Estou escrevendo este texto para chamar atenção a um fato que aparentemente tem passado despercebido para uma parte dos leitores: o Pedro não sou eu e eu não sou o Pedro. (Aliás, adicionalmente, nenhum dos dois é o Álvaro, embora essa confusão não esteja acontecendo recentemente.)
Para quem chegou agora, ou no último ano ou dois, este jornal, tornado website, tornado weblog, que em breve completa uma década de existência, foi fundado por nós três e mais um quarto cidadão que contribuiu somente para a nossa edição inaugural para logo em seguida afastar-se. Passamos por diferentes apresentações, ênfases e fases, mas em espírito sempre continuamos uma trindade: Pedro, Sergio e Álvaro.
Inicialmente, nossa presença na internet foi estabelecida e gerenciada por mim mesmo, numa época em que o acesso à rede não era nem de longe tão disseminado. Trabalhávamos basicamente juntos e num formato ainda em processo de amadurecimento. Após algum tempo nesse papel, passei a tocha para o Álvaro, o qual administrou o site com notável constância e dedicação durante anos, estabelecendo um formato padronizado e tornando-se também o principal autor à época. Seguindo-se a essa era, e ao término de um hiato no qual o número de atualizações se reduzira bastante, Pedro acho por bem chamar para si a tarefa de revitalizar O Indivíduo, e promoveu uma grande revolução em seu formato, conteúdo e dinâmica. Passou ele então a ser o principal e constante autor, e como tal foi progressivamente inclinando-se para o assunto de literatura e poesia. Em todas as fases os três (e em alguns momentos até mesmo outros, a convite) contribuíram, mesmo que por vezes esporadicamente. A tendência, contudo, foi a de repetidamente haver um autor marcadamente mais prolífico que os outros dois.
Os leitores mais recentes do site, portanto, vêm acompanhando há um bom tempo uma seqüência composta quase que exclusivamente de artigos do Pedro, e naturalmente passaram a associar o site unicamente à pessoa do Pedro – no que estão em excelentes mãos, diga-se de passagem. Porém, uma das características mais fundamentais de O Indivíduo, verdadeiramente o motivo que nos levou a escolher esse nome e tomar as initiativas que tomamos, sempre foi justamente apresentar visões discordantes da unanimidade, idéias divergentes com o poder de fazer pensar, mas principal e fundamentalmente idéias individuais, isto é, sem o compromisso implícito ou explícito de se conformarem a qualquer linha editorial, ideologia, partido político ou sistema institucionalizado de valores. Idéias que expressassem o pensamento original de seus autores, dirigidas não a uma classe, grupo, ou coletividade, mas diretamente a outras pessoas pensantes.
Assim sendo, é natural que os artigos escritos por mim contrastem com os escritos pelo Pedro. Na verdade é não só natural como central a sermos pessoas diferentes, com identidades próprias e personalidades distintas. Reclamações ou indignação sobre o fato de que o que um diz se contrapõe ao que o outro diz ignoram por sua própria conta o fato de que evitar isso nunca foi um objetivo.
Entre vários exemplos que eu poderia dar, Pedro é convictamente católico, eu sou convictamente ateu. Não existe qualquer tentativa de conciliar as duas visões. A síntese deverá ser feita na mente dos leitores, de acordo com seus critérios.
Outro exemplo de assunto sobre o qual discordamos é com relação a qual política seguir quanto a comentários aos artigos postados no site. O Pedro é favorável a não publicar comentários, ponto final. Já eu acredito em permitir comentários, mas moderá-los substancialmente. Novamente, cada um segue sua política em seus próprios artigos, e dessa forma nenhuma unanimidade artificial é imposta, criada ou desejada. Ao contrário, a dissonância entre estilos é conseqüência natural do que se aqui pretende.