna então algo muito frustrante. E reitero, inteligência é apenas uma ilustração – na prática seremos muito mais seletivos do que isso. Ou pressionados por nossas insufocáveis necessidades emocionais e afetivas não o seremos, gerando todo tipo de situação assimétrica, com variáveis graus de satisfação para os envolvidos dependendo de suas personalidades.
Bem, em geral é objetivamente possível fugir do padrão, mas isso vem com um custo associado, por vezes bastante alto, exigindo uma clareza muito grande de propósito. A maior heresia que há em todos os grupos e sociedades tende a ser fazer as coisas de uma forma diferente das que todos estão acostumados; isso quase sempre gera espontânea e intensa hostilidade, e reações que vão desde “ha, que coitado, não sabe como se fazem as coisas” até “quem você pensa que é”. E historicamente as penas para ser seriamente iconoclasta ou herético quase sempre foram piores do que as reservadas para ser assaltante ou mesmo assassino. Para alguém com QI 90, um gênio costuma ser indistinguível de um maluco. Mas novamente, não precisa ser uma questão de inteligência – pode ser simplesmente ter personalidade divergente. Detestar chocolate, achar futebol chatíssimo, ter muito mais interesse em discutir um problema de matemática do que em ir à praia. Seja qual for o caso, não faltarão pessoas por aí agressivamente dispostas a encher o seu saco para querer torná-los mais igual aos outros. É preciso então ter mesmo muita clareza de propósito, e de sua própria identidade, e do que você realmente quer, para ter sucesso em se manter fiel a si mesmo ao invés de simplesmente se render a engolir intragável chocolate dizendo “que gostoso!”.
Em sendo possivel interagir mais proximamente com a pessoa, para mim a essa altura fica mais ou menos claro reconhecer em não muito tempo se é o caso. O problema *mesmo*, pelo menos como eu o vejo atualmente, é *localizar* essas pessoas para começar. É como querer achar uma pessoa com QI 160, por exemplo. Não que inteligência seja o único fator aqui (pessoas brilhantes não são imunes a serem emocionalmente perturbadas por exemplo), mas serve como ilustração. Vejamos, por esse ponto de vista, 50% da população tem um QI aproximadamente entre 89 e 111. Eles são, digamos, o homem e a mulher “médios”. Entre eles tudo está ótimo e elas ficam muito felizes de gritar uga buga uns pros outros e saírem disso emocionalmente e intelectualmente satisfeitos.
Mas se você tem um QI de 140, começa a ficar complexo se satisfazer com isso, mas aí onde encontrar pessoas compatíveis? Estatisticamente, uma pessoa em cada 100 estará nesse nível, significando que por exemplo numa boate com 100 pessoas freqüentemente uma única terá sequer os pré-requisitos básicos. Sendo que muitas vezes essa pessoa será você. :-) E se você tem um QI de 160, bem, aí você está com problemas *sérios*. Estatisticamente uma pessoa entre milhares terá este perfil. Localizar outras pessoas do mesmo nível se torna então algo muito frustrante. E reitero, inteligência é apenas uma ilustração – na prática seremos muito mais seletivos do que isso. Ou pressionados por nossas insufocáveis necessidades emocionais e afetivas não o seremos, gerando todo tipo de situação assimétrica, com variáveis graus de satisfação para os envolvidos dependendo de suas personalidades.
Não é fácil resistir à sociedade de massas e ao comportamento estereotipado. Eu vivo questionando minhas próprias atitudes em relação a isso, e tento fugir do padrão, mas confesso que nem sempre é possível. A sociedade nos cobra o tempo todo. Quem não segue o padrão, é discriminado e ridicularizado.
Bem, em geral é objetivamente possível fugir do padrão, mas isso vem com um custo associado, por vezes bastante alto, exigindo uma clareza muito grande de propósito. A maior heresia que há em todos os grupos e sociedades tende a ser fazer as coisas de uma forma diferente das que todos estão acostumados; isso quase sempre gera espontânea e intensa hostilidade, e reações que vão desde “ha, que coitado, não sabe como se fazem as coisas” até “quem você pensa que é”. E historicamente as penas para ser seriamente iconoclasta ou herético quase sempre foram piores do que as reservadas para ser assaltante ou mesmo assassino. Para alguém com QI 90, um gênio costuma ser indistinguível de um maluco. Mas novamente, não precisa ser uma questão de inteligência – pode ser simplesmente ter personalidade divergente. Detestar chocolate, achar futebol chatíssimo, ter muito mais interesse em discutir um problema de matemática do que em ir à praia. Seja qual for o caso, não faltarão pessoas por aí agressivamente dispostas a encher o seu saco para querer torná-los mais igual aos outros. É preciso então ter mesmo muita clareza de propósito, e de sua própria identidade, e do que você realmente quer, para ter sucesso em se manter fiel a si mesmo ao invés de simplesmente se render a engolir intragável chocolate dizendo “que gostoso!”.
Fantástico texto, respostas.
Na parte citada é a descrição de minha situação.
EU não sei qual o meu QI, mas levou-me muito tempo a perceber que a forma como eu percebia o amor e as relações… que o que me atraía numa pessoa, eram geralmente diferentes da ” maioria” (e) das minhas amigas.
Irrita-me profundamente todos os esquemas e jogos de se “ter” de se fazer difícil, de ter de usar um dicionário para todas as conversas que um homem tenta “inocentemente bem intecionado” ter comigo. Sempre fui muito verdadeira, e crédula e por isso sempre me magoei ao descobrir que “as conversas” profundas, emotivas, sensíveis, de aparente inteligência que eles tinham comigo, eram apenas “conversa” com uma finalidade egoísta. As minha amigas diziam-me sempre para eu brincar com eles, manipulá-los, fazê-los de tolinhos que eram, claro nunca me entregar facilmente ou sem antes ter muitas provas dele de que era sério… A verdade é que se uma pessoa começa por dizer que gosta de mim porque quer algo de mim e se eu tenho de desintrincar toda a manipulação “comercial e de marketing” perco logo a vontade- afinal o amor é apenas um negócio. A pessoa neste caso o homem quer sexo, diz e faz qualquer coisa por isso, e eu tenho de não acreditar e de lhe colocar a cenourinha à frente do nariz até que ele se apaixone a sério por mim (o que nunca aconteceu, porque eu nunca coloquei a cenoura a distancia suficiente, por tempo suficiente) e apaixonar como tradução de sofrer, penar, lutar horrores até ele se sentir finalmente se sentir digno e sentir que para tanto trabalho e dor, “esta gaja” (eu) “vale mesmo a pena e não vou perdê-la tão facilmente ” porquê pagar um preço tão alto por sexo apenas?… No ínicio é só isso, com a “dificuldade” (de acesso), torna-se uma prova de masculinidade, de ego e de desespero emocional que ilusóriamente levam à ideia de que só pode ser “por amor”! Algo que se supostamente deveria ser uma dádiva, uma partilha, algo transparente e verdadeiro da essência de cada um, começa com tortura, mentira e manipulação… como é que os divórcios não hão de ser muitos?
