Tanja Krämer e a Assombrosa Falta de Autocrítica

December 30th, 2009 by Sergio de Biasi

Tanja olhando meio de lado
pra evitar o espelho

Eis que uma tal de Tanja Krämer resolve novamente escrever sobre mim.

Ela já havia escrito antes, mas este texto dela era tão constrangedoramente superficial e oco de qualquer coisa que parecesse um argumento que nem deu vontade de comentar qualquer coisa. O tipo de texto que certas pessoas escrevem quando acham que estão tão absolutamente certas que isso as isenta de dizer qualquer coisa consistente sobre o assunto – o que ironicamente tende a acontecer precisamente quando elas têm tão poucos argumentos que a solução é atacar o interlocutor ao invés de suas idéias. Achar que o meu texto tivesse qualquer coisa a ver com “eu me basto”, ou com egoísmo, ou com narcisismo, quando o próprio trecho que ela mesma cita (!) diz explicitamente que nós precisamos fazer as pazes com o fato de que há coisas que só o outro pode ser, e nós não, demonstra algo que beira o analfabetismo funcional (ou desonestidade patológica, não que sejam mutuamente excludentes).

Mas então, eis que tomada de revolta com a “porralouquice” do que digo, resolve escrever novamente, desta vez ainda mais explicitamente sobre mim, que ela absolutamente desconhece, mas que aparentemente supõe conhecer através de interpretações, digamos, imaginosas dos meus textos.

Refutar as coisas que ela fantasiou sobre mim seria uma bobagem para todos os envolvidos.

Refutar o que ela escreveu sobre o que eu escrevi já fica um pouco mais relevante, mas não muito, dado o grau de obtusidade (ou desonestidade) com que o texto foi lido.

Ora vejamos, eu escrevo que

Os homens, por outro lado, querem gastar quase zero de tempo e esforço em cuidar de sua aparência, em serem socialmente aptos, em serem atraentes, em ficar tentando entender o que poderia tornar sua imagem mais sexy. E ao mesmo tempo, seu primeiro e mais prioritário interesse é ter acesso a sexo. Agora me digam, como e em que termos pretendem ter acesso a sexo com essa atitude? O leitor pode tirar suas próprias conclusões.

E mais adiante escrevo ainda que

o homem médio provê serviços afetivos absolutamente medíocres às suas parceiras. Age de forma quase autista e não faz qualquer esboço de tentativa de aprender como agradá-las emocionalmente, ou mesmo de entender quais são as suas necessidades; em geral, inclusive, legítimas e profundas necessidades psicológicas de suas parceiras são tratadas como inconvenientes a serem tanto quanto possível contornados ou ignorados.

Disto ela conclui que

Na verdade, ele [o texto] é um produto para homens ressentidos que não conseguem namorar quem eles querem. Claro, a culpa nunca é deles. No caso, é do sistema malvadinho.

Ironicamente, parcialmente ela tem razão : é para eles também. Ó homens ressentidos do mundo, que acham que não têm qualquer responsabilidade em causar seus próprios infortúnios, e que se sentem tentados a dizer que “a culpa é do sistema” : leiam o que escrevi acima e acordem.

Agora, dos trechos acima deduzir que eu estou apoiando essa cegueira? Er, não.

Ocorre que o texto como um todo também é para as mulheres ressentidas do mundo, que acham que todos os seus problemas, de relacionamento ou não, são culpa dos homens. E dessa crítica dona Tanja não gostou nem um pouco. Que audácia, a minha, dizer certas coisas!

Que tal então apontar fatos que contradigam o que eu escrevi? Explicar como algumas das questões que eu levantei não são reais, não correspondem a como as coisas efetivamente ocorrem? Discutir pontos específicos do que eu de fato disse (ao invés de o que ela psicografou) e refutá-los se achar que pode?

Mas não, não. O “argumento” de dona Tanja se resume a “ele é o Power Ranger verde”. E se ele critica a intolerância histérica com qualquer coisa, naturalmente só pode ser porque secretamente quer justificar seus próprios vícios e falhas.

E é ai que a coisa começa a ficar interessante. Como crítica ao que eu escrevi, é só um festival de infantilidades. Mas como instrumento de retórica, começa a valer a pena comentar.

