Comments on: Chantagem Emocional .././ Porque só o indivíduo tem consciência Sat, 06 Aug 2011 02:00:55 +0000 hourly 1 http://wordpress.org/?v=3.1.3 By: Sergio de Biasi .././comment-page-1/#comment-20566 Sergio de Biasi Tue, 26 Jul 2011 01:27:45 +0000 ../../../../.././?p=2582#comment-20566 Ok, sobre a escolha entre (1), (2) ou (3) no primeiro parágrafo, a minha posição pessoal é none of the above. Coloquemos assim : o que vale para mim tem que valer pro outro também. Então se por um lado numa relacão saudável a felicidade do outro é sim a meu ver em parte minha responsabilidade, o reverso também vale. A minha suposição é de que ambos temos a capacidade de fornecer com um custo administrável coisas que sem a nossa ajuda teriam para o outro custo muitíssimo maior ou mesmo seriam impossíveis de obter. Claro que se o custo for inadministrável para qualquer um dos dois então só resta mesmo a opção (1). Mas o projeto é tentar encontrar uma forma de ambos terem colaborativamente suas necessidades satisfeitas de uma forma que nenhum dos dois esteja fazendo algo inadministrável. Então seria o caso de ambos sentarem e honestamente conversarem sobre suas necessidades e ambos cederem o suficiente para que seja possível chegar a um plano viável. Claro que um pré-requisito para isso fazer qualquer sentido é haver honestidade e confiança - assim como autoconhecimento e maturidade - suficientes para cada um entender minimamente do que precisa, o que é capaz de dar, e ser franco sobre isso. Então para fazer referências às opções apresentadas, seria uma espécie de compromisso negociado e voluntário e mutuamente benéfico - se isso for possível - entre (2) e (3). Note, e eu quero deixar isso abundantemente claro - é um contrato. Ninguém "tem" que fazer nada, e apelar para a ética ou a moralidade ou a tradição para dizer que o outro tem a "obrigação" de fazer qualquer coisa, para "exigir" que o outro faça qualquer coisa, é como abordar uma pessoa aleatória "exigir" que ela venda seus sapatos para você. Não interessa você argumentar que está oferecendo um preço justo ou mesmo vantajoso; é prerrogativa livre da pessoa concordar ou não. Agora veja, isso é como eu acho que deveria ser. Eu concordo plenamente que a maioria absoluta das pessoas faz (3) sem muita - ou nenhuma - hesitação, e então a relação se baseia em "como eu posso melhor forçar / manipular / chantagear o outro para que ele me dê o que eu quero comigo dando o mínimo possível em troca". Eu afirmo que mesmo fatorando ressalvas éticas, esse é um modelo idiota e subótimo para se relacionar com os outros. Mas aí é o <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Prisoner%27s_dilemma" rel="nofollow">dilema do prisioneiro</a> : precisamente porque esse modelo é subótimo e imbecil e seria totalmente absurdo segui-lo, você pode esperar que o outro *não* vá segui-lo, logo você pode esperar que o outro se importe com seu bem estar, logo <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Tragedy_of_the_commons" rel="nofollow">a estratégia racional é ser egoísta</a> porque só um idiota não o seria - mas se todos o forem é vantajoso ser a exceção. Então todos resolvem ser a exceção e caímos numa solução absurdamente subótima na qual *todos* são muito mais infelizes do que se fossem um pouco menos egoístas. Sobre o que você diz no segundo parágrafo, bem, é como a máscara de oxigênio no avião - primeiro você precisa conseguir respirar para depois poder ajudar qualquer um. Até aí concordo. Porém meu ponto é que não raro as trocas entre agentes são da seguinte natureza. Eu faço algo por você que para mim custa x mas que para você tem benefício 10x. Então nesta troca em particular eu cedi, e perdi, e não ganhei nada. Eu perdi x e você ganhou 10x. Mas numa relação continuada de confiança mútua, mais adiante possivelmente surgirá uma situação na qual o reverso será verdade : surgirá a oportunidade para um troca que terá para você custo x e que para mim terá benefício 10x. Claro, evidentemente que se eu não puder arcar com custo x e isso for me destruir, não é uma opção. Mas se for administrável arcar com esse custo, então esse é um excelente INVESTIMENTO para ambos. Pensar cegamente "ah, mas eu estou perdendo x e você está ganhando 10x, então não vou fazer" é totalmente míope. Claro, nem todas as pessoas são capazes de fazer trocas desse tipo com você de forma mútua, e eu não estou defendendo que um dos lados fique repetidamente perdendo x e o outro ganhando 10x "porque afinal de contas não custa nada pra você". Mas esperar que fazer a felicidade do outro sempre passe por no mesmo processo e imediatamente fazer algo que vá te deixar feliz é perder enormes oportunidades para benefício mútuo. Então isso vale MESMO quando existe oposição - desde que exsta lucro líquido. A idéia de que "eu só vou fazer o que eu quiser" é como querer que o sujeito do McDonald's ache lindo fazer sanduíches para você e esteja cozinhando porque te servir é maravilhoso e não porque você esteja dando dinheiro. E ficar revoltado por "bleh, ele deveria me dar um sanduíche porque eu estou com fome e não porque eu estou pagando". De certa forma a minha visão é ainda mais pragmática e realista do que a sua. :-) Tipo, vamos falar sério. :-) Eu quero x, você tem x. Você quer y, eu tenho y. Eu não quero te dar y. Você não quer me dar x. Mas por outro lado se eu quero x muito mais do que você não quer me dar x e se você quer y muito mais do que eu não quero te dar y, então nós dois combinamos voluntariamente você me dá x e eu te dou y e ambos saem mais felizes do que antes. Se fechar em "mas eu não quero dar x" é míope. Colocar ideologia no meio e achar que está sendo oprimido porque não está fazendo o que quer é jogar fora toda a idéia de mercado. Sobre o terceiro parágrafo, pois é, eu estou dizendo justamente que a solução gulosa freqüentemente não é a globalmente ótima, mesmo que possa ser localmente a mais racional do ponto de vista de cada agente. Isso é precisamente o ponto do dilema do prisioneiro. E eu acho que relações de longo prazo fazem sentido como um projeto