Já estive interessada por homens dominantes, mas a maioria era não dominante… sinceramente, não vi grande diferença… todos sem excepção me mentiram, para conseguir o que queriam! Uns fingiram ser muito sensíveis, outros muito espirituais, outros muito inteligentes, outros ecologistas muito simples, outros idealistas utópicos, outros até psicólogos que “entendiam todo o meu sofrimento”. Todos juraram ” que não iguais aos outros” exactamente depois de fazerem exactamente o mesmo que os outros!
Muitos, a maioria, chegou á conclusão que preferia uma mulher manipuladora, chata, difícil, e que uma mulher doce, não manipuladora, generosa, verdadeira e autêntica era demasiado “boa” para eles, e não me mereciam! Outros acomodavam-se à espera que algo melhor surgisse no horizonte, na esperança de que eu não me apercebesse da minha utilidade , ou achavam que eu até era o algo melhor no horizonte, mas queriam o horizonte sem sair do lugar aonde já estavam com a outra!
Frusta-me muito, acho que ser adulto é horrível em termos de relações humanas, quantos mais anos tenho, mais sinto o convite do cínismo. Não se pode acreditar em nada e muito menos em ninguém! Até que se invente o detector de mentiras portátil! Quando era criança os relacionamentos eram mais sinceros, puros, verdadeiros e eu de facto podia ter amigos masculinos (a babarem-se pela Pamela Anderson) mas que eram meus amigos e não predadores sexuais mascarados de ovelhas… amigas, a tentarem comer-me!
O tipo de homens que sempre me atraiu eram aqueles com quem tinha conversas que duravam sem sentir o tempo a passar… daí que tenha tido um fraquinho por quase todos os meus professores de Filosofia! Ou pelo nerd bom aluno da turma, raramente o líder-motard- morangos com açucar com que as minhas colegas se babavam! Alías nunca achei “giros” os homens que elas achavam giros… porque não sabia como eles eram como pessoas!
Várias vezes achei que o problema era eu, mas hoje já vivo na conclusão que é mesmo um “dogma” social de relacionamentos, apoiado por teóricos e doutorados e alguns pseudo que escrevem alguns livrinhos que tornam aceitável que se, se comporte dessa forma. Eu não consegui, e não consigo! Não estou com alguém por comodismo, por conforto, por medo de estar sozinha, ou mesmo carência… estou porque olho para aquele ser como um igual diferente a quem respeito e que me respeita, por quem nutro verdadeiro e sincero afecto e atenção pela sua integridade psicológica, fisica e mental e com quem sinto uma conexão cardíaca que torna a jornada da vida mais bela e o Universo mais próximo do Ser a cada momento.
Mas eu acho que sou extra-terrestre!
Oi Natacha,
É sempre bom saber que o texto fez sentido para alguém aí do outro lado. :-)
Infelizmente, é a situação de uma boa quantidade de pessoas. Percentualmente, talvez não muitas, mas numericamente, estão espalhadas por aí em todos os lugares. Só que justamente por não se identificarem com o jogo social padrão, acabam tendo muito mais dificuldade de encontrar quem combine com elas. É de fato muito mais conveniente e simples ser igual a todo mundo.
É, eu também acho isso patético. Essa tentativa constante de manipular o outro, de ambos os lados, é irritante e exaustiva.
Isso é alimentado em grande parte justamente pelo comportamento descrito na frase anterior. A questão é que se um homem é 100% honesto e fala “bom dia, eu quero te comer”, o padrão usual é uma reação histérica, como se houvesse algo errado ou problemático com isso, ao invés de ser simplesmente o normal, saudável e biologicamente esperado.
Ué, um homem poderia igualmente dizer que você está sendo “egoísta” ao querer ter conversas profundas, emotivas, sensíveis e inteligentes ao invés de simplesmente dar pra ele e pronto. A questão que precisa ser compreendida é que não existe nada de intrinsecamente egoísta nem nas suas necessidades nem nas dos homens que você descreve. Seria ideal se as necessidades coincidissem, mas freqüentemente não o fazem. E aí, fazemos o quê? Reclamar que tudo que queremos o outro tem que querer também espontaneamente é como dizer “puxa, eu pensei que o sujeito do posto de gasolina estava enchendo o meu tanque porque era meu amigo mas eu descobri que era só porque estou em troca dando dinheiro pra ele”. Essa é uma visão muito simplista do mundo. Nossas necessidades nem sempre coincidem com as dos outros, isso não quer dizer que estamos automaticamente sendo egoístas ou que não nos importamos com o outro. Ser egoísta não é se importar com as próprias necessidades; ser egoístas é se importar *apenas* com as suas próprias necessidades e desprezar ou descartar as do outro. Querer ter suas próprias necessidades satisfeitas, desde que considerando também as necessidades do outro, isso é apenas normal e saudável. O problema é quando isso vira um jogo manipulativo, quando não existe realmente intenção ou preocupação em satisfazer as necessidades do outro, e sim apenas um discurso nesse sentido que não se concretiza em ações. É realmente muito dificil encontrar alguém que verdadeiramente está disposto a levar a sério as nossas necessidades. Mas isso vale tanto para homens quanto para mulheres. E eu não acho que querer sexo ao invés de conversar seja intrinsecamente egoísta, assim como não o é querer ter uma conversa ao invés de transar. É preciso haver franqueza quanto às necessidades de ambos e negociar algo que funcione para os dois. Se os dois entrarem numa de querer atender apenas as próprias necessidades, o resultado é patético.
Taí um discurso que é tão comum quanto é grotesco. Sinceramente me escapa qual o interesse que alguém pode ter em jogar esse tipo de jogo.
Essa “estratégia” é perdedora, vai selecionar precisamente os homens que estão dispostos a jogar esse tipo de joguinho. Alguém que aceita ter suas próprias necessidades ignoradas está no paradigma errado e provavelmente também não verá nada de mais em ignorar as suas. Nenhum dos lados tem que chantagear o outro. Ou existe a disposição desde o começo em um atender as necessidades do outro, ou dificilmente isso virá magicamente depois. Claro, você deve cuidar que as *suas* necessidades estejam sendo satisfeitas. Mas igualmente válido é ele querer o mesmo, e ambos acharem isso normal. O equivalente dessa posição perdedora pelo lado masculino seria um homem que não está disposto a ter uma conversa mais longa antes que a mulher transe com ele. Não faz nenhum sentido. É começar com o pé esquerdo. Claro, respeitando os limites de não fazer nada terrivelmente imprudente, é preciso estar disposto a investir para ter um relacionamento que preste. E sim, por vezes vamos cometer erros de julgamento; mas a solução não é por via das dúvidas dar tiros a esmo. A experiência aos poucos vai nos dando mais segurança para discernir com quem queremos de fato nos envolver,
Haver amor não elimina o fato de que ambos têm necessidades de várias ordens que precisam ser satisfeitas. Ao invés de fugir disso e achar que tudo que você quer o outro deveria dar espontaneamente “por amor”, é preciso sim ter muita clareza sobre o que os dois esperam da relação e buscar que isso fique claro e bem resolvido. Essa “negociação” é fundamental, e não elimina que haja amor. Pelo contrário, se ela não ocorrer as necessidades continuarão existindo, e aí sim se cai num círculo vicioso de conflito e manipulação.