Então vejamos, ela cita um texto que escrevi sobre prostituição. Deixo claro no texto e reitero aqui que não vejo absolutamente qualquer problema moral com prostituição, e que pelo contrário, vejo problemas de várias ordens em criminalizá-la, e defendo que fazê-lo provavelmente causa bem mais mal do que bem à sociedade. Conclusão final aliás igual à qual chega (embora não pelos mesmos caminhos)… São Tomás de Aquino. Pelo raciocínio Tanjático, “Como não concluir que São Tomás de Aquino está advogando em causa própria?”. Ele só pode mesmo ser um perdedor total que se deu ao trabalho de enrolar com um monte de blábláblá sobre teologia quando na verdade o que ele queria mesmo era pegar umas putas.

Essa é uma das estratégias retóricas mais antigas do mundo, e é impressionante como o tempo passa e as pessoas continuam a usá-la. Impressionante mas não surpreendente, já que para certos segmentos da platéia continua tendo lá seu efeito, nem que seja de desviar a atenção do que não se quer ver discutido.

Vai na direção genérica do que disse (acho) Millôr Fernandes traduzindo Arthur Bloch :

1. Se os fatos estão contra você, conteste a lei
2. Se a lei está contra você, conteste os fatos
3. Se os fatos e a lei estão contra você, berre histericamente

Então é como quando um político resolve fazer campanha para acabar com as tolas e perniciosas leis anti-drogas e então tem que enfrentar “acusações” de ser um drogado. É como quando alguém expressa a opinião de que abortos não deveriam ser ilegais e então tem que ficar ouvindo “acusações” de ser “a favor” do aborto. É como quando um menino nos EUA decide que não vai recitar o juramento de fidelidade à bandeira americana até que realmente haja liberdade e justiça para todos, incluindo os gays, e então tem que ficar ouvindo “acusações” de ser gay.


10-Year-Old Who Refuses to Say ‘Pledge of Allegiance’
Until Gays Have Full Equality

É como quando os liberais clássicos anunciam que são a favor da manutenção da propriedade privada dos grandes meios de produção e então têm que ouvir “acusações” de que eles querem mesmo é que os pobres morram. É como quando certas pessoas se colocam contra a ação afirmativa… para então terem que ficar ouvindo “acusações” de na verdade serem racistas.

Então vai dar em “Dawkins é burrão” e “Rousseau não pegava ninguém, haha!”. Esse tipo de reação é tola e superficial, mas quase sempre é muito pior do que isso : é desonesta e manipulativa, e costuma indicar a total inexistência de (ou incapacidade de articular) argumentos reais. Se os fatos e a lei estão contra você, berre histericamente.

***************

Só pra completar, sobre o natal : não, dona Tanja, não é uma festa religiosa. É uma festa pagã que comemora o solstício de inverno, que já era comemorada muito antes da cristandade existir, e que muito provavelmente continuará sendo comemorada por muito tempo depois da cristandade ir parar nos livros de história. Evidentemente é muito mais fácil se apropriar de algo que já existe e dizer que foi você que inventou do que convencer todo mundo a mudar seus costumes. Então que beleza, vamos dizer que o dia de ano novo é o aniversário da data em que Moisés achou suas ceroulas perdidas e agora temos uma nova festa religiosa comemorada por bilhões.


Mensagem de natal

Ou opcionalmente podemos acreditar nisso aqui :

A Criancinha-Deus é o pão do céu. O Natal é a nossa salvação, quando as trevas se dobraram ao Menino-Deus (nosso pão do céu).

Realmente é patético o que a religião faz com as pessoas. Leva elas a escreverem coisas delirantes como essa, para então ser usada como desculpa esfarrapada para justificar dizerem com todas as palavras que “Intolerância Implacável é a Verdadeira Bondade” enquanto citam “1984″. George Orwell aplaudiria de pé.

