Hidrante com antena
Uma das coisas que notei ao me mudar para cá, apesar de prosaica, foi crescendo na periferia da minha consciência como incômoda pelo sua inexplicabilidade. Estou falando do fato de que aqui os hidrantes têm antenas.
Ok, pode ser que no final das contas nem seja tão inexplicável assim, mas a questão é que eu nunca tinha visto hidrantes com antenas antes, e embora eu já tenha desenvolvido várias teorias sobre o assunto, o fato é que eu não sei com segurança para que servem.
Naturalmente um dos primeiros pensamentos que surge é que sejam realmente antenas no sentido mais tecnológico, que sirvam para receber e/ou transmitir algum tipo de informação. Divertida que seja essa idéia, isso não parece nem um pouco provável.
A segunda hipótese genérica é que sirva para tornar os hidrantes mais fáceis de achar / localizar / ver. Mas como é que alguém não veria um hidrante? Não é como se fosse algo discreto para começar. Então eu fiquei pensando sobre situações em que isso seria útil. Meu primeiro pensamento foi o de carros estacionados na frente do hidrante e tornando ele pouco visível, mas isso não apenas é ilegal como a antena não ajudaria tanto assim. Então eu pensei que talvez fosse para evitar colisões com o hidrante estacionando o carro. Afinal, especialmente com as SUVs americanas, objetos baixos não são visíveis a curta distância. Mas isso também não me pareceu muito razoáve; o hidrante fica na calçada e não no meio-fio.
Outro hidrante com antena
Minha hipótese atual veio com as recentes tempestades de neve. Talvez a antena seja para o caso de se o hidrante ficar completamente soterrado (algo não improvável numa nevasca) você continuar conseguindo encontrá-lo através da antena. Não sei se é esse o real motivo, mas foi a melhor hipótese que conseguir bolar até agora.
Seja como for, no processo de tentar achar uma resposta acabei achando este site aqui dedicado a fotos de hidrantes. O qual, aliás, com data de 22 de janeiro de 2006 mostra um hidrante com antena em Illinois, a qual parece provocar surpresa também em quem ali postou a foto.
Pra achar o hidrante debaixo da neve, óbvio !
Talvez óbvio retroativamente. :-)
Mas no meio do verão, quando vi aquelas antenas pela primeira vez, e não estando acostumado com o fato de que no inverno tudo fica soterrado de neve, não passou nem perto de me ocorrer…
Saudações,
Sergio
Em Montreal ninguém precisa se fazer essa pergunta. Primeiro você se pergunta “Por que as portas são tão pesadas e todas as entradas têm uma antesala?”. A resposta mais óbvia é o frio, e partindo da premissa de que faz frio pra kct você entende por que os hidrantes têm antenas, por que os parquimetros ficam no meio das calçadas e não no meio fio, etc.
E vendo os drogados você entende por que o banheiro do McDonalds tem luz roxa.
Bem, no verão as antenas nos hidrantes não tem uma função muito óbvia… mas no Canadá talvez seja inverno o tempo todo. :-)
Me disseram uma vez que na Suécia nos estacionamentos tem que ter algum tipo de dispositivo do lado de cada vaga para descongelar o motor do seu carro de forma que você consiga ligá-lo. :-)
Saudações,
Sergio
Uma teoria conspiratória: Se trata de postos de espionagem camuflados dos serviços secretos desses países para prevenir e evitar ataques terroristas. Hehehe.
Bem, se vamos ser conspiratórios, então os hidrantes estão emitindo continuamente ondas com mensagens subliminares captadas diretamente pelos nossos cérebros para nos tornar mas suscetíveis a que aceitemos submissamente as quantidades bizarras de controle que nos são continuamente impostas. :-)
Saudações,
Sergio
Excelente texto, Sergio! Fico feliz em ver seu português cada vez melhor, apesar da distancia. Queria que você de dedicasse a escrever ficção, seus contos e livros seriam ótimos! Abraços!
>>Fico feliz em ver seu português cada vez melhor, apesar da distancia.
Hahaha, isso não soa exatamente como um elogio. :-) Soa mais como um cripto-insulto. :-)
>>Queria que você de dedicasse a escrever ficção, seus contos e livros seriam ótimos!
Novamente, isso soa como dizendo que meus textos de não-ficção não sejam. :-)
Eu de fato pensei mais de uma vez em escrever ficção, mas quase todas as idéias que eu tenho nessa direção sempre me acabam parecendo excessivamente arbitrárias e insuficientemente dignas de investimento. No final das contas, eu acabo concluindo que tenho coisas mais interessantes e/ou relevantes a dizer fora da ficção. Inclusive alguns dos meus textos que envolveram maior investimento surgiram mais do sentimento de que “nossa, alguém precisa dizer X, se ninguém vai dizer então eu vou” do que como expressão da necessidade de auto-expressão criativa. Aliás, mesmo como leitor, eu fui progressivamente achando cada vez mais e mais interesse em não-ficção e menos em ficção. Hoje tendo a achar que a realidade consistentemente supera a ficção não só em sofisticação e complexidade como também (inesperadamente) em expandir nossas mentes ao ir em direções que jamais teríamos imaginado. Eu vejo o apelo da ficção como pelo menos em parte derivado do fato de que o universo conceitual socialmente aceito como padrão no qual usualmente se navega é ele mesmo uma ficção total.
Saudações,
Sergio
Cláro que lhe ocorreu que os americanos são muuuito práticos e engenhosos, extremamente organizados e portanto essa gerinconça aí serve para alguma coisa que a comunidade pediu e… pronto! Ela está aí. Morando no norte do Brasil, vi, uma comissão japonêsa, uns vinte e tantos anos atrás apresentarem na Câmara Municipal seu plano de trânsito dizendo que se não fizessemos a cidade um dia iria parar. Parece lógico, mas somos ilógicos porque somos desorganizados. Poucos foram os que acharam que estavam com a razão. A cidade está um caos, parando. O hidrante está na rua e não na calçada. No final da minha rua tem um supermercado para a qual passam carretas enormes. Para entrarem nela a prefeitura providenciou uma placa de tamanho razoável, sinalização, para que os caminhoneiros a vissem e soubessem se poderiam de acordo com a tonelagem lá entrar ou não. Havia uma guerra diária entre moradores, motoristas e o dono do supermecado. Via que não era por aí. Entra estado que rouba todos e joga uns contra os outros. Mas não é o caso, pelo menos aqui. Prestaram atenção pra quase tudo mas esqueceram a placa. Ela sumiu. Estava na calçada, e não na rua como o hidrante. Não foi o portuga nem os caminhoneiros, nem a placa em si o que aqui importa, mas ela estava na calçada e sumiu!
Grande abraço.
Ivan Lima