Se os dois ficarem pensando nesse termos não vai a lugar algum. Fazer alguém feliz dá trabalho. Você tem que pensar se vale a pena. Não manipulativamente, do tipo “colocar a cenourinha”, mas sim sinceramente, do tipo entender as necessidades dele e esforçar-se para satisfazê-las, e naturalmente esperar (não opcionalmente) que ele faça o mesmo. Se ele não estiver disposto a fazer isso, tem mais é que deixar ele pra lá mesmo. Só que o mesmo vale pelo lado dele.
Pois é, isso é começar com o pé esquerdo. O que tem que ocorrer é desde o princípio um se preocupar com o bem-estar do outro, e em construir um relacionamento que satisfaça as necessidades de *ambos*.
Bem, sinto aqui vontade de citar Sartre : nós somos aquilo que fazemos com o que fazem com a gente.
Nós não controlamos as injustiças que sofremos, mas controlamos como reagimos a elas.
Eu não vejo absolutamente qualquer problema em “tentarem te comer”. Isso não torna ninguém um predador sexual e sim um homem normal e saudável. Para mim, o problema não está em querer sexo, e sim em não ter escrúpulos em manipular ou enganar você para obtê-lo. Um relacionamento entre adultos não se torna mais “sincero” ou mais “puro” ou mais “verdadeiro” quanto se abstrai dele o sexo. Eu não vejo absolutamente nada de insincero, impuro ou falso com a sexualização de uma relação. Aliás, muito pelo contrário – acho que em particular pelo lado masculino, desejo sexual é provavelmente um dos sentimentos mais autenticamente verdadeiros e sinceros que há. Não consigo ver absolutamente nenhum motivo razoável para uma mulher ficar ofendida por ser desejada. Uma mulher dizer “você só está interessado no meu corpo” é tão sem sentido quando um homem dizer “você só está interessada na minha mente”. Um homem ficar ofendido por uma mulher querer conversar com ele ao invés de transar é tão sem sentido quanto uma mulher ficar ofendida com um homem querer comê-la ao invés de falar com ela. Se os dois estiverem interessados um no outro, dá para fazer os dois e ambos saírem muito felizes. Basta os dois serem generosos e gentis e se preocuparem um com as necessidades do outro.
Sim, concordo, é por aí mesmo. A parte mais difícil é aceitar que as necessidades do outro podem mesmo ser completamente alienígenas às nossas.
Agradeço o comentário e peço que não se chateie com nada na minha resposta, a questão é que eu também me irrito com esse comportamento tão terrivelmente comum de não reconhecer as necesidades do outro como tão legítimas quanto as suas, e se por um lado você lamenta isso, por outro lado em alguns momentos me soou como se você tivesse introjetado uma parte desse mesmo discurso meio que sem nem perceber. Mas evidentemente não a conheço e posso estar completamente enganado sobre isso. Seja como for, é sem intenção de hostilidade.
Saudações,
Sergio
Olá sérgio,
não senti hostilidade foram boas reflexões.
Aonde talvez eu sinta alguma discordância é na aparente desconsideração pelas necessidades naturais de sexo do homem.. eu não creio que tenha essa desconsideração, muito pelo contrário… mas preciso entender também a isso, a posição do Sérgio referente à monogamia e poligamia.
“Eu não vejo absolutamente qualquer problema em “tentarem te comer”. Isso não torna ninguém um predador sexual e sim um homem normal e saudável. Para mim, o problema não está em querer sexo, e sim em não ter escrúpulos em manipular ou enganar você para obtê-lo. Um relacionamento entre adultos não se torna mais “sincero” ou mais “puro” ou mais “verdadeiro” quanto se abstrai dele o sexo. Eu não vejo absolutamente nada de insincero, impuro ou falso com a sexualização de uma relação. Aliás, muito pelo contrário – acho que em particular pelo lado masculino, desejo sexual é provavelmente um dos sentimentos mais autenticamente verdadeiros e sinceros que há. Não consigo ver absolutamente nenhum motivo razoável para uma mulher ficar ofendida por ser desejada. Uma mulher dizer “você só está interessado no meu corpo” é tão sem sentido quando um homem dizer “você só está interessada na minha mente”. Um homem ficar ofendido por uma mulher querer conversar com ele ao invés de transar é tão sem sentido quanto uma mulher ficar ofendida com um homem querer comê-la ao invés de falar com ela. Se os dois estiverem interessados um no outro, dá para fazer os dois e ambos saírem muito felizes. Basta os dois serem generosos e gentis e se preocuparem um com as necessidades do outro.”
“Ué, um homem poderia igualmente dizer que você está sendo “egoísta” ao querer ter conversas profundas, emotivas, sensíveis e inteligentes ao invés de simplesmente dar pra ele e pronto. A questão que precisa ser compreendida é que não existe nada de intrinsecamente egoísta nem nas suas necessidades nem nas dos homens que você descreve. Seria ideal se as necessidades coincidissem, mas freqüentemente não o fazem. E aí, fazemos o quê? Reclamar que tudo que queremos o outro tem que querer também espontaneamente é como dizer “puxa, eu pensei que o sujeito do posto de gasolina estava enchendo o meu tanque porque era meu amigo mas eu descobri que era só porque estou em troca dando dinheiro pra ele”. Essa é uma visão muito simplista do mundo. Nossas necessidades nem sempre coincidem com as dos outros, isso não quer dizer que estamos automaticamente sendo egoístas ou que não nos importamos com o outro. Ser egoísta não é se importar com as próprias necessidades; ser egoístas é se importar *apenas* com as suas próprias necessidades e desprezar ou descartar as do outro. Querer ter suas próprias necessidades satisfeitas, desde que considerando também as necessidades do outro, isso é apenas normal e saudável. O problema é quando isso vira um jogo manipulativo, quando não existe realmente intenção ou preocupação em satisfazer as necessidades do outro, e sim apenas um discurso nesse sentido que não se concretiza em ações. É realmente muito dificil encontrar alguém que verdadeiramente está disposto a levar a sério as nossas necessidades. Mas isso vale tanto para homens quanto para mulheres. E eu não acho que querer sexo ao invés de conversar seja intrinsecamente egoísta, assim como não o é querer ter uma conversa ao invés de transar. É preciso haver franqueza quanto às necessidades de ambos e negociar algo que funcione para os dois. Se os dois entrarem numa de querer atender apenas as próprias necessidades, o resultado é patético.”