14 Responses to “Tanja Krämer e a Assombrosa Falta de Autocrítica”

  1. Ana Beatriz says:

    Oi Sérgio,
    eu me solidarizo com você e acho mesmo muito chato que as pessoas tenham que baixar o nível das discussões assim. Fica dificil discutir opiniões se as pessoas simplesmente passam por cima dos argumentos e preferem tirar conclusões sobre a vida dos outros. Imagino essa moça largando um livro de Kierkegaard antes da terceira página : “já entendi tudo, ele era um mal amado e não pegava ninguém”.
    Não sei mesmo porque ela ficou tão zangada, pois o seu texto realmente não mostrava só o lado dos homens, ao contrário daquele em que você defendia a prostituição (argh!). E mesmo em relação àquele, é possível discordar dele sem ficar atacando a sua vida pessoal, que só interessa a você e aos seus íntimos. Eu, por exemplo, sou contra o aborto (e não por razões religiosas) e conheço várias pessoas que são a favor. Agora imagine se, no meio de uma discussão, eu começar a gritar e chamar meu interlocutor de assassino? Civilidade, por favor! Aliás, ser favorável ao aborto não quer dizer que a pessoa já tenha feito ou mesmo que eu possa perguntar isso sem ser indiscreta.
    Tudo isso touxe à baila algo em que penso frequentemente; acho que as pessoas estão perdendo a capacidade de conversar. Muitas vezes os amigos saem juntos e só falam de assuntos sobre os quais concordam. Quando surege uma mínima divergência de opinião e parece que a coisa vai ficar divertida, mudam de assunto. É uma forma de solidão.
    Até mais!
    Ana Beatriz

    • Oi Ana,

      Pois é, é impressionante a freqüência com que ao invés de discutir idéias as pessoas vão logo pro lado pessoal. Como estratégia deliberada de manipular o público é só (não que seja pouco) desonesto, mas fazer isso acreditando que está abafando é muita falta de autocrítica.

      Sobre ela ignorar completamente as coisas que falei sobre os homens, realmente, é impressionante.

      Sobre o texto relacionado com prostituição, bem, o tema é realmente bastante polêmico, mas pelo ponto de vista das mulheres, eu acho o seguinte : quem defende que prostituição é degradante não pode razoavelmente achar que vai consertar isso PUNINDO quem supostamente é a vítima. Seria como defender que escravidão é degradante e então ao descobrir uma fazenda que usa trabalho escravo alegar isso para mandar todo mundo pra cadeia, inclusive os escravos. Não faz sentido. E se não é degradante para a mulher, então o foco do “problema” seria mesmo o lado do homem. O qual procura a prostituta voluntariamente e dificilmente se pode argumentar que esteja sendo “oprimido”. Então seja como for, eu acho que a posição da mulher na questão da prostituição feminina é bem menos complicada que a do homem – a minha posição é que punir as mulheres por se prostituírem é simplemente ridículo e opressivo.

      Sobre o aborto, existe aí algo que é quase sempre muito mal colocado. Ser contra a criminalização do aborto não significa ser “a favor” do aborto. Eu não conheço ninguém que seja “a favor” do aborto, no sentido de achar que o aborto seja um ato meritório e lindo que deve ser realizado tantas vezes quanto possível. Da mesma forma, ser contra a criminalização das drogas não significa ser a favor das drogas. Significa apenas defender que a forma certa de lidar com a questão não é mandando pessoas pra cadeia. É perfeitamente possível ser radicalmente contra o aborto, assim como radicalmente contra o uso de drogas, e mesmo assim não achar que nenhum dos dois deva ser crime.

      Agora, claro que além disso, como você colocou, não ver qualquer problema com homossexualismo, ou com uso de drogas, ou com aborto, ou com prostituição, etc, não significa automaticamente que a pessoa seja ou faça nenhuma dessas coisas. Saltar imediatamente da defesa de qualquer posição sobre moral ou comportamento humano em geral para a suposição automática de que no fundo a pessoa só pode mesmo é estar tentando se autojustificar é ridículo.

      Sobre as pessoas estarem perdendo a capacidade de conversar, sim, sim, sim, concordo plenamente, eu sinto a mesma coisa! A noção de que seja possivel debater idéias e no processo ambos os lados ouvirem sinceramente os argumentos do outro parece que se perdeu.

      Saudações,
      Sergio

      • Claudio says:

        Concordo com quase tudo, menos a questão como se coloca o aborto que, entendo, ficou meio binária como se fosse possível condenar absolutamente o aborto (exemplo: risco de morte para a mãe) ou aprovar incondicionalmente o aborto (exemplo: late term abortion).

        Não vejo como alguém pode condenar alguém por fazer um aborto quando sua vida está em sério risco. O código penal de vários países contemplam essa situação.