colaborativo em comum com vantagens objetivas e não como uma missão mística a ser preservada a todo custo. Sobre o quarto parágrafo, eu não acho que seja psicopático considerar seriamente a sua própria felicidade como parte da equação. Isso é perfeitamente legítimo, e é a parte do objetivismo com a qual eu concordo. O problema não é ter auto-estima ou querer se preservar; o problema vem quando isso é a única coisa que você está tentando fazer e o bem estar dos outros passa a ser irrelevante quando não tem qualquer impacto sobre o seu. Isso sim eu chamo de psicopático. Sobre como colaborar para atingir a felicidade alheia, bolas, é claro que isso é complexo, e aprender a fazer isso de forma remotamente competente exige muita comunicação e convivência e diálogo. Daí a relevância das relações de longo prazo. Agora, meu ponto é que alguém que se deu ao trabalho de deliberadamente buscar aprender a fazer você feliz - e que evidentemente tenha os recursos e a competência para tanto - tem o potencial de atingir esse objetivo MUITO melhor e muito mais consistentemente do que uma pessoa escolhida aleatoriamente para uma relação superficial. Interessa aos dois embarcar num projeto deste tipo. Mas sem choraminguelas do tipo "ah eu não quero fazer x". É claro que não quer, assim como você não quer dar 50 mil dólares para o dono da concessionária. O que você de fato quer é o seu carro esporte. Tá, talvez você não TENHA 50 mil dólares para dar, aí é outra questão. Mas se você tiver, e em troca for receber algo que para você vale 200 mil, então ficar se achando oprimido por estar dando 50 mil é ridículo. Naturalmente que para que isso funcione é preciso estar com alguém que possa e saiba te dar coisas de grande valor e não um fusca. O que novamente nos leva à questão de que ambos se darem ao trabalho de figure out como fazer o outro feliz (ao invés de cada um simplesmente fazer cegamente o que quer e só se der sorte de combinar) é uma estratégia muito mais próxima do ótimo. Hehe na verdade a sua opinião é que é hippie comparada com a minha. :-) Você está dizendo que cada um faz o que quer e se interessar aos outros, ótimo, se não, azar. Eu estou dizendo que faz sentido sair do meu caminho pra fazer algo que de fato deliberadamente interesse aos outros porque com isso conseguirei obter um retorno muito maior para o meu investimento. :-) Quanto ao quinto parágrafo, sim, claro, eu conheço a história. Claro, isso não é modelo de como fazer as coisas. Cada um saiu fazendo o que aleatoriamente achava que ia fazer o outro feliz, sem haver diálogo nem planejamento conjunto. Tem que ser realmente um ato de cumplicidade e um contrato - algo negociado e conversado, e não sacrifícios aleatórios. E absolutamente ninguém tem mesmo que ser "dono" de ninguém, não mais do que digamos o seu senhorio ou o seu chefe no trabalho é seu dono. Você entrou num acordo voluntário que teoricamente é benéfico para ambos. Se você aceita restrições específicas à sua liberdade - como de fato aceita ao por exemplo aceitar um emprego - tem que ser porque claramente na sua mente isso te interessa e talvez no somatório até mesmo aumente a sua liberdade ou te dê acesso a coisas que de outra forma não teria acesso. Ficar reclamando que seu senhorio está te oprimindo porque quer receber o aluguel é ridículo. Agora, claor, tem que ser um contrato negociado para benefício de ambos e não um sacrifício ritual aleatório no altar do pseudoaltruísmo autovitimizante. Sobre o último parágrafo, eu acho o seguinte. Minha tese é de que uma relação na qual os dois juntos concebem um plano administrável e sempre em aperfeiçoamento para ceder organizadamente e negociadamente de forma a maximizar o lucro total é potencialmente MUITO melhor do que cada um fazer só o que quer e se calhar de coincidir ótimo. PORÉM por vezes pode ser o caso de que as necessidades dos dois sejam incompatíveis e inconciliáveis e um não tenha recursos para de forma administrável dar o que o outro precisa. E de fato é muito complexo decidir quando chegou a hora de desistir de tentar coisas aleatórias para "ver se agora dá certo". Mas com certeza não acho que seja um dever moral de nenhum casal ficar tentando eternamente custe o que custar aprender a fazer o outro feliz. Por vezes não dá mesmo, e não tem o que fazer. Não acho que devam diante disso passar o resto da vida torturando um ao outro. Infelizmente quanto maior o investimento já feito, mais complexo é deixar tudo para trás. Então vezes demais as pessoas escolhem <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/To_be,_or_not_to_be" rel="nofollow">rather bear those ills we have than fly to others that we know not of</a>. Saudações, Sergio Ok, sobre a escolha entre (1), (2) ou (3) no primeiro parágrafo, a minha posição pessoal é none of the above. Coloquemos assim : o que vale para mim tem que valer pro outro também. Então se por um lado numa relacão saudável a felicidade do outro é sim a meu ver em parte minha responsabilidade, o reverso também vale. A minha suposição é de que ambos temos a capacidade de fornecer com um custo administrável coisas que sem a nossa ajuda teriam para o outro custo muitíssimo maior ou mesmo seriam impossíveis de obter. Claro que se o custo for inadministrável para qualquer um dos dois então só resta mesmo a opção (1). Mas o projeto é tentar encontrar uma forma de ambos terem colaborativamente suas necessidades satisfeitas de uma forma que nenhum dos dois esteja fazendo algo inadministrável. Então seria o caso de ambos sentarem e honestamente conversarem sobre suas necessidades e ambos cederem o suficiente para que seja possível chegar a um plano viável. Claro que um pré-requisito para isso fazer qualquer sentido é haver honestidade e confiança – assim como autoconhecimento e maturidade – suficientes para cada um entender minimamente do que precisa, o que é capaz de dar, e ser franco sobre isso. Então para fazer referências às opções apresentadas, seria uma espécie de compromisso negociado e voluntário e mutuamente benéfico – se isso for possível – entre (2) e (3).

