Einstein Esteve Aqui

May 28th, 2010 by Sergio de Biasi

Fuld Hall
The Institute for Advanced Study at Princeton

Eis que por uma seqüência imprevista de eventos eu acabei indo visitar o Institute for Advanced Study na cidade de Princeton. Talvez isso não signifique muito para quem não seguiu carreira acadêmica e não fica muito impressionado em andar pelos mesmos caminhos onde Einstein e Gödel passeavam juntos. Mas para mim é impressionante finalmente ver a lareira ao lado da qual algumas das conquistas mais importantes do pensamento humano foram discutidas e desvendadas, e ver o escritório onde Einstein trabalhava.

Einstein

O instituto é atípico (era mais ainda quando foi fundado) no sentido em que não é exatamente uma instituição acadêmica padrão. Ele não tem alunos, ou laboratórios, nem dá diplomas de coisa alguma. Ele também não vende, contrata ou dirige a pesquisa de nenhum de seus membros. Nao se trata, portanto, nem de uma instituição de ensino, nem exatamente de uma instituição de pesquisa. É uma instituição, como diz o nome, de estudos avançados. A idéia é que algumas das melhores e mais brilhantes mentes que puderem ser encontradas serão convidadas a se juntarem ao instituto para então serem deixadas em paz para pensarem… no que quiserem.

Ironicamente, ao longo dos anos, foi repetidamente observado que essa proposta não é necessariamente a mais produtiva em termos de resultados científicos. Vários cientistas acima de qualquer suspeita, como por exemplo Richard Feynman, observaram que toda essa liberdade, que em princípio permitiria aos gênios explorarem suas idéias sem as amarras dos compromissos usuais, acabaria na prática gerando ao invés disso estagnação e paralisia. Segundo Feynman, é preciso um certo grau de urgência e de problemas sendo atirados no seu colo para manter a mente ativa e produzindo.


Andando aleatoriamente pelo Institute for Advanced Study

Seja como for, algumas das mentes mais brilhantes do mundo de fato passaram pelo instituto. O número de vagas permanentes, porém, é bastante limitado; a maior parte dos pensadores recebe apenas posicões temporárias e são periodicamente substituídos.

O local inteiro, embora extremamente agradável e confortável, não é muito grande nem arquiteturalmente impressionante. De fato a impressão é a de que este seria o resultado de um monte de matemáticos se juntando e decidindo “ok, precisamos de uns prédios aqui”. Seu significado porém é imenso, e de certa forma essa simplicidade e despojamento nos fazem apreciar e entender ainda mais profundamente a escala de valores e a personalidade daqueles que ali trabalham. Nada de colunas neoclássicas de mármore com 30 metros de altura, nada de prédios com ângulos impossíveis revestidos de vidro e aço, nada de arabescos ou gárgulas. Não estamos aqui para impressionar ninguém. Estamos aqui para pensar.

4 Responses to “Einstein Esteve Aqui”

  1. Laura Pfau says:

    Nada de domo de cobre coberto de patina… Ops.

  2. John says:

    Os nomes “Einstein” e “Feyman” dispensam comentários. Mas, na minha humilde opinião, o físico da teoria dos quanta tinha uma paixão extraordinária e inigualável pela ciência. O ânimo com que ele explicava os fenômenos da natureza era capaz de instilar a vontade de compreendê-la melhor em qualquer um que o escutasse. Daí fica evidente o diferencial dos gênios, que também consiste nessa capacidade de sintetizar coisas que, de outro modo, levariam horas de uma árdua exposição até tornarem-se claras.

    • Oi John,

      De fato é notório que genialidade para entender como o mundo funciona não se traduz necessária ou automaticamente em genialidade em instilar entusiasmo ou compreensão nos outros… aliás não é raro que grandes gênios científicos sejam introvertidos e pouco comunicativos ao ponto de darem péssimos professores… isso se observa de forma particularmente dramática por vezes nos cursos a nível de pós-graduação nas universidades ao redor do mundo… :-)

      Saudações,
      Sergio

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