O problema não está em ele querer sexo, o problema está em ele “fingir” amizade a troco de sexo, e como não há lá nada desse teor ele afasta-se. E se isso ainda incluísse algum tipo de afecto sincero por mim, eu não levaria a mal, mas normalmente do que tenho observado, não existe afecto nem consideração pela minha integridade, pelo meu bem-estar… ele só quer satisfazer a luxúria dele e o caminho é fingir que é meu amigo. Muito diferente de ter um amigo que já o era e o quer ser, com ou sem sexo! Um exemplo disto refere-se a uma pessoa com quem após alguns anos volvidos, reencontrei e começamos a falar, ele já estava a morar com a mulher dele, grávida e prestes a ter o bébé! As conversas eram interessates e encontramo-nos duas vezes para conversar em lugares publicos sendo que a ultima foi a convite dele, na conversa, lá tive eu que usar o dicionário… claro que ainda confirmei algumas coisas com algumas pessoas de meu circulo intimo para saber que não estava mesmo a imaginar, mas este suposto amigo estava a tentar ver que abertura eu teria para eu ir para a cama com ele sem a mulher grávida saber- Afirmando entre outras coisas que homens e mulheres nunca podem ser amigos sem terem grande atracção sexual!!! Eu contestei isso, ele não gostou, e nunca mais me ligou, nem quis saber! Grande amigo!
Ora se uma pessoa só é minha amiga porque quer sexo, é o mesmo que eu só ser amiga de um homem porque ele tem dinheiro! Não estou realmente interessada no indivíduo, só apenas no que ele me pode ofertar, ou no que ele tem materialmente!
Eu não vejo problema em haver atração sexual, mas vejo problema em que isso seja a única coisa que justifica o relacionamento e nada mais, aí sim considero impuro e falso.Por estes motivos, normalmente depois do homem comer, ele fica satisfeito e tenta comer “outra” variedade e a relação de amizade, ou romance, ou contacto cessa de existir(falo por experiência)! O interesse pelo outro que pode ou não incluir o sexual, mas que inclui o da mente, o da vida, o da personalidade ou individualidade, o dos seus interesses, sonhos geralmente é contínuo e mais duradouro, porque não é um gostar de comer apenas (e não tem mal nenhum), mas um gostar de estar na companhia dessa pessoa, de celebrar a sua existência como pessoa e não como mero objecto que serve um fim e se deita fora!Realmente envolve um sentimento de contentamento e apreciação por esse ser humano estar em contacto connosco e estar no planeta e um cuidado e atenção pela sua integridade e bem estar da nossa parte para com ele, sem comprometer o nosso. Isso pode ou não envolver sexo, mas não “tem” de obrigatoriamente envolver…
Eu gostava de ter mais amigos homens ( e tenho dois). Recentemente há uns meses, havia conhecido um rapaz e começamos a falar pela internet, conversas absolutamente sem teor romantico e inclusive ele nem demosntrou esse interesse por mim. Quando nos encontramos, as conversas foram quase inexistentes, mas sim indirectas e abraços e agarranços invasivos que obviamente só indicaram que o único interesse dele era cama! Como eu não lhe dei, ele nunca mais falou comigo, enviou email nada!E nós nem discutimos, nem eu fui agressiva! Só não lhe dei sexo que ele queria, porque eu não queria nem tinha esse interesse com ele. Se para ter a amizade de um homem eu tenho de lhe dar sexo, então acho bem que para eu dar sexo a um homem ele me pague 10 milhões de euros! Isto é comércio! Não amizade!Com mulheres eu posso ser amiga e não tenho de ir para cama com elas! Mas com os homens tenho?! Casados e tudo!? Porque se eu não satisfaço a necessidade deles de sexo eles não vão satisfazer o meu desejo de um contacto duradouro e de amizade, de o conhecer, conviver como pessoa neste mundo?
“Haver amor não elimina o fato de que ambos têm necessidades de várias ordens que precisam ser satisfeitas. Ao invés de fugir disso e achar que tudo que você quer o outro deveria dar espontaneamente “por amor”, é preciso sim ter muita clareza sobre o que os dois esperam da relação e buscar que isso fique claro e bem resolvido. Essa “negociação” é fundamental, e não elimina que haja amor. Pelo contrário, se ela não ocorrer as necessidades continuarão existindo, e aí sim se cai num círculo vicioso de conflito e manipulação”
Aqui estou inteiramente de acordo, não digo que não haja negociação e não gosto de chantagear com sexo ou outra coisa, mas se sexo é tudo o que outro quer sem ter o mínimo de interesse pelo meu bem estar como ser humano mas diz que “me ama”… se sou apenas um objecto, uma coisa pela qual ele só tenta satisfazer uma necessidade e depois deitar fora, mas para o conseguir diz que “gosta de mim”, então acho que é um negócio no qual eu só tenho a perder… até uma prostituta está melhor servida! Eu pessoalmente prefiro que um homem me diga e esclareça “olha eu acho-te muito bonita, mas só estou interessado em ter sexo contigo e mais nada” melhor que um que me tenta envolver emocionalmente, sem ele de sua parte realmente sentir nada a nível do coração, embora o sinta a nível do pénis, com a unica finalidade de “me comer”. Na verdade nada tenho contra o primeiro e até o respeito, o mesmo não digo do segundo! É a mesma coisa que ter uma amiga que só o é porque queria alcançar uma posição social, ou roubar o meu namorado, ou me tirar dinheiro! Isto é uso, não amizade! E o sentimento de ganância, ciúme dela é genuíno!