Note, e eu quero deixar isso abundantemente claro – é um contrato. Ninguém “tem” que fazer nada, e apelar para a ética ou a moralidade ou a tradição para dizer que o outro tem a “obrigação” de fazer qualquer coisa, para “exigir” que o outro faça qualquer coisa, é como abordar uma pessoa aleatória “exigir” que ela venda seus sapatos para você. Não interessa você argumentar que está oferecendo um preço justo ou mesmo vantajoso; é prerrogativa livre da pessoa concordar ou não.

Agora veja, isso é como eu acho que deveria ser. Eu concordo plenamente que a maioria absoluta das pessoas faz (3) sem muita – ou nenhuma – hesitação, e então a relação se baseia em “como eu posso melhor forçar / manipular / chantagear o outro para que ele me dê o que eu quero comigo dando o mínimo possível em troca”. Eu afirmo que mesmo fatorando ressalvas éticas, esse é um modelo idiota e subótimo para se relacionar com os outros. Mas aí é o dilema do prisioneiro : precisamente porque esse modelo é subótimo e imbecil e seria totalmente absurdo segui-lo, você pode esperar que o outro *não* vá segui-lo, logo você pode esperar que o outro se importe com seu bem estar, logo a estratégia racional é ser egoísta porque só um idiota não o seria – mas se todos o forem é vantajoso ser a exceção. Então todos resolvem ser a exceção e caímos numa solução absurdamente subótima na qual *todos* são muito mais infelizes do que se fossem um pouco menos egoístas.