        Do mesmo jeito, não vejo como não criminalizar o aborto de um feto de 8 meses (exceto no caso de risco de morte para a mãe). Não consigo imaginar nenhuma linha de raciocínio que justifique tal ato e não o considere criminoso. Aliás, se não me engano, alguns estados americanos permitem o aborto mas se uma grávida for assassinada, o réu responde por duplo homicídio. Não precisa ser gênio para ver o absurdo disso.

        Feliz 2010!

        • Oi Claudio,

          Eu não disse que eu achava rázoável condenar absolutamente o aborto, apenas que algumas pessoas o fazem e mesmo assim não acham que deva ser crime. :-) Meu ponto era apenas que “ser a favor de legalidade do aborto” e “ser a favor do aborto” são duas questões bem separadas. Mas claro, tem todo um espectro de posições intermediárias em ambas as questões. Agora, note, existem de fato países que sob a influência do fundamentalismo católico proíbem por lei o aborto até mesmo no caso de risco de vida para a mãe. :-P

          Eu pessoalmente acho que é evidentemente besteira chamar um óvulo recém fecundado sequer de “ser humano”, e que por outro lado é uma posição razoável argumentar que um feto de 8 meses já o seja. A questão é onde está a transição, e aí como em muitos outros casos (maioridade penal, etc) não há uma resposta “certa”, muito menos uma “científica”. Qualquer escolha será mais ou menos arbitrária mesmo, mas temos que fazer alguma.

          Saudações e feliz 2010,
          Sergio

  2. Paloma says:

    É evidentemente fã ou amiga do Sette-Câmara e te odeia, vide a quantidade de elogios a ele no blog dela. Sendo assim, tudo faz sentido, ela pegou para si as dores da pessoa que adora, como boa macaca-de-auditório

  3. O Gato Dourado says:

    Mas o Dawkins é burrão realmente. É constrangedor.

  4. Bdelykleon says:

    No post antigo você diz “as credenciais acadêmicas do Dawkins” e quais são, cara pálida? Ele não é um cientista em nenhum sentido possível do termo. No máximo um divulgador de ciência, é essa a posição que ele ocupa em Oxford e é só isso que ele sabe fazer. Além de tudo, ele fala de coisas sobre as quais ele não tem a mínima idéia e o mínimo estudo, e quando você vai ver a bibliografia é coisa como: Wikipedia, Catholic Encyclopedia… Burro ele não é porque consegue persuadir alguns muitos, mas é extremamente ignorante daquilo a que ele se propõe a falar, eu li o “the god delusion” e fiquei constrangido.

    • No post antigo você diz “as credenciais acadêmicas do Dawkins” e quais são, cara pálida? Ele não é um cientista em nenhum sentido possível do termo.

      Ceerrrrto, então ele não é cientista por “nenhum sentido possível do termo”. Essa é uma afirmação *extremamente* delirante e desinformada. Aliás, é difícil pensar em alguma interpretação da palavra “cientista” que ele *não* satisfaça.

      Pois senão vejamos. Ele fez graduação em zoologia em nada menos que o Balliol College para então conseguir seu mestrado e seu doutorado sob novamente nada menos que o etólogo ganhador de prêmio Nobel Nikolaas Tinbergen na Universidade de Oxford, na qual permaneceu como assistente de pesquisa por mais um ano. É absolutamente quase impossível ter credenciais melhores que essas em termos de formação.

      Então ele se tornou professor assistente de zoologia em nada menos que Berkeley. Eventualmente ele voltou a Oxford, e depois de 20 anos de pesquisa e publicações científicas, que incluíram papers na Science e na Nature, diversos livros de grande impacto que não só divulgaram ciência mas que também introduziram ou extenderam algumas idéias importantes em sua área, foi então promovido a Reader, algo reservado na Inglaterra para aqueles com reconhecida reputação internacional na área acadêmica. Então como pesquisador, como professor, como autor, como membro ativo da comunidade acadêmica com uma carreira reconhecida, por qualquer critério ele é um cientista.

      Finalmente, ele é fellow da Royal Society e ganhador de uma respeitável lista de prêmios e doutorados honorarios derivados de sua reputação e impacto tanto como cientista quanto como escritor. Então além de ter todas as credenciais adequadas e de ter tido uma longa carreira acadêmica, além de tudo ele é amplamente, inequivocamente, universalmente e abundantemente reconhecido e prestigiado como cientista.