“Essa “estratégia” é perdedora, vai selecionar precisamente os homens que estão dispostos a jogar esse tipo de joguinho. Alguém que aceita ter suas próprias necessidades ignoradas está no paradigma errado e provavelmente também não verá nada de mais em ignorar as suas. Nenhum dos lados tem que chantagear o outro. Ou existe a disposição desde o começo em um atender as necessidades do outro, ou dificilmente isso virá magicamente depois. Claro, você deve cuidar que as *suas* necessidades estejam sendo satisfeitas. Mas igualmente válido é ele querer o mesmo, e ambos acharem isso normal. O equivalente dessa posição perdedora pelo lado masculino seria um homem que não está disposto a ter uma conversa mais longa antes que a mulher transe com ele. Não faz nenhum sentido. É começar com o pé esquerdo. Claro, respeitando os limites de não fazer nada terrivelmente imprudente, é preciso estar disposto a investir para ter um relacionamento que preste. E sim, por vezes vamos cometer erros de julgamento; mas a solução não é por via das dúvidas dar tiros a esmo. A experiência aos poucos vai nos dando mais segurança para discernir com quem queremos de fato nos envolver,”
Aqui estou de acordo consigo em termos do que deveria ser, esse é o ideal, mas não é a prática, infelizmente, pela minha experiência nisso quando se dá sexo a um homem muito cedo, ele “sempre” se desinteressa de algo mais duradouro ou pela pessoa, sempre (se existir excepção ainda não encontrei)! É preciso segurar a cenourinha por muito tempo! O truque que as minhas amigas usam é o de não fazer parecer que é uma chantagem ou um esquema, mas fazê-lo de forma a que ele fique sempre esperançado de conseguir se persistir ao longo do tempo. E algumas delas já estão casadas! Se elas perderam? Eu não sei, eu no lugar delas perderia,porque não tenho paciência para fazer o que elas fazem, mas acho que elas para elas, estão contentes à sua maneira.
Abraços
Natacha
Hehe, a posição “do Sérgio”? :-) Bem, ocorre de eu conhecê-la. :-) Eu acho, para começar, que não existe nenhum número “certo” de parceiros românticos e/ou sexuais. Eu acho que do ponto de vista de “certo ou errado”, nesse assunto cada um tem que saber o que é bom para si. Então se a pessoa quer ter zero, um, ou dez parceiros românticos e/ou sexuais, parabéns, vá em frente. E quem vier dizer que é impossivel amar / cuidar / administrar mais de uma relação afetiva significativa ao mesmo tempo, deveria então aconselhar ninguém a ter mais de um filho, ou conversamente a ter apenas um pai ou uma mãe mas não os dois ao mesmo tempo.
A causa de poligamia ser uma questão tão complexa não tem absolutamente nada a ver com motivos elevadíssimos e sim com instintos sexuais, de querermos ter certeza de que estamos propagando nossos próprios genes e não os dos outros. Não tem nada a ver com respeito, altruísmo ou confiança, e sim com egoísmo e insegurança.
Isso tudo tendo sido dito, eu pessoalmente sou muito mais favorável a relações estáveis e profundas do que a relações superficiais e efêmeras. Elas são para mim muitíssimo mais satisfatórias. Claro que como argumentado acima, isso não é incompatível com poligamia, mas certamente é incompatível com o tipo de poligamia inconseqüente que prevalece nas sociedades ocidentais (em oposição a uma poligamia mais socialmente rígida de certas outras sociedades).
Adicionalmente, embora eu não veja problema *moral* com poligamia, isso deve ser separado de dizer que será o que funciona para mim, ou para qualquer pessoa específica. Eu também não vejo nada errado com gostar de chocolate, e no entanto não quero comer chocolate.
Finalmente, existe a questão de que é provavelmente muito mais fácil aceitar poligamia do ponto de vista de *eu* ser polígamo do que do ponto de vista de alguém em quem eu esteja romanticamente / sexualmente interessado ser polígama. O que nos leva à questão de que para qualquer dessas formas de fazer as coisas funcionar, é necessário (como em qualquer relação) discutir o que cada um espera do outro e ver se existe uma forma de todos ficarem satisfeitos. Eu, pessoalmente, se por um lado não ache poligamia o fim do mundo, não preciso ser poligamo para ser feliz, e desde que certas expectativas e necessidades estejam satisfeitas fico perfeitamente contente de ter uma única pessoa ocupando certos papéis na minha vida. Inclusive acho que isso é provavelmente o que melhor combina com a minha personalidade.
Mesmíssima coisa se pode dizer sobre mulheres “fingirem” interesse sexual em troca de segurança afetiva, companhia, atenção, etc. Se por um lado fingir manipulativamente certas intenções ou compromissos que você não pretende realmente oferecer ou sustentar é realmente ruim, eu não vejo absolutamente nenhum problema em fazer coisas que não são exatamente as que você faria espontaneamente com o objetivo de fazer o outro feliz, ou de criar espaço para um acordo mutuamente benéfico. Aliás, pelo contrário – eu acho que isso é o fundamento de uma relação que deixe os dois felizes e satisfeitos. É preciso ter maturidade, desprendimento e honestidade suficiente para perceber que nem tudo o que queremos é exatamente o que o outro quer nos oferecer ou quer de nós ou da relação. Isso não quer dizer que o outro não goste de nós ou nós não gostemos dele, não quer dizer que não haja compromisso ou amor ou cumplicidade. Mas esperar que o outro queira espontaneamente fazer aquilo que atende às nossas necessidades é irreal, e ficar ofendido com ele não querer é infantil. Agora, ir para o lado oposto e insistir que cada um faça somente o que quer também é infantil, míope e avestrúlico. É preciso ser sincero quanto às suas próprias necessidades e quanto às necessidades do outro e então estar disposto a descobrir como (e a concretamente agir na direção de) satisfazer as necessidades do outro sem se violentar. E isso vale para os dois lados, naturalmente.
Então sobre essa questão de “fingir” amizade a troco de sexo, se for algo manipulativo e insincero, e claro que é ruim, concordo completamente. Mas não joguemos fora o bebê junto com a água do banho. Talvez alguém que genuinamente goste de você e se importe com seu bem estar (e aí entra o seu julgamento) esteja mesmo assim muito mais interessado em ter sexo com você do que eu ficar falando sobre filosofia. Ficar ofendido com isso é tão bobo quanto um homem do qual você genuinamente gosta ficar ofendido com você estar mais interessada em conversar com ele do que em transar com ele. E se uma relação desse tipo é tal que exista espaço para se tornar mais íntima e profunda, então é preciso negociar essas coisas. Você precisa explicar pro sujeito que é uma necessidade emocional e afetiva sua que ele a ouça, e ele precisa explicar que é uma necessidade emocional e afetiva dele que você transe com ele. Ficar renegociando isso o tempo todo é exaustivo e inadministrável, então é preciso chegar num ponto em que se concorde sobre o que um espera do outro e ambos simplesmente fazerem e pronto – e aí é fundamental ter muita self-awareness tanto das suas próprias necessidades quanto do que você é capaz de oferecer.
A resposta curta é sim.
Mas note que essa questão pode perfeitamente ser invertida e colocada desde o ponto de vista masculino : “Quer dizer então que porque eu não satisfaço a necessidade delas de contacto duradouro e de amizade, de o conhecer, conviver como pessoa neste mundo então elas não vão satisfazer a miinha necessidade de sexo?”
E novamente, a resposta curta é sim.