Sobre o que você diz no segundo parágrafo, bem, é como a máscara de oxigênio no avião – primeiro você precisa conseguir respirar para depois poder ajudar qualquer um. Até aí concordo. Porém meu ponto é que não raro as trocas entre agentes são da seguinte natureza. Eu faço algo por você que para mim custa x mas que para você tem benefício 10x. Então nesta troca em particular eu cedi, e perdi, e não ganhei nada. Eu perdi x e você ganhou 10x. Mas numa relação continuada de confiança mútua, mais adiante possivelmente surgirá uma situação na qual o reverso será verdade : surgirá a oportunidade para um troca que terá para você custo x e que para mim terá benefício 10x. Claro, evidentemente que se eu não puder arcar com custo x e isso for me destruir, não é uma opção. Mas se for administrável arcar com esse custo, então esse é um excelente INVESTIMENTO para ambos. Pensar cegamente “ah, mas eu estou perdendo x e você está ganhando 10x, então não vou fazer” é totalmente míope. Claro, nem todas as pessoas são capazes de fazer trocas desse tipo com você de forma mútua, e eu não estou defendendo que um dos lados fique repetidamente perdendo x e o outro ganhando 10x “porque afinal de contas não custa nada pra você”. Mas esperar que fazer a felicidade do outro sempre passe por no mesmo processo e imediatamente fazer algo que vá te deixar feliz é perder enormes oportunidades para benefício mútuo. Então isso vale MESMO quando existe oposição – desde que exsta lucro líquido. A idéia de que “eu só vou fazer o que eu quiser” é como querer que o sujeito do McDonald’s ache lindo fazer sanduíches para você e esteja cozinhando porque te servir é maravilhoso e não porque você esteja dando dinheiro. E ficar revoltado por “bleh, ele deveria me dar um sanduíche porque eu estou com fome e não porque eu estou pagando”. De certa forma a minha visão é ainda mais pragmática e realista do que a sua. :-) Tipo, vamos falar sério. :-) Eu quero x, você tem x. Você quer y, eu tenho y. Eu não quero te dar y. Você não quer me dar x. Mas por outro lado se eu quero x muito mais do que você não quer me dar x e se você quer y muito mais do que eu não quero te dar y, então nós dois combinamos voluntariamente você me dá x e eu te dou y e ambos saem mais felizes do que antes. Se fechar em “mas eu não quero dar x” é míope. Colocar ideologia no meio e achar que está sendo oprimido porque não está fazendo o que quer é jogar fora toda a idéia de mercado.