      Não que nada disso prove (como já posso prever que alguém toscamente vá querer rebater) que tudo que ele diz seja certo ou alguma bobagem deste tipo. Isso evidentemente não é o caso nem eu estou dizendo que seja. Mas querer dizer que “ele não é um cientista”, isso é simplesmente patético e não dá sequer para levar a sério. Quem afirma isso é que não tem a menor noção do que está falando.

      • Bdelykleon says:

        Na verdade tenho sim.
        Você ainda não respondeu o que tem de científico o posto que ele ocupa desde 1995, um posto cujo financiamento ele mesmo conseguiu. Além disso, a carreira de publicação do Dawkins em sua área (zoologia) é bem pouco frutífera, 15 artigos científicos, o resto é uma forma de filosofia. A carreira acadêmica não é propriamente gloriosa, “assistant professor” não é professor assistente, mas algo próximo a professor substituto, ele nunca conseguiu ser “professor” de Oxford, foi “lecturer” e “reader”, que não são cargos elevados, mas sim inferiores ao posto de “professor”. Daí ele inventou esse cadeira de “compreensão pública da ciência” e virou “professor”, mas aí de uma coisa bem discutível.

        Portanto não é nada de absurdo dizer que ele não é um cientista: um acadêmico de pouco brilho em sua área, mas que conseguiu fama e destaque como um intelectual. Apesar de ele se dizer cientista, boa parte das suas obras se qualifica como aquilo que se chama de “divulgação científica”.

        • Em primeiro lugar, dar aula e divulgar ciência é sim uma atividade perfeitamente razoável e adequada para um cientista. Não sei por que você acha que ele seria “mais” cientista se desse aula de Cálculo 1 do que ocupando o cargo que ocupou. Se isso fosse *tudo* que ele fez, de fato haveria um argumento para dizer que ele não é realmente um cientista, mas absolutamente não é o caso de Dawkins, como extensamente documentado e citado. É como dizer “Veja só, Einstein trabalhava no escritório de patentes quando publicou a teoria da relatividade especial, logo não era um cientista”. Ridículo.

          E dizer que Dawkins publicou “apenas” quinze artigos em jornais científicos relevantes é outro argumento completamente ridículo. É como dizer que um sujeito não é músico porque compôs “apenas” 15 sonatas. Além disso, teorizar seriamente sobre evolução e etologia certamente também é uma atividade científica. Cientista não é só o sujeito que pega o telescópio, é também o sujeito que senta e fica pensando.

          E sobre a carreira de Dawkins como pesquisador não ter revolucionado a ciência (e eu não vejo ninguém afirmando que tenha revolucionado, não vejo por que a insistência em refutar algo que ninguém está defendendo), esse também é um argumento muito pobre para dizer que ele não é um cientista, especialmente para dizer que ele “não é um cientista em nenhum sentido possível do termo”. A maioria absoluta dos cientistas não revolucionam a ciência, eles defendem sua tese de doutorado (a qual para ser aceita já tem que ser considerada como uma contribuição original à ciência), publicam lá uns artigos científicos periodicamente, dão suas aulas e pronto. Ganhar prêmio nobel é para muito poucos. O resto não deixa de ser cientista por causa disso.

          Enfim, dizer que Dawkins “não é um cientista” é simplesmente ridiculo e patético, é como querer dizer que Glauber Rocha não foi “realmente” um cineasta porque fez “apenas” 9 filmes e nunca ganhou um Oscar.

          • Bdelykleon says:

            Meu filho, 15 artigos é uma produção insignificante para as hard sciences.

            • Bdelykleon says:

              Meu filho, 15 artigos é uma produção insignificante para as hard sciences.

              Para alguém com tanta arrogância, sua incapacidade de distinguir o que está sendo argumentado é embaraçosa.

              Eu nunca disse que Dawkins teve uma produção maciça de artigos em jornais científicos. O que eu disse foi que é absolutamente ridículo afirmar que ele “não é um cientista”.

              Agora, se você pessoalmente não é fã de Dawkins, seja como cientista, seja como intelectual num sentido mais amplo, ótimo, direito seu. Mas isso não faz com que ele deixe de ser um cientista. Just deal with it.

  5. Marcelo Camanho says:

    Cara, para ela ter gasto esse tempo todo para criticar alguém que nem conhece, simplesmente a partir de um texto que obviamente não entendeu, deve ser porque você tocou em alguma ferida seriíssima da pobre coitada…

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