Ambos os lados precisam entender que as necessidades do outro lado, mesmo quando alienígenas, são perfeitamente legítimas, e que nós em geral temos todas as ferramentas para satisfazê-las de forma a fazer o outro imensamente feliz, mesmo que não nos identifiquemos com tais necessidades, ou (em casos extremos) mesmo que não entendamos nem remotamente por que uma certa necessidade é tão importante para o outro. Querer (ou pior ainda, esperar ou mesmo exigir) que o outro queira “espontaneamente” fazer aquilo que nos deixa felizes é não só irreal como, diria eu, autocentrado e egoista. O outro tem sua propria personalidade. Não quer dizer que ele não possa se importar com as suas necessidades, mas isso precisa ser conversado e é preciso chegar a um entendimento sobre como um pode fazer o outro feliz.
Se por um lado o caminho de fingir manipulativamente que se quer o mesmo que o outro é ridículo, desonesto e eventualmente insustentável, por outro lado admitir abertamente que não queremos as mesmas coisas não precisa resultar em um impasse insolúvel, muito pelo contrário, é o primeiro passo na direção de negociar algo que possa de fato funcionar para os dois.
Concordo, claro, que um dos dois querer ter suas necessidades satisfeitas sem qualquer respeito pelo bem estar e pelas necessidades do outro não é base para uma relação na qual eu queira estar. Mas note, isso *não* decorre automaticamente de “sexo é tudo que o outro quer”. O problema é o sujeito não se importar com você, não ele querer sexo, ou mesmo “apenas” querer sexo. No caso extremo, mesmo alguém que queira “apenas” sexo pode perfeitamente se importar muito com você e estar disposto a sair muito do seu caminho para tratá-la com respeito e carinho e atender às suas necessidades afetivas e emocionais, tanto por realmente e sinceramente se importar quando por ter maturidade suficiente para entender que é infantil querer ter suas necessidades satisfeitas sem para isso fazer qualquer investimento ou oferecer nada em troca.
Bem, eu acho que se for este o caso então você não quer ficar com o sujeito, certo? Se for esse o caso, se for isso que ele faria, querer então “induzi-lo” a se envolver com você através da “estratégia” de negar sexo, alem de ser manipulativo, não é nem sequer no seu interesse. Aliás, pelo contrario – eu acho que é um ótimo critério para determinar logo de saída com que tipo de pessoa você está lidando. Se ele perder completamente o interesse depois de transar com você, ufa, que bom que você descobriu logo antes de se envolver ainda mais seriamente.
Bem, eu acho essa forma de enxergar relacionamentos completamente infantil e ridícula. A questão, pelo menos para mim, não é como “capturar” alguém, ou como manipular uma pessoa a querer estar comigo, e sim como encontrar alguém que seja capaz de ter maturidade suficiente para voluntariamente e conscientemente escolher fazer sua parte do investimento necessário de recursos necessários para ambos ficarem felizes.
Er, é claro que manipular pessoas pode “funcionar”, no sentido em que é possível manipular pessoas com sucesso. Mas isso é como você dizer que é possivel ficar rico enganando as pessoas. Claro, é possivel. Existem muitos mafiosos felicíssimos. É possivel sim construir relacionamentos nos quais você se importe apenas com as SUAS necessidades e manipule alguém a satisfazê-las sem oferecer nada em troca ou oferecendo o mínimo possível em troca. Agora, eu, pessoalmente não quero ter nada a ver com isso. Mas claro, é perfeitamente possível ser feliz seguindo esse paradigma, dependendo de qual for a sua personalidade.
Espero que o motivo pelo qual você não age assim não seja porque não tem *paciência* para fazer o que elas fazem e sim porque em algum nível você percebe que isso não é quem você quer ser, e nem esse o tipo de homem com quem você quer estar.
Não sei se meu comentário feminino vai ajudar aqui mas…lá vai!Sempre fui “louca” por sexo.sexo pelo sexo mas sou seletiva c o parceiro(não pode ser qualquer um!)o cara tem q ter algo especial,tem q ser masculino,exalar masculinidade…virilidade.
Na verdade fui casada por 20 anos(e fiel) e acabou porque minhas expectativas não foram atendidas(ele nao queria mais contato fisico,sem explicações).O pior é q sou bonita,bonita mesmo.sempre fui…mas a rejeiçao no casamento pirou minha cabeça.Sai deste casamento querendo provar p mim mesma q isto não era real,que eu era sim desejada por outro homem.Conheci vários,vivi relacionamentos péssimos.Tive sexo mas nenhum sentimento reciproco,foi um lixo!O ultimo relacionamento q tive,se dá p chamar de relacionamento….o cara foi apaixonante,até me conquistar.quando resolvi ceder a ele,ele se comportou como um troglodita.me disse q eu deveria “me masturbar” que ele fazia isto todo dia.Foi de uma agressividade impar.Eu ao invés de chorar e me esconder resolvi desafiá-lo e levei-o p cama,só p sentí-lo aos meus pés,não por que quisesse realmente sexo c aquele animal.Depois só por vingança fui extremamente exigente,dei apenas sexo a ele(nada mais).Pior q depois ele me procurou,todo apaixonado.Eu pisei,pisei mesmo nele.Rejeitei e neguei o convite.Depois liguei p ele e ele veio igual a um cachorrinho abanando o rabo.Nesta vez estavamos os dois apaixonados um pelo outro.Foi então que sem eu esperar ele me deu o troco, ele se afastou,e me gelou.MORAL DA HISTORIA:Vá entender os homens,quando a gente quer sexo tambem corre o risco de ser humilhada e depois tem q dar o troco.O final da historia sempre é doloroso para ambos!É a chamada guerra dos sexos.Pra mim foi horrivel.Agora já pergunto de cara o o que o sujeito quer.Se quer só sexo sem demais promessas eu vou de boa mas sem esperar nada de volta.Mas acho que se apaixonar pode acontecer durante os tramites,ninguem esta livre.Vale a lição!Mas o sexo pelo sexo se o homem é atencioso e desencucado vale a pena.A gente tambem gosta,não precisa casar!
Infelizmente vezes demais o sexo é usado como instrumento de chantagem, dominação ou manipulação. Aí em isso acontecendo fica complexo conseguir administrar o sexo de forma saudável.