Sobre o terceiro parágrafo, pois é, eu estou dizendo justamente que a solução gulosa freqüentemente não é a globalmente ótima, mesmo que possa ser localmente a mais racional do ponto de vista de cada agente. Isso é precisamente o ponto do dilema do prisioneiro. E eu acho que relações de longo prazo fazem sentido como um projeto colaborativo em comum com vantagens objetivas e não como uma missão mística a ser preservada a todo custo.

Sobre o quarto parágrafo, eu não acho que seja psicopático considerar seriamente a sua própria felicidade como parte da equação. Isso é perfeitamente legítimo, e é a parte do objetivismo com a qual eu concordo. O problema não é ter auto-estima ou querer se preservar; o problema vem quando isso é a única coisa que você está tentando fazer e o bem estar dos outros passa a ser irrelevante quando não tem qualquer impacto sobre o seu. Isso sim eu chamo de psicopático. Sobre como colaborar para atingir a felicidade alheia, bolas, é claro que isso é complexo, e aprender a fazer isso de forma remotamente competente exige muita comunicação e convivência e diálogo. Daí a relevância das relações de longo prazo. Agora, meu ponto é que alguém que se deu ao trabalho de deliberadamente buscar aprender a fazer você feliz – e que evidentemente tenha os recursos e a competência para tanto – tem o potencial de atingir esse objetivo MUITO melhor e muito mais consistentemente do que uma pessoa escolhida aleatoriamente para uma relação superficial. Interessa aos dois embarcar num projeto deste tipo. Mas sem choraminguelas do tipo “ah eu não quero fazer x”. É claro que não quer, assim como você não quer dar 50 mil dólares para o dono da concessionária. O que você de fato quer é o seu carro esporte. Tá, talvez você não TENHA 50 mil dólares para dar, aí é outra questão. Mas se você tiver, e em troca for receber algo que para você vale 200 mil, então ficar se achando oprimido por estar dando 50 mil é ridículo. Naturalmente que para que isso funcione é preciso estar com alguém que possa e saiba te dar coisas de grande valor e não um fusca. O que novamente nos leva à questão de que ambos se darem ao trabalho de figure out como fazer o outro feliz (ao invés de cada um simplesmente fazer cegamente o que quer e só se der sorte de combinar) é uma estratégia muito mais próxima do ótimo. Hehe na verdade a sua opinião é que é hippie comparada com a minha. :-) Você está dizendo que cada um faz o que quer e se interessar aos outros, ótimo, se não, azar. Eu estou dizendo que faz sentido sair do meu caminho pra fazer algo que de fato deliberadamente interesse aos outros porque com isso conseguirei obter um retorno muito maior para o meu investimento. :-)

Quanto ao quinto parágrafo, sim, claro, eu conheço a história. Claro, isso não é modelo de como fazer as coisas. Cada um saiu fazendo o que aleatoriamente achava que ia fazer o outro feliz, sem haver diálogo nem planejamento conjunto. Tem que ser realmente um ato de cumplicidade e um contrato – algo negociado e conversado, e não sacrifícios aleatórios. E absolutamente ninguém tem mesmo que ser “dono” de ninguém, não mais do que digamos o seu senhorio ou o seu chefe no trabalho é seu dono. Você entrou num acordo voluntário que teoricamente é benéfico para ambos. Se você aceita restrições específicas à sua liberdade – como de fato aceita ao por exemplo aceitar um emprego – tem que ser porque claramente na sua mente isso te interessa e talvez no somatório até mesmo aumente a sua liberdade ou te dê acesso a coisas que de outra forma não teria acesso. Ficar reclamando que seu senhorio está te oprimindo porque quer receber o aluguel é ridículo. Agora, claor, tem que ser um contrato negociado para benefício de ambos e não um sacrifício ritual aleatório no altar do pseudoaltruísmo autovitimizante.

Sobre o último parágrafo, eu acho o seguinte. Minha tese é de que uma relação na qual os dois juntos concebem um plano administrável e sempre em aperfeiçoamento para ceder organizadamente e negociadamente de forma a maximizar o lucro total é potencialmente MUITO melhor do que cada um fazer só o que quer e se calhar de coincidir ótimo. PORÉM por vezes pode ser o caso de que as necessidades dos dois sejam incompatíveis e inconciliáveis e um não tenha recursos para de forma administrável dar o que o outro precisa. E de fato é muito complexo decidir quando chegou a hora de desistir de tentar coisas aleatórias para “ver se agora dá certo”. Mas com certeza não acho que seja um dever moral de nenhum casal ficar tentando eternamente custe o que custar aprender a fazer o outro feliz. Por vezes não dá mesmo, e não tem o que fazer. Não acho que devam diante disso passar o resto da vida torturando um ao outro. Infelizmente quanto maior o investimento já feito, mais complexo é deixar tudo para trás. Então vezes demais as pessoas escolhem rather bear those ills we have than fly to others that we know not of.

Saudações,
Sergio

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By: Juliana .././comment-page-1/#comment-20551 Juliana Mon, 25 Jul 2011 15:19:34 +0000 ../../../../.././?p=2582#comment-20551 Eu concordo em grande parte com o que você disse sobre psicanalistas, mas paro por aí. De resto, não entendo bem qual é a sua posição. Se você acha que a felicidade dos outros *é* sua responsabilidade, então você acha que, por exemplo, um homem ao perceber que sua esposa tem necessidades contraditórias às dele deve (1) ir embora (2) ceder às necessidades dela ou (3) exigir que ela ceda às dele? A última é a mais egoísta, e infelizmente, a meu ver, é a que a maioria das pessoas costuma seguir. Eu tenho uma outra opinião sobre se a felicidade dos outros é minha responsabilidade ou não. Se eu não estou feliz, eu não sou capaz de proporcionar felicidade a ninguém. Ter alguém te servindo que claramente está infeliz com aquilo não agrada a *ninguém*. Então, pode até ser que seja minha responsabilidade, mas os *meios* que eu tenho para cumprir esta responsabilidade passam por garantir a minha própria felicidade. Buscar a minha e buscar a do outro não estão em oposição - ainda bem! Basta eu me livrar da angústia interna de resolver o momentâneo, de usar a solução gulosa que otimize a felicidade da pessoa que está do meu lado aqui e agora, mas sem me preocupar se isso se sustenta a longo prazo. Me livrando disso, eu posso pensar em soluções mais robustas para a *minha* felicidade, que a longo prazo terminam inevitavelmente por maximizar a felicidade dos outros também. Pode ser que a princípio cause algum desconforto a alguém. Mas é preciso se desprender desse fato e mirar no futuro um pouquinho mais longe, onde você é uma pessoa melhor, e capaz de fazer mais bem do que é hoje. Você coloca as coisas muito em preto e branco. Considerar a sua própria felicidade primordialmente não é psicopatia; é a única coisa que você pode fazer. O único critério que você tem. Você não está qualificado para saber o que é melhor para outra pessoa. Já é complicado o suficiente saber o que é melhor para si mesmo. Eu sei que isso é um clichê, mas você conhece aquela história da mulher que vendeu o cabelo para comprar uma corrente para o relógio do marido e ele vendeu o relógio para comprar uma escova para o cabelo dela. Isso é o que acontece quando as duas pessoas vivem pensando na felicidade do outro antes de na própria. Ninguém fica feliz de verdade. E este é o *melhor caso*. O pior é quando uma pessoa pensa "eu primeiro" e a outra pensa "você primeiro". Esse é o tipo de relação sugadora que tantas pessoas têm, onde um efetivamente é dono do outro. Em vista disso, eu acho perfeitamente razoável concluir que a única escolha saudável é ambos pensarem "eu primeiro" e lidar com o fato de que nem todas as pessoas são compatíveis com todas as outras. Às vezes, por mais que a gente quisesse ficar com uma determinada pessoa, o certo é se separar, mesmo, e não ficar fazendo mais e mais concessões para "ver se agora dá certo". Eu concordo em grande parte com o que você disse sobre psicanalistas, mas paro por aí. De resto, não entendo bem qual é a sua posição. Se você acha que a felicidade dos outros *é* sua responsabilidade, então você acha que, por exemplo, um homem ao perceber que sua esposa tem necessidades contraditórias às dele deve (1) ir embora (2) ceder às necessidades dela ou (3) exigir que ela ceda às dele? A última é a mais egoísta, e infelizmente, a meu ver, é a que a maioria das pessoas costuma seguir.