Saudações,
Sergio
Acho apropriada sua colocação.Mas fazendo uma análise,eu pessoalmente não tive a sorte “ainda” de conhecer homens mais emocionalmente equilibrados.Quando se tem um certo grau de auto-conhecimento fica mais fácil entender nossas atitudes e as do parceiro.Ainda vejo o cenário da forma que a grande maioria dos homens são machistas,sempre arbitrários,querendo ter muita liberdade para o sexo e as mulheres sendo mais oprimidas.Porque por uma questão bem cultural somos sempre taxadas em duas grandes categorias:as para casar e as para transar!Se somos fáceis,somos mal vistas.Acho que este é o grande “dilema” por assim dizer,da maioria de nós mulheres.Por isto é tão dificil para nós cedermos com tanta facilidade quanto vocês homens gostariam que fosse.Queremos sexo sim mas queremos tambem ser compreendidas e não tratadas apenas como um corpo.Adorariamos ter amigos que pudessemos ter sexo sem cobranças a hora que necessitássemos.Mas estes “amigos” ,passados um mês ou dois,já se consideram “proprietários” nossos de alguma forma,aí vem a chamada dominação masculina.Então nossa liberdade fica por assim dizer “suprimida” enquanto que eles minam nossa auto-estima para poder ter o controle da situação.Mas queremos esta liberdade de poder fazer sexo pelo sexo sem cobranças como voces pensam.Acho que o que pesa muito são os séculos de peso cultural sobre nossos ombros onde se colocaram papéis distintos para cada sexo.Não que seja errado porém é o que foi passado de geração a geração.Mas não queremos ser iguais aos homens,queremos ser mulheres na nossa forma de ver o mundo mas com a compreensão de que tambem queremos coisas parecidas com as que voces ja dominam.Porque sim!necessitamos de sexo também!!!Apenas nossa conduta diante dos homens tem q ser mais cuidadosa(em termos)porque muitos,muitos nos taxam e nos julgam.Talvés a questão de querer ser desejada e não ir diretamente ao sexo venha deste medo que carregamos, o medo de ser julgada e mesmo colocada numa condição de desvalor!
Pois é, e eu acho que isso vale para os dois lados : é difícil encontrar pessoas – homens ou mulheres – emocionalmente prontos para uma relação de cumplicidade, com ou sem sexo. Mas quando envolve sexo fica ainda mais complexo.
Uma parte disso é o que você disse – uma boa parte das pessoas não é emocionalmente equilibrada. As pessoas não conhecem a si mesmas, não sabem o que querem, vivem no mundo da fantasia ao invés de na realidade, desejam coisas mas não estão dispostas a tomar as ações necessárias para obtê-las, não se assumem como responsáveis pelas conseqüências óbvias de suas próprias escolhas, etc.
Agora, mesmo as que são um pouco mais equilibradas, uma boa parte destas vive no paradigma de “pragmatismo racional implacável” no qual pensa miopicamente apenas no seu próprio bem estar. E em geral ainda se consideram muito espertas com isso. Só que numa relacão a dois isso impede que haja confiança e entrega e prende a relação num atoleiro de de mediocridade.
Sobre ceder com relação a sexo, eu acho o seguinte – um homem que vai pensar menos de você porque você gostou dele e foi pra cama rapidamente é um idiota e se ele é um idiota é melhor descobrir cedo do que tarde. :-)
Sobre ter sexo semi-casual “sem compromisso”, vou começar fazendo aqui uma observação de que você talvez não goste. Você está reclamando que queria poder fazer sexo casual quando *você* necessitar sem que isso gerasse “cobranças”. Depois vem reclamar que não quer ser tratada apenas como um corpo? Ora, pense bem – foi exatamente isso que você acabou de dizer que queria fazer com seus “amigos” homens – tratá-los apenas como um corpo, como alguém sem sentimentos nem vontades que está disponível para fazer sexo quando *você* quer, e que não vá por causa disso esperar nenhum compromisso da sua parte. Você olharia com simpatia para um homem que afirmasse o mesmo? “Bolas, as mulheres são muito frescas, só porque eu comi ela por duas semanas agora ela espera que eu dê atenção a ela, que esteja disponível quando ela precisar!”. Eu até concordo que o legal é ninguém objetificar ninguém, mas o seu discurso parece estar indo na direção de “eu queria poder objetificar os homens sem eles encherem meu saco por causa disso”.
Aliás, vou fazer aqui uma observação adicional que talvez a surpreenda : esse modelo de sexo casual ironicamente funciona *MUITO* melhor para a mulher do que para o homem. :-) Uma mulher média razoavelmente jovem e minimamente apta fisicamente tem muito pouca dificuldade em achar um parceiro sexual descartável quando está com vontade. O homem médio, ABSOLUTAMENTE NÃO. O contraste é ENORME. As mulheres têm por vezes essa ilusão de que os homens são “pegadores” e etc e que se quiserem uma parceira descartável basta irem a algum lugar e pegar alguém. A verdade é que um dos principais motivos por que os homens estão em geral tão abertos a ter sexo com qualquer mulher em qualquer circunstância é que a oferta é MUITO assimétrica e eles sentem que precisam aproveitar qualquer oportunidade.
Então quando você se torna a fonte de sexo para um homem médio, isso em geral tem uma importância MUITO maior na vida dele no que na sua. Pouquíssimos são os homens que têm uma quantidade enorme de opções disponíveis bastando pegar o telefone ou ir a uma boate. Então perdê-la como fonte de sexo se torna uma questão séria, especialmente se ele estiver gastando com você o tempo que ele poderia estar gastando buscando arduamente outras fontes de sexo. Claro que isso se expressa como possessividade, mas lá no fundo o que há por trás disso não é tanto uma ideologia machista (por mais que esta seja por vezes adotada superficialmente no discurso para consumo externo) e sim desespero, medo e solildão. Só que admitir essas coisas (até para si mesmo) é complexo e pouco atraente e deixa os homens vulneráveis, então eles em geral expressam esse pavor de perdê-la como fonte de sexo de outras formas.
Note que para o homem em cima dessa questão de que substituí-la como parceira sexual aleatória é muito mais complexo do que para você substituí-lo como parceiro sexual aleatório existe a questão de que para o homem médio ficar sem sexo é MUITO mais traumático e angustiante do que para a mulher média. Então novamente, em geral, a única proteção que um homem – mesmo casado, infelizmente! – tem para ter paz e não ficar tão vulnerável é precisamente cultivar várias parceiras sexuais de forma que perder qualquer uma delas não significará ter seu acesso a sexo barrado por tempo indeterminado.
Note, não estou com isso dizendo “oh, logo isso é maravilhoso”, alias, eu acho esse resultado uma droga para todos os envolvidos, mas a meu ver os motivos dos homens em geral não são tão baseados em ideologia (quem vem posteriormente para retroracionalizar suas escolhas) quanto em desespero total quanto a perder o controle da situação. Numa sociedade na qual ambos sejam plenamente livres para terem a vida sexual que quiserem (e eu acho que isso é o certo) e o uso da força física não seja aceita como instrumento legítimo de imposição da vontade, as mulheres evidentemente têm sob esse aspecto (vida social e sexual) uma superioridade astronômica em termos de opções. Porém se diante disso usarem sexo como instrumento de manipulação e controle e chantagem, ou se (como e cada vez mais comum hoje) decidirem objetificar os homens, estarão incorrendo nos mesmos erros pelos quais (justificadamente) criticam os homens e as sociedades patriarcais que buscam transformar as mulheres em eletrodomésticos. Ambos os lados precisam tratar o outro com a compreensão e empatia que reclamam para si mesmos.