Eu tenho uma outra opinião sobre se a felicidade dos outros é minha responsabilidade ou não. Se eu não estou feliz, eu não sou capaz de proporcionar felicidade a ninguém. Ter alguém te servindo que claramente está infeliz com aquilo não agrada a *ninguém*. Então, pode até ser que seja minha responsabilidade, mas os *meios* que eu tenho para cumprir esta responsabilidade passam por garantir a minha própria felicidade. Buscar a minha e buscar a do outro não estão em oposição – ainda bem!

Basta eu me livrar da angústia interna de resolver o momentâneo, de usar a solução gulosa que otimize a felicidade da pessoa que está do meu lado aqui e agora, mas sem me preocupar se isso se sustenta a longo prazo. Me livrando disso, eu posso pensar em soluções mais robustas para a *minha* felicidade, que a longo prazo terminam inevitavelmente por maximizar a felicidade dos outros também. Pode ser que a princípio cause algum desconforto a alguém. Mas é preciso se desprender desse fato e mirar no futuro um pouquinho mais longe, onde você é uma pessoa melhor, e capaz de fazer mais bem do que é hoje.

Você coloca as coisas muito em preto e branco. Considerar a sua própria felicidade primordialmente não é psicopatia; é a única coisa que você pode fazer. O único critério que você tem. Você não está qualificado para saber o que é melhor para outra pessoa. Já é complicado o suficiente saber o que é melhor para si mesmo.

Eu sei que isso é um clichê, mas você conhece aquela história da mulher que vendeu o cabelo para comprar uma corrente para o relógio do marido e ele vendeu o relógio para comprar uma escova para o cabelo dela. Isso é o que acontece quando as duas pessoas vivem pensando na felicidade do outro antes de na própria. Ninguém fica feliz de verdade. E este é o *melhor caso*. O pior é quando uma pessoa pensa “eu primeiro” e a outra pensa “você primeiro”. Esse é o tipo de relação sugadora que tantas pessoas têm, onde um efetivamente é dono do outro.

Em vista disso, eu acho perfeitamente razoável concluir que a única escolha saudável é ambos pensarem “eu primeiro” e lidar com o fato de que nem todas as pessoas são compatíveis com todas as outras. Às vezes, por mais que a gente quisesse ficar com uma determinada pessoa, o certo é se separar, mesmo, e não ficar fazendo mais e mais concessões para “ver se agora dá certo”.

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