Saudações,
Sergio
O mais curioso é: o que faz Michael Jackson na capa da revista Ebony? Ainda se fosse na Ivory…
Hahaha, se fosse uma questão de sexo ao invés de raça ele possivelmente seria transgender. :-)
http://www.youtube.com/watch?v=oOH3NH-XKg4
Saudações,
Sergio
Sérgio,
Raramente eu concordo tanto com alguém em temas complexos como este. Em primeiro lugar, você tem uma habilidade de argumentação e contra-argumentação comparável a qualquer grande pensador (na minha opinião pelo menos). Em segundo lugar, você analisou o tema de maneira extremamente imparcial, você simplesmente colocou fatos, estabeleceu relações entre eles, usou estatística quando necessário, eliminou qualquer “ruído” tanto na mensagem quanto nas respostas. Não me sinto digno nem de lhe parabenizar.
Mas enfim… Essa “teoria da distribuição sexual” colocada por você, se interpretada da maneira correta, explica ainda muitos outros desencontros e absurdos. Aqui vai a minha primeira pergunta: você me autoriza a usar no meu blog trechos do que você escreveu para colocar o que desenvolvi raciocinando sobre eles? Você pode fazer as exigências que quiser, links, créditos, revisar antes pra ver se eu não estou cometendo algum erro (ao menos algum muito grotesco) etc. Mas eu gostaria de dar a minha contribuição a essa discussão sem precisar “reinventar a roda”.
A minha segunda questão é a seguinte: eu fiquei me perguntando quais as características de um “macho-alfa” afinal. Ok, eu li algumas características no seu texto, mas ainda assim eu não consigo distinguir claramente, imaginar quem poderia ser ou não um “alfa” das pessoas que eu conheço — a não ser, claro, o fato de eles atraírem mulheres facilmente –. A única coisa que “sei” é que os critérios que as mulheres usam para escolher homens é, no mínimo, tão complexo para o homem médio que muitos dos próprios “alfas” não sabem o que causa a atração (já ouviu a expressão “nascer com *o mel*”?). Então, imagino que a “descrição objetiva” das características de um alfa seja, no mínimo, não-trivial.
Muitas das palavras aqui podem não expressar o que exatamente eu quis dizer, mas se eu fosse descrever tudo exatamente, o texto ficaria ainda mais longo. Peço que compreenda isso e interprete minhas palavras da melhor forma possível.
Abraço
Um Ser Pensante
Caro ser pensante,
Claro, autorizo sem problemas a citação acompanhada de um link para o texto original… e adicionalmente seria interessante também receber um link para o texto que faz a citação.
Sobre a habilidade de argumentação e contra-argumentação eu sou, naturalmente, parcial sobre o assunto… mas eu concordo que é muito difícil conseguir superar os julgamentos e preconceitos introjetados e aceitos acriticamente desde sempre e olhar para essas problemas dando dois passos para trás e tentando entender um pouco mais objetivamente – e honestamente – o que está acontecendo. Uma das percepções mais complexas de se conseguir ter sobre nós mesmos é precisamente o quão limitado é o nosso poder de introspecção sobre nossos próprios motivos, ou mesmo sobre quem realmente somos. Por vezes somos capazes de persistir nos erros mais absurdos por falta de sermos capazes de aceitar que o que somos e o que queremos e o que desejamos não é o que o que os outros nos dizem, não é o que achamos que deveria ser, e vezes demais não é sequer o que imaginamos que seja. Enxergarmo-nos seguindo uma programação genética que nos impele a comportamentos que variam do irracional ao suicida é muito difícil de admitir. Então tendemos a inventar explicações delirantes sobre por que o que estamos fazendo seria perfeitamente razoável e faz total sentido.
Enfim, sobre a questão do macho alfa. Claro, dizer que os machos alfa são os que atraem mulheres facilmente e então definir macho alfa como aquele capaz de atrair mulheres facilmente soa meio circular e nos deixa querendo um entendimento um pouco mais esclarecedor, concordo. Mas a questão de que de fato eles existem já é significativa. E de fato, a expressão, como você deve saber, é emprestada da etologia (estudo do comportamento animal), e algo recorrentemente observado entre (mas não se restringindo a) primatas é que um indivíduo do grupo (por vezes um casal) ocupa uma posição privilegiada em praticamente todos os aspectos do comportamento social, e em particular no comportamento sexual. Inclusive, em alguns grupos, o macho que ocupa a posição alfa é o *único* que tem acesso sexual às fêmeas do grupo e qualquer indivíduo que viole essa regra é expulso ou literalmente morto pelos outros membros do grupo.
Agora note, é extremamente óbvio por qualquer parâmetro o quanto esses comportamentos também se manifestam em grupos humanos. Toda a nossa capacidade de abstração e análise crítica não nos impede de seguir uma programação genética tosca que exige que metaforicamente gritemos uga buga, batamos no peito e ajamos socialmente como os primatas na selva. Apenas ocorre que ao invés de gritarmos uga buga nós expressamos nossa agressividade soltando coisas como “Só um idiota acharia isso sobre Heidegger!” para o sujeito que começa a puxar papo com a fêmea na qual estamos interessados. O subtexto continua sendo uga buga. E fatores que “racionalmente” não deveriam tornar alguém atraente, ou mesmo que deveriam nos repelir como sinais de perigo podem apesar disso despertar enorme atração, e se não formos capazes de perceber ou admitir que isso não foi nem sequer exatamente uma escolha, começarmos e buscar todo tipo de não-explicações e justificativas delirantes para o ocorrido.
Agora, se formos buscar descrever um pouco mais objetivamente o que torna alguém um macho alfa na espécie humana, isso é por um lado pode ser bem mais simples do que poderia parecer a princípio, mas por outro lado extremamente mais complexo de fazer do que de descrever. Mas enxergar isso exclusivamente sexuais é míope. Um macho se torna alfa quando consegue ter sucesso em se estabelecer como socialmente dominante no grupo social em que está inserido. Note que isso é bem mais amplo do que receber favores sexuais. Na verdade, é mais ao contrário – um macho não se torna alfa por ser atraente, e sim atraente por ser alfa. Isso é algo que confunde e frustra muito uma boa parte dos homens. “Por que você está atraída por aquele idiota?” Ué, simples, porque é socialmente dominante. Da mesma forma uma mulher poderia perguntar “Mas por que você está atraída por aquela idiota?” e tranqüilamente ouvir a resposta “Ela tem dois peitões ótimos.” e a réplica “Mas ela é uma idiota!” resultará apenas no pensamento “E…?”. O comportamento não é menos arbitrário do outro lado.
Saudações,
Sergio